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Artigos-->VIOLÊNCIA - TRAUMAS -- 01/03/2013 - 11:23 (edson pereira bueno leal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


VIOLÊNCIA TRAUMAS



 



Edson Pereira Bueno Leal, março de 2013.



 



As pessoas vítimas de violência apresentam um quadro psicológico denominado estresse pós-traumático. Depois da dor surgem os sonhos , os pavores noturnos , o medo de sair à rua , e principalmente o medo de sofrer de novo a mesma situação . Em alguns casos os temores são reforçados por fatores externos, por exemplo, as ameaças contra quem decide levar um caso á polícia.



No estresse pós-traumático, a vítima não consegue reintegrar as memórias da violência à memória normal , segundo o psicólogo Berbard Rangé , professor da UFRJ. Um dos casos atendidos por Rangé é o de um sequestrado que foi mantido vendado e obrigado a andar encurvado, como se estivesse em um cômodo de teto baixo. Depois de libertado, não conseguia retomar a postura normal. (F S P 26.5.97, p. 3-1).



Levantamento conduzido pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com 3.000 pacientes mostrou que o assalto é a situação mais comum associada à doença nas capitais do país. Os tratamentos, que consistem no uso de ansiolíticos, antidepressivos e sessões de psicoterapia curam uma minoria. “A cada cem doentes, apenas vinte se veem livres dos sintomas definitivamente”, diz o psiquiatra Marcelo Feijó de Mello, da Unifesp. “Na maioria das vezes, o objetivo da terapia é fazer com que o paciente passe a conviver com os sintomas, de forma que eles atrapalhem o mínimo possível a sua rotina.” (Revista Veja, 25.07.2012, p. 90).



Outro dado assustador e concreto do aumento da violência é o fato de que os acidentes com armas de fogo passaram a ser a principal causa de lesão medular, acidente que deixa pessoas paraplégicas e tetraplégicas de modo irreversível. Segundo dados da Associação de Assistência à Criança Deficiente em 1985 as armas de fogo eram responsáveis por 25% dos casos e em 2001 passaram a representar 46% dos casos enquanto que os acidentes de trânsito caíram de 45 para 30% no mesmo período. Nos países desenvolvidos os casos mais comuns ocorrem por acidentes de trânsito e quedas e no Brasil, estão ocorrendo por balas perdidas e troca de tiros muitas vezes por motivo fútil. O tratamento dos casos de medula além de altamente especializado é muito caro. Sem considerar a cirurgia, o custo mensal no início de um tratamento é de R$ 15.000 e cerca de 30% dos pacientes ficam tetraplégicos, ou seja, imobilizados do pescoço para baixo. (F S P 25.05.2002, p. C-3). 



Em 2001 foram realizada 350.000 cirurgias plásticas no Brasil. Em 1994 cerca de 20% das cirurgias eram reparadoras. Em 2001 este percentual aumentou para 50%%. Ou seja, aumentou acentuadamente o número de pessoas que procuram os hospitais para restaurar orelhas e dedos decepados, barrigas perfuradas a tiro e cortadas a faca, pés e mãos esmagados em desastre de carro. Portanto a escalada da violência de modo geral apresenta sua consequência mais grave que são as mortes e as mutilações e esta realidade concreta reflete-se nas estatísticas. (Veja, 12.06.2002, p. 94).



Segundo o psiquiatra Eduardo Ferreira Santos, coordenador do Gorip – Grupo Operativo de Resgate da Integridade Física, no Hospital das Clínicas de São Paulo, após análise de 51 casos, “qualitativamente a vítima de sequestro vive o que o neurótico de guerra vive, que é a ameaça permanente de estar morto, de amortecimento”. Para o sequestrado a situação ainda é pior, pois para ele a “guerra” não tem fim, pois a cada esquina tem uma pessoa que pode sequestrá-la novamente. Os sobreviventes de sequestro desenvolvem um medo que a psicoterapia não consegue tirar.



É o “medo de ser sequestrado de novo. Eles dizem: ‘ Agora eu já sei como é e não quero passar por isso de novo ‘“. Este medo permanece “pelo menos em 90%. Em menor grau, alguns que tinham estresse psíquico, passaram a ter estresse somático, ou seja, dor de estômago e outros sintomas”.  



O sequestro relâmpago, muito comum nas grandes cidades causa trauma semelhante, isto por que “o sequestro relâmpago é muito intenso, concentrado em um curto espaço de tempo. A vítima vive momentos sob intenso bombardeio psicológico. ‘Vou te matar, vou te cortar um pedaço, vou te estuprar ‘“. (F S P 19.04.2004, p. A-12).



Estudo feito no Hospital das Clínicas de São Paulo, com 81 ex-reféns chegou à mesma conclusão. O trauma é o mesmo, tanto faz se tratar de sequestro tradicional como de sequestro relâmpago.  Os sintomas do transtorno de estresse pós-traumático são: dificuldade de sono, ansiedade, problemas de memória e atenção, hiperatividade, dificuldade de convívio social, paranoia de perseguição e falsos reconhecimentos do sequestrador. Os sintomas podem aparecer até cinco anos depois do fato e o tratamento é feito com terapia breve. (F S P 29.12.2005, p. C-1). 



Estudo “Vítimas Ocultas da Violência no Município do Rio de Janeiro”, feito pelo Prof. Gláucio Soares da Universidade Cândido Mendes, que ouviu em 2003 e 2004, 690 pessoas que perderam parentes ou amigos por morte violenta mostra que a violência produziu vítimas ocultas nos levantamentos estatísticos de criminalidade.



Segundo o estudo, por exemplo, as pessoas que fizeram reconhecimento do corpo de um familiar ou de um amigo morto violentamente têm o dobro de chances do que aqueles que não viram, de ter reações físicas pesadas – como diarreia, enjoo, vômitos, dores de cabeça, entre outras , quando se lembram da morte , mesmo que tenha ocorrido há vários anos.



Cerca de 40% das pessoas que fizeram reconhecimento de um corpo tem visões noturnas do mesmo, sem querer, contra apenas 17% daqueles que não viram. O trauma ajuda a desmistificar a ideia de que ver o corpo ajuda a “fechar” o evento e abre espaço para o reinício da vida. Uma situação que agrava muito o quadro é que muitos são obrigados a continuar vivendo nos mesmos ambientes que os assassinos, que em muitos casos, como em favelas sequer se preocupam em se esconder, continuando a fazer o que faziam antes, e os parentes e amigos dos mortos dão de cara com eles com certa frequência. (F S P 28.09.2004, p. C-4).



 



ABUSO SEXUAL EM CRIANÇAS



 



Um dos crimes mais sérios envolvendo crianças é o abuso sexual. Pesquisa feita pela OAB em processos de 1988 a 1992, concluiu que 13% das denúncias de maus tratos à criança referiam-se a situações de abuso sexual.



O abuso sexual, diferentemente de um assalto ou crime convencional normalmente é praticado por uma pessoa especial, muito próxima da criança, em quem ela confia e gosta.  Outra pesquisa mostra que 62% dos casos de abuso sexual ocorrem dentro da família, sendo as meninas as principais vítimas, cerca de 83% dos casos. Os maiores agressores são pais ou padrastos, cerca de 50% das ocorrências. . Tios e parentes 12% dos casos e vizinhos e amigos, cerca de 38%%.



Segundo o psiquiatra Cláudio Cohen, o que define o abuso sexual, não é o ato em si, que na maioria das vezes dispensa a relação sexual completa entre o adulto e a criança, mas a intenção com que ele é praticado.



Quem comete abuso sexual em geral é um homem tímido, aparentemente incapaz de maltratar uma mosca, desprovido de agressividade no trato social, sem iniciativa. É uma pessoa tão incapaz que não consegue sequer recorrer a prostitutas. O complexo de inferioridade é tal que só conseguem exercer um mínimo de sedução e autoridade diante de meninos e meninas.



Do ponto de vista penal é um crime difícil de ser provado, principalmente quando não deixa marcas físicas. O abusador defende-se dizendo que só estava fazendo carinho e fica a palavra da criança contra a dele.



Estudo realizado pelo pesquisador Robert Barry da Universidade de Colúmbia , em 1985 , com base em registros da polícia americana conclui que 70% dos casos de abuso se repetem sucessivamente ao longo de apenas um ano. Há casos nunca descobertos pela família. Em outros os pais acovardam-se, recusando a aceitar a verdade e em muitos casos as mulheres protegem seus maridos.



O drama dos abusos não fica restrito aos episódios em si, mas pode acompanhar as vítimas ao longo da vida. As meninas podem tornar-se medrosas, dependentes e tímidas, tendo dificuldades para relacionar-se com homens e os meninos podem tornar-se agressores.    (Veja, 31.01.96, p. 76-82).



 



PROTEÇÃO A TESTEMUNHAS



 



Problema gravíssimo no combate à criminalidade no Brasil é a proteção a testemunhas.  Wagner dos Santos, sobrevivente da chacina da Calendária é um dos que estava no lugar errado, na hora errada. Desde a chacina, em menos de três anos, teve nove endereços e levou seis tiros.



Para sobreviver foi levado para a Suíça, com passagens e bolsas fornecidas por organizações não governamentais.



O governo americano gasta US$ 53 milhões por ano com a proteção a depoentes ameaçados. Na Itália o Ministério da Justiça dá segurança a 1.300 pessoas que fizeram denúncias contra a Máfia. Mesmo os programas de proteção não garantem uma segurança plena. Por exemplo, Tommaso Buscetta que denunciou seus companheiros da Máfia teve sua vida preservada, mas seu irmão, dois filhos, um genro e um sobrinho foram assassinados.



Nos EUA, esconder uma pessoa e toda a sua família, dar-lhe uma nova identidade e conseguir lhe um novo emprego é uma operação difícil e cara, ao custo de em média US$ 100.000, por ano, por pessoa.



Jadir dos Santos, sobrevivente da chacina de Vigário Geral em agosto de 1993 afirmava que “a única proteção que tenho é meu São Jorge e minha Nossa Senhora”. (Revista Veja 29.11.95, p. 88-91).



  


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