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Poesias-->O DECRETO DO FIM DO MUNDO -- 26/02/2003 - 23:31 (JOSE GERALDO MOREIRA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O DECRETO DO FIM DO MUNDO



No dia em que decretaram o fim do mundo

tanta gente chorou...

Era gente indo pros confins do mundo

quase ninguém pecou.

-É horrível, disseram.

-É absurdo!

O presidente na televsão falou

em linha nacional, ao vivo:

-Povo da minha terra, a hora chegou.

Povo que tanto amo, não sabeis o quanto sinto

em assinar o decreto que o senado aprovou.

-É horrível, gritaram. Absurdo!

Como é que podem decretar o fim do mundo?!

Interrogavam-se os sabem-tudo.

Os filósofos não filosofaram

Os médicos não clinicaram

Todas as mulheres choravam:

-É o fim de tudo...



Naquela noite

quando foi protestado o decreto

do fim do mundo

o povo se reuniu diante a Assembléia.

Que babiléia...



Depredaram as lojas dos turcos

Não pagaram nas lanchonetes

Os estacionamentos esvaziaram

superlotaram as creches



-É por falta de impostos?

Perguntavam os ricos sonegadores.

-Se é, esvaziaremos os bolsos!

Acumulou-se imenso tesouro.



-É horrível, horripilaram-se. Absurdo!

-Como podem decretar o fim do mundo?!



Ninguém mais trabalhava

Retiraram as economias da poupança

Realizaram suntuosos bailes

Confraternizavam as vizinhanças:

rico/pobre, ninguém mais ligava aos males.

Acidentes ocorriam a toda

Fundaram três cemitérios

que logo esgotaram as sepulturas.



Ninguém queria acreditar

que o mundo pudesse acabar.

-É horrível, comentavam. Absurdo

esse tal decreto do fim do mundo!



A Polícia Federal e seus mateiros

prendiam a torto e a direito

a todos acusando de comunismo:

-O acusado chamou o decreto

de fim da picada do capitalismo!



Os andrógenos saíram às ruas

certos de que se tornariam plumas.

Foram enormes as festanças

bebida e comida às montanhas

Uísque importado apareceu

de todo fundo de quintal

Nunca se comeu tanto nesta terra

desd os tempos do bom Cabral.



E o tal decreto dizendo

Art. Único: o fim total.

-É horrível, pronunciavam-se, absurdo.



Os políticos abusavam das mordomias

Os doutores receitavam seus cadinhos

apenas em caso especial.

Os comícios se sucediam

Os diretores lojistas, reunidos

decretaram quase total liquidação

Os patrões davam aumento

todos os dias a seu funcionários

tentando uma remição.



Reconheceram, no Congresso, enfim

o valor do jumento

como meio de locomoção primário

e todo incremento

proporcionado por ele aos trabalhos.

Elogiaram-no em busto de cimento

Declararam-no cidadão honorário

Fizeram declarações herméticas

reconhecendo e elevando a poesia nacional



Era uma situação patética

para se reabilitarem com a estética



Um certo dia, o presidente, novamente

às câmeras compareceu, nas alturas:

-Desassinei o tal decreto, exultou.

-Passei correto carbex sobre a assinatura.



Toda aquela pobre gente

que se acostumara com o escarcéu

então, revoltou-se descontente:

-Como pode o presidente, o Expert

do país, cometer tal falcatrua!?!?



-É horrível, envergonharam-se, absurdo

que o nosso presidente,

um civil tão inteligente

desassine o decreto do fim do mundo!



O governo caiu.

Outro ascendeu (agora, militar)

só então o povo compreendeu

o que era, de fato, o mundo acabar
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