MANTRA
Elane Tomich
Olhos semicerrados,
Sinto teu toque rendado
Tua mão de gesto antigo
Passeia pelo perigo
De um prazer desnutrido
Por secura de emoção
Numa dor de afeição
Uma lágima tardia
Por mortos que não são teus,
Anuncia guerra fria,
Entre teus sins e os meus.
Pois quando tu dizes não,
Sei que o sentido é quero,
Diz-me a maior fatia
Do teu querer de bolero.
__Escutas meu coração?
Teu coração bate e canta
Numa forte prece em mantra...
Carinhos semicerrados
Sob teus olhos rendados
Prece que anuncia,
Lágrima cortante e fria
Uma batida tardia,
Parando a nossa canção.
Olhos semicerrados,
Lábios meus sejam lavados
Pela fonte que cicia
Em tua força que abre
Minhas pétalas macias
Em tua língua de sabre...
Lá no fundo do terreiro,
Batidas de pés certeiros...
O que tu queres e eu quero
É um mantra de bolero!
|