Usina de Letras
Usina de Letras
153 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62073 )

Cartas ( 21333)

Contos (13257)

Cordel (10446)

Cronicas (22535)

Discursos (3237)

Ensaios - (10301)

Erótico (13562)

Frases (50480)

Humor (20016)

Infantil (5407)

Infanto Juvenil (4744)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140761)

Redação (3296)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6163)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Ensaios-->AINDA AS CANTIGAS DE RUA -- 22/06/2009 - 09:30 (Mirian de Sales Oliveira da Rocha) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



AINDA AS CANTIGAS DE RUA!...
Não só de cantigas de amor e louvação vive a musa das ruas. As canções de crítica e protesto,geralmente virulentas, também se fazem presentes.Criticava -se tudo:moça namoradeira,casada safada,políticos incompetentes,figuras esdrúxulas,corrupção,não sobrava nada.
A musa renovou-se, reciclou-se,deixou o conforto do palácio dos reis e foi para as calçadas,os becos,os lupanares,os lugares de má fama,embebedou-se,”caiu na vida”,como se dizia neste início de século.Teve como pai Gregório de Matos, avô ,Bocage,parentes múltiplos,saídos do anonimato das chombregas,perdeu-se e achou-se no seu linguajar ferino.Venceu!Até hoje está aí,espicaçando os malandros.
Comecemos pelo imposto cobrado aos artesãos,no princípio do século:
Sapateiro já não pode
Bater sola sossegado
Se não selar as botinas
Catapuz! Teje multado.

A peste bubônica assustou muita gente:
Os ratos fazem qui,qui
As pulgas pulam daqui
Prá ali,dali praqui,daqui prali
Os gatos fazem miau
Quem inventou a bubônica
Merece morrer a pau.
Os tempos são os mesmos; basta trocar os bichos por mosquito,porco etc...
Esta é filosófica:
Vai o rico para a cova,
O pobre para a carneira;
Mas, ao fim de cinco anos
Ao abrir a salgadeira
Quer do pobre, quer do rico
Só há ossos e caveira!
O versinho genial cai como uma luva nos políticos:
Há no mundo papagaios
Que falam todos os dias
E nunca sofrem desmaios
Comendo grossas maquias.
Estes são de Pernambuco,
Falam muito, são mitrados;
Eu falei, mas,fui maluco
Logo paguei meus pecados.
Nem as ruas escapavam da língua do povo:
Vista Alegre é rua morta
A Formosa é feia e braba
A rua Direita é torta
A do sabão não se lava...
A rua Direita devia ter muito fofoqueiro; preste atenção nos versinhos:
Adeus,ó Rua Direita
Ò rua da murmuração
Onde se faz audiência,
Sem juiz, nem escrivão.
Na luta para impor a vacina, Osvaldo Cruz foi a bola da vez:
As pobres mães choravam
Gritando por Jesus;
O culpado disto tudo
É o tal do Osvaldo Cruz!
Versejador pobre tinha que se virar:
Dê-me um tostão pelo verso
Que minha crise é tirana...
Se não tens dinheiro, aceito
Uma penca de banana!
Olha, era melhor que hoje,onde a gente escreve,escreve e só ganha...uma banana!
A musa das ruas pode ser durona, mas,acerta sempre:
Não gosto de vê diploma
Nem tombém de vê ané;
Todo sujeito sacana
É doto ou coroné.
Bem,há muito que escrever,muito o que contar;ainda não falei da missa a metade...
Vou terminar com um versinho que resume tudo:
O autor dessa modinha
É um pobre sem dinheiro
Vou já declarar o nome:
Sou o povo brasileiro.

Fontes:João do Rio,Câmara Cascudo e Tomé Cabral.

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui