E o pescador cansado
madruga no leito do rio
das águas do Araguaia
tira o pão nosso de cada dia
para sustento da família
Em casa, a criançada urge atenção
comprar leite, comprar o pão,
as vezes doente,
e, nenhuma boa pescaria há dias
Olha pro céu e roga a Deus
-Senhor, preciso de um bom pescado!
Triste e desolado
vê seu rio sendo depredado
Fiscais apreendem-lhe as redes
foge o pescador como criminoso nas curvas do rio
rogando a São Pedro proteção
Prendem sua tralha de pescaria,
chora desolado
Como fará amanhã para dar de comer a bacurizada?
Tristonho contempla a ponte,
Silverados, S10 e outras marcas
desfilam com barcos e licença,
lotam caixas de seu pescado
Festas e orgias,
pescadores de verão
jogam seus peixes no chão
recusam aqueles que não fazem bonito na foto
férias, farra, peixe assado e muita cachaça,e o pescador,
multado...
Seus filhos de barriga vazia
Contempla na areia latas de skol
deixadas displicentemente nas areias do Araguaia,
restos das orgias dos pescadores de verão
Misturam-se o ronco dos motores que partem,
com as caixas de peixes lotadas,
ao ronco faminto de suas entranhas
Pingos d águas molham-no
procura sinais da chuva,
não vê,são águas d olhos
que teimam em descer!
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