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Cronicas-->A Minuta e o Mundo de Rodrigo III -- 26/09/2002 - 22:01 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A Minuta e o Mundo do Rodrigo III
(por Domingos Oliveira Medeiros)

Não deu para esperar. A fome era grande. As pessoas nem podiam raciocinar direito. Na sexta-feira, do último final de semana, todos os parceiros se reuniram em torna da mesa redonda. Para contar histórias do além. De cadáver. De cemitério. De ossadas de elefantes. Coisas do mundo de Rodrigo. E de seus amigos mais próximos. Ou de seus admiradores. Como queiram. Ayra, Bruno, Kilandra e Klaus.

Um conto maldito. Ou seria um quarteto infinito? De número XII. Assim mesmo, em romanos. Lembrei-me do Imperador. O que ateou fogo em Roma. O Nero. Este mesmo. Amante da luxúria e da gula. Tão italiano como o Contrera. Não nos hábitos. Mas portadores de genes do mesmo solo.

Nero, aquele que comia sempre nos dois sentidos. Não de frente nem de costa. Não se tratava de nenhum simpatizante da causa de cores rosa e outros coloridos. Na luxúria, empanturrava-se de carne. Muito mal passada. Quase crua. Carne viva. Da cor do vinho que o embebia e o fazia sentir-se bem. Acomodado. E talvez por isso avesso às mudanças. Só aceitava mudanças de posição. Na cama. No chão. Com ou sem tapete. E quando a fome apertava, lá se ia ele correndo.

Para comer sua minuta. Aquela minuta de restaurante. O prato feito. Aquela que se prepara na hora em que se pede. Na hora em que a outra fome aperta. Logo depois da outra comida. E que se come também pela boca. Em algumas situações especiais. No bacanal, por exemplo. Onde o assunto preferido é sempre o sexo.

O sexo como símbolo de liberdade. Como se liberdade fosse a prisão sexual. Prisão de insegurança máxima, talvez. A rotina normal. O caminho natural. O enfoque geral. A minuta sem igual. Este era o quadro de detritos. Quadro que ninguém via. Mas que temiam. Visto pelo lado do avesso. Pois o quadro que se via era o quadro que fedia. Não cheirava bem. Quadro de que todos desconfiavam. Que pudesse alterar a vida de todos. Bastava só que gostassem do quadro. Mas eles nem olhavam para ele. O quadro. Nem para eles. Por dentro que fosse.

Talvez por ser um quadro surrealista. Futurista demais para quem gosta, apenas, de sexo. Muito embora, pela gula com que falavam de sexo, acredito que eles, a bem da verdade, já eram amantes e surrealistas práticos. Herdeiros do surreal. Pois falavam de desejos. De pernas abertas em todos os raios de ação. De braços enrolados uns nos outros. Abraçados. Apaixonados. Com mãos por todos os lados. E seios grandes pendurados. Despertando desejos. Aos esfomeados. E eternamente insatisfeitos. No caminho da obesidade sexual. Obesidade mórbida.

No mundo de Rodrigo é assim. Tal como na mesa redonda de número doze. Reunidos em torno do Rodrigo. Doze apóstolos. Fiéis apenas onze. O Domingos seria o traidor. O que se vendeu ao patrocínio por algumas moedas. Moedas que foram recebidas na alta do dólar. Quando o risco-Brasil ainda estava baixo. Antes, portanto das eleições. Das eleições para síndico da Usina. Cargo que o Domingos ocupou durante algum tempo. Mas que não foi muito bem compreendido no seu trabalho de manter o espaço sempre limpo. Evitando reuniões até altas horas da noite. Em que todos diziam o que queriam. Trocavam insultos. Gritavam e soltavam palavrões. Uma falsa liberdade. Onde está hoje a liberdade? Para onde foi o síndico? Tim Maia, de onde ele estiver, saberá dizê-lo. O síndico tirou uma férias. Também é de carne e osso. E precisa descansar. O síndico está dando um tempo. E resolveu mudar.

Domingos oliveira Medeiros
26 de setembro de 2002
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