SOBRE A CORTADORA DE PICLES
Meu amigo Tanajura,
Conta prá ninguém não.
Não gosto de ser exibido,
Nem de muita falação,
Mas sou eu de quem tu fala,
O "Autor Desconhecido".
Eu bolei essa piada
Há muitos anos atrás
E publiquei a danada,
Na Usina em "Humor".
Pois não é que a desgraçada
Pela mão de Satanás
Transbordou pela Internet
E assim, sem tirar nem pôr
Ela hoje está espalhada
Até onde a vista alcança.
No entanto, teu cordel
Deu mais brilho a esta piada
Tanto que ao lê-lo dei
Outras tantas gargalhadas.
Mas segue aqui pro amigo
A original versão
desta que brilhantemente
Te serviu de inspiração:
COMPULSÃO
Tenho um amigo engenheiro que me contou um estranho caso que lhe aconteceu:
Ele trabalhava há anos em uma fábrica de conservas e, um dia, confessou à mulher que estava possuído por uma terrível compulsão:
a vontade incontrolável de colocar o pênis na cortadora de picles. Espantada, a esposa do meu amigo sugeriu que procurasse um psicólogo, mas ele relutou, prometendo que iria pensar no assunto. Foi enrolando,enrolando, enrolando e chateando a esposa com aquele assunto, até que ela um dia falou:
-Então coloca esse negócio na cortadora de picles, o problema será seu.
Um certo dia, ele chegou em casa cabisbaixo, profundamente abatido:
-O que foi que aconteceu, querido? - perguntou-lhe a mulher preparando-se para o pior.
-Lembra-se de minha compulsão de enfiar o pênis na cortadora de picles?
-Oh, não! - gritou a mulher, você fez isso??
-Sim, eu fiz!
-Meu Deus, o que aconteceu? - perguntou ela, vendo que ele não estava ferido.
-Fui despedido... - respondeu meu amigo.
-Mas, e ... a cortadora de picles?
-Ela foi despedida também!
[J. B. Xavier]
Amigo meu, Xavier
não é que fui escrevendo,
assim como quem não quer
e novo cordel foi nascendo?
Já conhecia a piada
desde os idos dos cinqüenta
dava muita gargalhada
mesmo nos anos sessenta
A internet danada
fez renascê-la de novo
numa mensagem apressada
veio-me nova como um ovo
Já pensei ter esquecido
da cortadeira arretada
mas o "Autor Desconhecido"
deu a ela uma guinada
Sabendo de sua autoria
peço licença primeiro
pra dar ao mundo alegria
em trajes de cavalheiro
O Fiuza, que é da lira
também se pronunciou,
disse que a Thais Lira
aqui no Usina botou
uma parecida história
ocorrida em tempos idos
Assim rendemos a glória
aos Autores Desconhecidos
[Fernando Tanajura]
E viva a Grande Rede,
Onde nada é de ninguém!
Mas, sendo eu Psicólogo,
lá pelos idos sessenta
(note bem, não é cinquenta)
Quando ainda eu voava
Pelos ares do Tio Sam,
Precisei de uma estória,
Que retratasse a malsã
Cabeça de um desvairado.
E inventei o coitado
Da tal fábrica de picles.
Era uma estória estranha
Que eu contava aos pacientes
Nos tempos em que eu servia
Na portentosa Alemanha.
A estória se espalhou
E a conselho dos amigos
De Norte a Sul,
Leste a Oeste,
Acabou por ser publicada
Pela revista "Das Beste"
Mas o tempo foi passando
E o louco daquela fábrica
também foi se apagando.
Até que um dia reunindo
Os velhos rabiscos achei
A velha piada e de pronto
Na Usina a publiquei.
Mas penso ter sido tarde,
E já que um entra e outro sai,
Constatei que a tal piada
Já tinha mais que um pai...
Mas o importante mesmo,
É bom que eu frise isto bem,
É que, ao virar cordel,
Que fazes como ninguém,
Viraste um menestrel,
Renovando-lhe o brilho.
Portanto, não importa que o filho
Tenha tais paternidades,
E nem haverá vaidades
Que resista à beleza
De ver assim, no papel,
A grande delicadeza
Que botaste em teu cordel.
[J. B. Xavier]
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