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Cartas-->Minha carta -- 05/11/2002 - 03:55 ( Andre Luis Aquino) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O mundo mudou e sempre vai mudar, quase não andamos mais a cavalos, agora pilotamos carros, não datilografamos mais nas máquinas de escrever, agora digitamos em computadores, o mundo mudou e sempre vai mudar, não estendemos mais nossas capas sobre uma poça de lama para as damas passarem, hoje pagamos a conta, não escrevemos mais cartas, agora só mandamos e-mails.
Eu já escrevi muitas cartas na minha vida, algumas eram tristes e outras nem tanto, escrevi cartas para a minha mãe que ela guarda até hoje, escrevi cartas para gente de tanto lugar desse mundo, escrevi cartas de amor para todos os amores que tive nessa vida.
Era tão gostoso aquela rotina de enviar cartas, tinha todo um ritual, a gente até arrumava um papel de carta mais bonito, tinha vez que até botava um perfume nele para a pessoa lembrar do nosso cheiro, tentava mudar a letra, a minha era hierográfica, sabe aquela escrita dos pergaminhos egípcios? Pior...Mas sempre me entendiam muito bem, sempre sabiam exatamente o que eu queria dizer, desenhava figuras e colava outras, comprava um envelope colorido, caminhava para o correio, até já conhecia a moça de lá, ficava torcendo para a carta chegar logo e quando chegava a resposta dela, abria o envelope com o coração aos pulos, era tão bom...Hoje tudo é mais rápido, trocamos um pouco de emoção pela velocidade, basta escrever um e-mail e apertar um tecla, enviar e em segundos a outra pessoa já está lendo nossa mensagem, mais simples, mas talvez um pouco menos emocionante.
Naquelas cartas eu colocava um pouco de mim, brasas adormecidas nas palavras que esquentavam quem lia quando ela chegava no seu destino final, as mãos para quem elas eram destinadas, eram como barcos que carregavam como carga um pouco de esperança, nuvens cheias da minha chuva, atravessavam rios, paredes, mares e desertos por mim, eram uma filial do meu sonho, um pedaço arrancado do meu coração.
Minha carta passeava nas mãos do carteiro, se misturava a outras tantas cartas, cartas de pai para filho, cartas que anunciavam nascimentos e morte, cartas de longe e de perto, namorados declarando seu amor e sentindo saudades, amigos contando as novidades, meus sonhos se misturavam aos sonhos de tanta gente, mas sempre chegavam ao seu destino, por qualquer estrada e sob qualquer céu.
Eu não podia estar lá naquele momento, mas a minha carta estava, ela falava por mim e para mim, dizia tudo que eu tinha para dizer e até mais um pouco, para quem sabia ler nas entrelinhas, eu não estava lá, mas a minha carta sempre esteve e quando algum dia esquecerem de mim eu vou estar no fundo de uma gaveta ou de um baú nas cartas que eu escrevi para alguém.






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