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Artigos-->IMARI+NABESHIMA+MASHIKO+NIPPON, Cerâmica do Japão -- 04/01/2013 - 19:04 (LUIZ CARLOS LESSA VINHOLES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


 



IMARI+NABESHIMA+MASHIKO+NIPPON



Cerâmicas do Japão_edn1" name="_ednref1" title="">[i]



 



L. C. Vinholes



Imari



 



Imariera um pequeno porto pesqueiro situado na baía homônima com saída para o Mar do Japão, no oeste da ilha de Kyushu, em meados do século XVI. Tornou-se conhecido não pela extensão do seu cais nem pelo seu calado, mas, apenas, pelo fato de ter dado o nome e tornado popular uma das mais sofisticadas cerâmica que por ele saía com destino à Europa, produzida pelos artesões japoneses na pequena cidade vizinha de Arita. Os pratos, tigelas, etc., eram, inicialmente, levados para a área comercial da ilha de Dedima, em Nagasaki, onde, de 1641 a 1854, ficavam confinados os mercadores holandeses que comercializavam com o Japão.



                            



 



A cerâmica imari era produzida nos fornos das olarias de Arita, situada em um estreito vale com barro de qualidade e densas florestas fornecendo lenha à vontade. Segundo os historiadores, a prática de produção de cerâmica foi introduzida naquela região em 1616 pelo ceramista coreano Li-San P´ing. Mais tarde ceramistas chineses acrescentaram a arte dos esmaltes de decoração colorida. Registre-se que a tradição japonesa esteve sempre voltada para a produção de cerâmicas - Nabeshima, Kakiemon, Kutani, etc. -, que consiste no uso de barro/argila cozido a uma temperatura de cerca de 1.000 graus centígrados enquanto a porcelana usa basicamente o caulim finamente triturado, quartzo e feldspato tratados a uma temperatura acima de 1.300 graus centígrados. Só em 1876, com a exibição de peças na Exposição da Filadélfia, é que a cerâmica imari passou a interessar a um grande número de usuários e colecionadores. O Museu de Arte da Cerâmica de Arita tem um enorme acervo de peças antigas e modernas.



 



Nabeshima



 



Teria sido em 1675 que a família feudal dos Nabeshima iniciou a produção de cerâmica em Okawachi, um povoado entre a cidade de Arita e porto de Imari, na ilha de Kyushu, no sul do Japão, usando mão-de-obra das fábricas de Hirado que, por sua vez, contaram com oleiros coreanos. Os melhores exemplares desta cerâmica eram para presentear ao Shogun - chefe supremo do governo -, aos senhores feudais ou para uso exclusivo dos Nabeshima. Antes da Era Meiji (1868-1912), início da modernização do Japão, só podiam ser vendidos a outros interessados apenas peças rejeitadas que não foram destruídas pelos próprios produtores, mas que apresentavam defeitos.



 



A cerâmica Nabeshima é considerada uma das mais refinadas produzidas no Japão pré-Meiji, ao lado das também conhecidas Kutani, Imari e Kakiemon, sendo raramente encontradas à venda.



 



Os ceramistas dos Nabeshimas se especializaram sobremodo na produção de pratos de tamanhos padrão, a maioria circulares, e algumas vezes octogonais, sendo conhecidos também os que imitam folhas e melões. Eram, geralmente, utilizados como utensílios de mesa, de acabamento esmerado, superfície branco leitosa, colorido harmonioso - quando não apenas em azul -, curvatura delicada das laterais e base alta que tem como característica única linhas verticais imitando os dentes de um pente - kushitakade. Trazem especialmente desenhos de plantas, flores, paisagens e pássaros. Os pratos com outros tipos de desenhos, tais como tecidos e objetos, são considerados como sendo os mais antigos. As grinaldas com fitas e jóias na forma de botões que aprecem na parte externa, são outra característica da cerâmica Nabeshima.



 



Mashiko



 



Mashiko, na Província de Tochigi, é uma cidade de cerca de 20.000 habitantes no caminho que liga Tóquio a Nikko.



 



As atividades de produção de cerâmica na região Mashiko tiveram início na primeira metade do século XVIII com a confecção de vários utensílios de cozinha comercializados nas grandes cidades do Japão. Entretanto, a história da cerâmica Mashiko - mashiko-yaki -, como é conhecida nos dias atuais, teve início em 1853 com as atividades desenvolvidas por Keizaburo Otsuka até 1930, quando surgiu o ceramista Shoji Hamada (1894-1978), influenciando seus contemporâneos e fazendo de seus produtos não mais simples utensílios domésticos, mas objetos de decoração e arte.



 



Em 1912, juntamente com seu colega de escola Kawai Kanjiro, o filósofo Yanagi Soetsu e o amigo ceramista inglês Bernard Leach, iniciou o movimento em prol da arte popular japonesa - mingüei -, criando o museu a ela dedicado do qual foi seu segundo diretor.



 



Com mais de 60 fornos esparramados pelas encostas das montanhas que a cercam, aproveitando a qualidade da argila local e a madeira dos seus pinheirais, as peças da mashiko-yaki, produzidas artesanalmente, são cobiçadas por colecionadores do Japão e do exterior.



 



A cidade com variada e intensa produção de arte popular, com suas belezas naturais e seus templos considerados Importantes Tesouros Culturais orgulha-se de ser o berço de Shoji Hamada que, em 1955, foi declarado Tesouro Nacional Vivo e merecedor da Medalha de Cultura em 1968.



Nippon



 



A porcelana identificada com o nome de Nippon foi produzida e exportada pelo Japão entre 1891 e 1921, trazendo selos que identificavam os fornos que as produziam, os ceramistas, as cidades, exportadores e importadores do outro lado do Pacífico, principalmente o Canadá e os Estados Unidos da América do Norte.



 



Os selos colocados no fundo das porcelanas Nippon visavam atender as exigências da Lei Tarifária de autoria do senador republicano estadunidense William Mckinley, aprovada pelo Congresso em 1890 exigindo que a partir de 1º de março de 1891 todos os produtos importados teriam de identificar o país de origem, em língua inglesa, para serem admitidos.



 



Em março de 1921 o Governo estadunidense considerou ser japonesa a palavra Nippon, correspondente a palavra inglesa Japan. A alfândega do país passou a impedir a entrada de produtos identificados por Nippon e admitir apenas os que traziam a palavra Japan. Daí ser a “era Nippon” como chamam os colecionadores da América do Norte, considerada como tendo iniciado em março de 1891 e terminado em agosto de 1921, período de 30 anos e 6 meses.



        



A porcelana Nippon não tem relação com as tradicionais do Japão, tais como Imari, Kutani, Satsuma, Nabeshima e Kakiemon. Era produzida pela Companhia Noritake para concorrer com as originadas na Alemanha e Áustria, satisfazendo o mercado norte-americano. Exibindo traços da “art nouveau”, o uso da cor, o equilíbrio das linhas, os elementos decorativos de cada peça mostram a habilidade dos artesões criando ambiente de aspecto japonês e não de simples imitação dos similares da Europa. As figuras e/ou paisagens e flores e a decoração das peças permitem ao colecionador experiente identificar se elas pertencem ao início ou ao fim da chamada “era Nippon”. Os selos utilizados acompanhados de desenho de flor de cerejeira, coroa, peixes, sol nascente etc. trazem na sua quase totalidade a expressão “pintado a mão” e, raramente, incluem palavras japonesas romanizadas, tais como bara (rosa), kinjo (peixe colorido) e morimura, esta última sendo o nome do importador californiano que operou entre 1876 e 1941 e que foi responsável pela presença maciça da porcelana Nippon na Exposição do Centenário da Filadélfia. Para alguns especialistas, os selos com cor permitem identificar o período de fabricação ou a qualidade do produto.



 



Em 1971, Dorothea Robinson e Paul J. & Cadance Lima publicaram o livro “The Colorful World of Nippon” (O mundo colorido do Nippon) e, em 1982, “The Collectors Encyclopedia of Nippon Porcelain” (A Enciclopédia Nippon dos Colecionadores).



 



Nas últimas décadas do século XX os japoneses começaram a comprar e repatriar a porcelana Nippon e reconhecer que ela representa um dos aspectos da cultura japonesa na virada dos séculos XIX e XX.



 



 









_ednref1" name="_edn1" title="">[i] Nota: artigo de outubro de 2008 que, dividido em quatro partes e com nove ilustrações com peças da coleção do autor, foi reproduzido no catálogo do leilão de 04.11.2008 do antiquário Celso Albano Artes e Antiguidades, de Brasília.




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