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cronicas-->A Festa da Usina V -- 23/09/2002 - 17:07 (Rodrigo Contrera) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Por Rodrigo Contrera

Pois bem. O Contrera estava cochilando então. Esparramado em uma cadeira de praia, à beira da piscina, com a cabeça para trás e de boca aberta. Qualquer um poderia ter brincado com a situação, como aliás acontecera anteriormente, há tantos anos que mal existia nele ainda a lembrança. Mas nada aconteceu.

Garotas em biquínis minúsculos e em conjuntos de apenas uma peça (a de baixo) rondavam o lugar enquanto o Contrera sonhava.

Sonhava haver lido certo texto em que o Domingos, aquele, o engenheiro Mingão, se vocês se recordam, esboçava resposta aos seus pensamentos (ver A Festa da Usina II) e identificava o Contrera a uma espécie de artista da palavra ou do pensamento que, em meio a tropeços de verossimilhança, confundiria ilusão com realidade.

"Espertinho, o colega", pensou o Contrera, sonolento. "Como não quer - ou não consegue - entrar no assunto respectivo, opta pelo argumento ad hominem, desautorizando a pessoa, claro que de forma simpática". Segundo o engenheiro Mingão, o Contrera teria partido, em seus pensamentos, de pressupostos incontestáveis, a seu modo impossíveis de refutar. "Pois é, Mingão, meu pressuposto é sempre aquilo que sinto, não necessariamente aquilo que penso", refletiu o Contrera, em meio ao sonho que, como todo sonho linguístico, em verdade tinha mais cara de pesadelo. Pois o que sentia era o que pensava.

Mas um fato era certo para o Contrera, que agora queria mais acordar. O Domingos não estaria conseguindo mesmo identificar o modelo por detrás daquilo que ele, Domingos, adorava fingir realizar no quadro de detritos. O modelo em que cada um em luta pelo que é seu desmerecendo a luta por aquilo que deveria tão somente constituir a base de convívio para as lutas particulares de todos com todos.

Era inútil, pensava o Contrera. "O cara me toma como auto-ensimesmado, o que sou, sem reparar que se eu o fosse de verdade em nada me importaria escrever ou vá lá - como o próprio Domingos dizia - tentar influenciar". Seu ensimesmamento, o ensimesmamento do próprio Contrera, seria de tipo diverso.

Bastou uma abelhinha inoportuna, contudo, para acordá-lo. Nada pior que um inseto pousado na ponta de seu grande nariz aquilino.

Aconteceu que enquanto se debatia com o inseto o Contrera começou a reparar em uma grande mudança no local. Uma mudança que não deixaria pedra sobre pedra e que afastaria, como inevitável, todos os colegas que descansavam à beira da piscina.

© Rodrigo Contrera, 2002.
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