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Ensaios-->Educação: Estaca zero -- 22/05/2009 - 08:37 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Estaca zero.

Vania Leal Cintra

É onde nos hoje encontramos.

Embora o fato de nos preocuparmos muito com aquilo que definimos como problemas não signifique que os estejamos tentando resolver, ou que os possamos resolver, a quem se preocupa poderá interessar a notícia (e a introdução à notícia) que nos diz: 'Primeiro ano proibido para menores de 6 anos - Muitas crianças terão que repetir uma série para se adequar à nova regra, que entra em vigor em 2010'.

Difícil é entender a troco de quê uma criança que vá bem na Escola deva repetir. Terá ela alguma culpa a purgar por ter nascido em ano “errado”? Seus pais, porventura, a terão? A cabecinha dela estará errada? E seria esta uma forma correta de 'democratizar' o ensino, pois oferece a todos as “mesmas condições” e permite a todos as 'mesmas oportunidades' ?

Não. Isso é apenas uma estupidez sem tamanho. Mais uma, em nosso sistema de ensino. E deveria horrorizar qualquer animal bem intencionado, por mais animal que fosse.

Crianças, adolescentes e adultos deverão enfrentar uma reprovação sempre que houver uma necessidade de fato, necessidade essa que eles próprios manifestem, que tenha sido causada por sua desatenção ou seu pouco caso com relação às responsabilidades que lhes foram exigidas, ou quando demonstrarem qualquer deficiência particular que os impeça de acompanhar o ritmo do grupo em que antes se colocavam — ou seja, quando resta claro que não responderam satisfatoriamente ao que lhes foi dado a conhecer, não assimilaram convenientemente o que deveriam ter assimilado e não poderão suportar um acréscimo ao volume de conhecimentos e práticas acumulados que lhes será exigido caso avancem. Devem, assim, “repetir” — e, “repetindo”, deverão gozar de especial atenção e ser bem orientados — caso contrário serão prejudicados e prejudicarão todo e qualquer grupo.

No processo de formação da personalidade do indivíduo e no de sua inserção no meio social, que são processos progressivos e paralelos, uma reprovação, ou seja, a exigência de que se submeta à repetição de conteúdos e procedimentos já conhecidos e presumivelmente já superados (e são as notas de um boletim o que nos dizem isso), é algo que deve ser avaliado com muito cuidado e muita seriedade. A repetição não poderá ser imposta à toa, nem mesmo poderá ser imposta como se fosse um castigo, sob pena de não promover qualquer recuperação. Menos ainda, sendo desnecessária, atendendo apenas aos fricotes e caprichos de imbecis que sejam responsáveis por Ministérios ou Secretarias de Governo, poderá ser imposta para rebaixar alguém de uma condição intelectual diferenciada que, por seus próprios méritos e/ou por ter bem aproveitado oportunidades de saber que lhe foram oferecidas, ele apresente.

Então, por que razão uma resolução do MEC determina que todos devam nivelar-se aos que tiveram menor contato com os saberes? Nossos currículos escolares, os conteúdos que nos impõem e nossos critérios de ingresso e de avaliação escolar são, de tal maneira, deficientes, que bem nos permitem apenas desconfiar de que essa norma estúpida se inclua em processos bem mais amplos que nos deverão levar a que todos se nivelem aos que menos saibam, menos possam, menos queiram e menos façam, nacional e internacionalmente.

A reprovação deve ser traduzida como uma nova chance que se oferece ao indivíduo para que ele supere dificuldades e possa ser reavaliado (e, por favor, disso tudo, não entendamos como sendo merecedor de repetir sua gestão o indivíduo raso que apresente um desempenho medíocre no cargo de Presidente da República, Senador, Deputado, Ministro de Estado...). Mesmo assim, no caso das crianças, principalmente das crianças em idade tenra, as causas para que a dificuldade esteja ocorrendo deverão ser investigadas cuidadosamente. Pois é nada fácil compreender a cabeça de uma criança. E mais difícil ainda será bem interpretar suas reações.

Lembro-me de um colega, em meu curso primário, que, apesar de, às vezes, demonstrar ser muito esperto, destacava-se mais pela molecagem compulsiva, tornando-se por vezes literalmente repulsivo, que por suas boas notas. Achávamos todos que ele era meio tolo. Hoje, suspeito de que ele nos considerasse, todos, inclusive a professora, como perfeitos idiotas. Seus interesses bem poderiam ser outros, mais amplos, mais complexos. Possivelmente por isso não se interessasse por coisa alguma em sala de aula, não conseguisse se integrar e partisse para uma atitude agressiva. Nem todos nós somos cordatos sob a pressão de uma adversidade.

Vivi, eu mesma, problema desse tipo com minha filha. Aos 5 anos, desde sempre grudada em minhas pernas, ela já falava perfeitamente, tinha um bom vocabulário, sabia ler, escrever e fazer pequenas contas. E outras muitas coisinhas mais que demonstravam muita coordenação e habilidade manual, como desenhar, por exemplo. Era uma criança atenta e delicada. Ao ser matriculada em uma Escola recomendadíssima, em Curitiba, ninguém se preocupou com verificar qual seria sua bagagem intelectual e seu potencial. E, porque assim 'deveria ser', foi levada à sala do pré.

Apesar de ser sozinha, filha única, não manifestava prazer algum em ir à Escola; ao voltar, entrava em casa atirando ao chão tudo o que tivesse nas mãos, espalhando lápis e papéis, que trazia todos picados. O que lhe resultava em uma repreensão. Então, trancava-se no seu quarto, batendo as portas, sempre com carinha de zangada, as sobrancelhas quase que grudadas uma na outra no meio da testa. Por mais que eu lhe perguntasse como tinha ido na Escola ou que estava acontecendo para que parecesse sempre tão malcriada daquele jeito, nada me dizia. E eu, muito e muito jovem e também muito atrapalhada com tudo, apenas atribuí esse comportamento ao fato de tínhamos recém deixado o Rio, onde ela estava bem ambientada e era muito mimada por toda a família, e a ela estar sentindo falta disso tudo. Havia que ter paciência, portanto, e esperar que reagisse.

A Escola me chamou após um mês para uma primeira reunião de pais e mestres, e a mim sugeriu que lhe fosse providenciada atenção especial sob orientação de uma psicóloga-terapeuta, cartãozinho da profissional já num envelopinho e todos os demais protocolos — pois minha filha se comportava em sala de aula ou no recreio como se fosse uma absoluta deficiente mental, 'sem conseguir acompanhar o progresso da turma'. Mostraram-me, como prova disso, a pasta de seus trabalhinhos e a de outros colegas, para que eu os comparasse. A Professora lhe pedia que desenhasse uma árvore? Ela fazia um rabisco; uma casa? Outro rabisco; a mamãe, um gatinho, uma bola? Mais rabiscos — tudo exalando muita raiva. O relatório prosseguiu: se lhe fizessem perguntas, ela virava o rosto e resmungava qualquer coisa; “não conseguia” decorar a letra das musiquinhas, portanto não cantava, não batia palmas, não conseguia participar dos jogos etc. etc.

Em suma: minha filha estava absolutamente infeliz, frustrada e muito revoltada. E apenas tentava demonstrar isso.

Pude dizer, como resposta imediata, que bem sabia que tipo de criança eu tinha em casa e que, se problema havia, ele era a própria Escola, que, ela sim, mostrava-se absolutamente incompetente, não conseguindo perceber o que deveria oferecer aos alunos. Mas tive opção. Encontrei logo uma outra, com direção suficientemente inteligente, que recebeu minha filha com muito carinho e ela pôde, no fim de março — com 5 anos, completados em dezembro — ser matriculada no 1º ano; e, a partir daí, ela foi que foi, por suas próprias pernas, e até hoje está indo, às vezes bem fundo, outras vezes de vento em popa, tanto faz, e muito bem, obrigada. Não havia tanta 'pedagogia' barata naquela época, nem tanta preocupação 'democrática' com o 'nivelamento das oportunidades' de todos. Graças a Deus.

Tenho muita, muita pena das crianças todas que entram nas Escolas hoje em dia, sejam quais forem as crianças, sejam filhas de quem forem, sejam quais forem as Escolas, públicas ou particulares. E muita pena de nós todos, todos nós que, mansamente, nos vemos subordinados às diatribes de 'intelectuais de carteirinha” e estamos absolutamente sem proteção de qualquer instituição que manifeste, de fato, algum objetivo minimamente nobre.

Ao que tudo indica, às mães de hoje, sejam jovens ou não tão jovens, não se abrirão quaisquer opções ou qualquer alternativa. Deverão, elas próprias, sozinhas, tentar resolver a revolta de seus filhos, caso o mesmo problema que enfrentei seja criado pela Escola que eles freqüentem. Creio, assim, que uma segunda notícia, de hoje, “Mães são detidas por mau comportamento dos filhos”, de certa forma complementa este comentário a respeito da irresponsabilidade com que o ensino e as demais tarefas públicas estão sendo levadas em nosso País. De quem seria a culpa por tantos alunos abandonarem as Escolas em busca das liberdades e das emoções que, por certo, encontrarão nas ruas? E de quem seria a culpa por nada disso poder ser controlado? Das mães dos alunos? É Freud quem o explica?

Os problemas que enfrentamos hoje não são senão o resultado do particularmente apático e insano comportamento de nossa sociedade quando em contato com “novidades” que lhe são oferecidas por qualquer auto-declarado luminar de uma pseudo-democracia, da nossa mínima disposição para utilizar nossas capacidades, do nivelamento por baixo, bem rente ao chão, de nossas próprias expectativas. Talvez devêssemos ter sido reprovados, na época adequada. E devêssemos ter feito questão de repetir o que não fomos capazes de entender e assimilar, antes de experimentar procedimentos e conteúdos que, hoje, nos desafiam a céu aberto e não encontramos condições para resolver. Completamente desatentos às nossas responsabilidades, aceitamos tudo o que nos foi acenado como um “avanço”. E esse tudo apenas nos significou a volta, de todos nós, à estaca zero.

Vania Leal Cintra

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19/mai/2009
Postado às 06:20
Ano X - nº1714

Pedagogia e Experiências

17/05/2009 - Primeiro ano proibido para menores de 6 anos

O DIA ONLINE - RJ

MARIA LUISA BARROS

Muitas crianças terão que repetir uma série para se adequar à nova regra, que entra em vigor em 2010

Rio - Uma norma do Ministério da Educação (MEC) está tirando o sono de pais, professores e diretores de escola. A partir do ano que vem, estudantes só poderão ser matriculados no 1º ano do Ensino Fundamental (antiga classe de alfabetização) se tiverem 6 anos completos no primeiro dia do ano letivo, previsto no calendário de cada escola. A medida vale para escolas públicas e particulares em todo o País. A criança que tiver 5 anos em fevereiro deverá ser matriculada em turmas de Educação Infantil, como é o caso das escolas municipais de Niterói. Por causa da decisão, muitos pais, em sua maioria, de escolas particulares, estão encontrando dificuldades para matricular seus filhos. Em alguns casos, as famílias já decidiram que as crianças vão fazer duas vezes o 1º ano, em 2010 e 2011.

Nas escolas da Prefeitura do Rio, a data-limite para as crianças completarem 6 anos no 1º ano foi estendida até 30 de junho por decisão do Conselho Municipal de Educação. Nova Iguaçu fará o mesmo. 'Temos que atender às crianças que fazem aniversário até junho. Se houver a falta de vagas, vamos priorizar as mais velhas', afirma o secretário de Educação do município, Jailson de Souza e Silva. Já o Conselho Estadual de Educação manteve a decisão do MEC. Em Duque de Caxias, a data não foi definida e em São Gonçalo, o prazo é 30 de abril.

Você concorda com a restrição ao ingresso de menores de 6 anos no 1º ano?

Maria Eduarda fará 6 anos em abril de 2010. Preocupação a mais para sua mãe, a publicitária Ana Amélia Musa, 41: 'Vou tentar fazer com que minha filha não tenha que repetir um ano. Mas se não tiver jeito vou aceitar'. O engenheiro civil Ronaldo Meirelles, 52, pai de João Vitor, também está apreensivo: 'Se ele fizer duas vezes o 1º ano, será que a escola vai estar preparada para que não se sinta desmotivado?'. O professor da UFRJ, Sérgio Azevedo, 53, e a bióloga Luciana, 37, vão manter Alice, 5, na escola Sonho Encantado, no Méier, cursando o 1º ano. 'Dizer que ela perderá um ano é bobagem. O importante é ela estar preparada para entrar numa boa escola', diz ele. A família tentará em 2011 o sorteio do CAp UFRJ. 'Lá só aceitam a partir dos 6 anos, então não daria mesmo', diz a mãe.

Carlos Vitor, que completa 6 anos em maio de 2010, deve continuar na mesma escola. 'Se é para o bem dele, acho bom fazer duas vezes o 1º ano', diz a professora Betina Rodrigues, 34. 'A escolha dos 6 anos não é à toa. A maioria das crianças desenvolve a maturidade emocional nesta idade', diz Marisa de Almeida, diretora da escola infantil Sonho Encantado. Já o deputado Comte Bittencourt elaborou Projeto de Lei para estender a data-limite do aniversário até 31 de dezembro.

Idade mínima divide opinião de educadores

A Resolução do Conselho Nacional de Educação que definiu as novas regras é de 2006, com 4 anos para as escolas se adaptarem. Com o prazo chegando ao fim, elas agora buscam orientação no Conselho Estadual de Educação, que rege as particulares. O órgão promete, em breve, divulgar diretrizes para casos de menores de 6 anos. Diante da polêmica, conselhos de educação dos municípios - que podem rever a decisão do MEC - estão se reunindo para bater o martelo.

A idade mínima obrigatória divide opinião de educadores. Para Edgar Flexa Ribeiro, presidente do Sindicatos das Escolas Particulares (Sinepe), é um retrocesso: 'Vamos fazer a criança de 5 anos repetir o ano? Essa decisão deveria continuar com a escola'. Presidente da Associação Brasileira de Educação Infantil, Marina Barreto, explica que as escolas estão flexíveis para analisar caso a caso.

Entenda o problema

Da particular para pública

As escolas da Prefeitura do Rio aceitam matrícula no 1º ano Ensino Fundamental de alunos que façam 6 anos até 30 de junho. Em Niterói, a data limite de ingresso será em fevereiro. Quem fizer 6 anos em maio, por exemplo, volta para a Educação Infantil. Se já estiver alfabetizado, o histórico escolar será avaliado. Escolas disputadas, como os Colégios de Aplicação da Uerj e UFRJ, só aceitam crianças acima de 6 anos.

Entre escolas privadas

A maioria dos colégios particulares tradicionais, como Santo Agostinho, só aceita crianças no 1º ano com 6 anos completos em fevereiro. Para entrar, poderá ser necessário fazer o 1º ano na particular onde a criança estuda desde a creche e depois, refazer a série na escola pretendida.

De colégio público para privados

Não deverá haver tanto problema, até no caso de transferência entre as públicas, pois as crianças de escolas municipais encerram a Educação Infantil aos 6 anos.

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Agência Estado

21/05/2009 - 13h41

Mães são detidas por mau comportamento dos filhos

São Paulo - Duas mulheres foram detidas ontem depois de uma audiência com o promotor José Heitor dos Santos, no Ministério Público de Mirassol, no interior de São Paulo, devido à ausência na escola e ao mau comportamento dos filhos. Segundo informações da Delegacia de Defesa da Mulher, para onde foram levadas, esta é a quarta prisão de mães na cidade este mês. As últimas duas aconteceram na semana passada. Elas foram ouvidas e liberadas em seguida.

Segundo o promotor José Heitor, as famílias de jovens que apresentam problemas nas escolas estão sendo acompanhadas há anos. 'Os filhos estão sendo acompanhados. Muitos deles são usuários de drogas, não comparecem à escola e as mães não conseguiram explicar ontem na audiência o motivo de os filhos estarem nas ruas e não na escola', explica.

Ainda de acordo com o promotor, o Código Penal e o Estatuto da Criança e do Adolescente citam que todo pai e mãe que deixem de zelar pela educação dos filhos estão cometendo o crime de abandono intelectual. 'Quando os pais não cuidam adequadamente dos filhos, que ficam pelas ruas em meio às pessoas que usam drogas, os pais estão cometendo outro crime, o de abandono de incapaz. E é isso que esses pais estão fazendo', enfatiza o promotor.

Outros 200 pais serão chamados pela promotoria ao longo do ano e já está marcado, para o dia 21 de agosto, uma audiência com outros 150 menores, a maioria com 14 anos, e seus pais. Eles foram pegos na madrugada em uma chácara da cidade, em companhia de membros do Primeiro Comando da Capital (PCC), onde muitas pessoas estavam usando drogas, inclusive os menores, explica o promotor. Conselheiros tutelares do município foram chamados para orientar as famílias das mães detidas, que agora vão passar por acompanhamento psicológico.


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