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Cordel-->ENCONTREI MILAZUL NO CEMITÉRIO -- 20/11/2003 - 19:33 (Airam Ribeiro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Encontrei a Milazul no cemitério

Pensaram que morri?
Apenas o corpo acabou
Estou saindo do corpo
Pegar o brilhante vou
Pro santuário da Milazul
Que fica na carneira sul
Foi ela que me convidou.

Fui chegando e entrei
Na mais bonita carneira
Entreguei o brilhante
Sem pensar uma besteira
Agora somos defuntos
Estamos sozinhos juntos
Durante a morte inteira.

E a flor do cemitério
Na avenida principal
Vai ser a única testemunha
Desse amor fraternal
Que driblou os viventes
Virando defunto gente
Conservado pela cal.

Somos os novos moradores
Deste Campo Santo
Enterrado lado a lado
Pois o destino no encanto
Fez esta programação
Para que embaixo do chão
Ficássemos sós em um canto.

E os dois juntinhos ta
Sem sonho nem temporal
Falando dum amor puro
Não existindo outro igual
Lembrando do Usina
Com aquela gente fina
Nos desejando Feliz Natal.

Até vejo o Daniel
Com umas velas na mão
Olhando para a carneira
Fazendo uma oração
Não vendo os dois espíritos
O casalzinho bonito
Nem tem a noção,

Que a sua Milazul
Fez com ele traição
Encontrando no além
Com seu dito amigão
Perderia até a fala
Vendo esse amor sem tara
Amando sós com o coração.

E nós defuntos amorosos
Desse lado de cá
Ficamos vendo o Daniel
De saudade a chorar
E ele não vendo nós
Fica chorando a sós
Vendo a vela se queimar.

Meio dia hora da bóia
Na sua urna fresquinha
Eu junto a minha carne
Misturo com sua farinha
Coloco a farofa no prato
E no momento exato
Boto a colher na boquinha.

E os dois lado a lado
Rangando na carneira
Que nem percebe a chegada
Do amigo Zé limeira
Que soube de nossa morte
Por um defunto do norte
Que morreu de gemedeira.

E o amigo chegou
Escorou-se numa cruz
Dizendo que estava
Cantando para Jesus
Pedimos a este menestrel
Que nos indicasse no céu
Pra recebermos uma luz.

Então prometeu a nós
Ser o nosso advogado
Depois de saborear
Um pouco do guisado
Comeu e se despediu
E do mesmo modo saiu
Dizendo muito obrigado.

Outra vez ficamos sós
Naquele papo gostoso
Lembramos do Rubenio
Um cordelista famoso
Do Jorge Sales Ribeiro
Nosso velho companheiro
E também do Generoso.

Lembramos do Lumonê
Do Clésio Piolho e Almir
De Coadinho e de Domingos
José Dantas e Leinecy
De Drica a filha
A menina maravilha
Que eu nunca conheci.

Lembramos de Egídio
Com seus belos cordéis
De François e Manezinho
Estes grandes menestréis
Da Socorro Xavier
Essa grande mulher
Que não chego a seus pés.

Lembramos da Lílian Maial
E dos cordéis que fazia
Beijando a turma do Usina
Com a maior alegria
E até do Tanajura
Essa bela criatura
Que passou aqui um dia.

De tanta gente lembramos
E como não tinha caneta
Para deixar gravado
Esses amigos porreta
Também não tinha papel
Por isso não teve cordel
E nem também mutreta.

A lua nos dava boa noite
Vendo a nossa alegria
Dois defuntos contentes
Na paz e na harmonia
Já clareava o horizonte
E o sol atrás dos montes
Anunciava o novo dia.

Caro amigo do cordel
Quando você morrer
Venha nos visitar
E de perto cê vai ver
Que casal maravilhoso
Vivendo um amor gostoso
Que na morte foi conhecer.

A carneira é trinta e cinco
Tem uma flor ao lado dela
Fica na avenida principal
Perto da defunta Stela
O cemitério é o Campo Santo
Que parece um encanto
Com suas carneiras singelas.

Mas não fique com vergonha
Pois aqui você conquista
Um espaço para ficar
Entre os bons cordelistas
Só tem uma mulher genial
Convido a Lílian Maial
Pra ser a primeira da lista.

A Milazul sente falta
De uma boa companheira
Para ficar batendo papo
Dentro da sua carneira
E cê sabe como é
O encontro com outra mulher
É papo pra morte inteira.

Recebemos um convite
Pelo anjo Gabriel
Que domingo tem cantoria
Para os reis do cordel
Vai ser homenageado
E de ouro coroado
O Patativa lá no céu.

Dou uma dica pra vocês
Que ta vivo e quer ir
Dorme um pouco mais cedo
E sonha ao dormir
No sonho você vai ver
E assim cê vai saber
Como é o cordel aqui.

Não tendo o que fazer
E já que não vou mais morrer
Vou ficar aqui amando
De noite e no amanhecer
Entra dia e sai dia
Era isso o que eu queria
Amar sem precisar morrer.

Airam Ribeiro
20/11/03



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