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Poesias-->RARIDADE -- 25/02/2003 - 00:59 (JOSE GERALDO MOREIRA) |
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RARIDADE
São frageis as maos
Que esvoacam sobre a cabeca
As palmas magicas.
O menino sob o sol
Constroi solidos castelos aereos
Enquanto as maos passarinham.
Um silencio tirano
Rouba palavras das bocas, dos bicos
Dos passaros, das frutas que caem.
O dia transcorre devagar
Orquestrado pelas maos morenas
Que deslizam silenciosas.
O banco de madeira assiste a tudo
Sendo a única testemunha
Do que se fara amanha do menino.
Peixe no rio, manga de vez,
Guizo de cascavel. O quintal
E portal para o universo
Com trens apitando e fumegando
O ar morno da manha sem fim
Anunciando chegada e partida
Em trilho que sobre as estrelas
Que desce as brenhas da terra.
Os olhos fechados passeiam em terras distantes
Conhecem pessoas gozadas
Deslumbram-se com os bichos diferentes
Que habitam as cabecas dos meninos felizes.
Os viajantes amarram mulas na porta
Entram para um fiapo de conversa
Bebem uma cachaca amarga
E deixam um monte de bosta quente
Nos paralelepipedos da rua.
-Baodia: tocam as abas dos chapeus surrados
e saem. Os animais nem precisam de redeas.
O mundo passa a sua frente assistido
De dentro da preguica carinhosa.
Os homens parecem eternos, com suas mesuras
Cristãs e olhos sem medo de nada.
As historias de mortos inconformados
Que retornam para continuar vivendo
se sucedem, mas é compreensivel.
Eles continuam educados e sabem historias
Que contam aos filhos e netos antes de dormir.
O cheiro de terra molhada sobe no ar
Ciganos comem farofa de tanajuras
Enquanto as mulheres abrem tendas na praca.
Quando eu crescer, vou viajar pelo mundo
E ver tudo que falam no balcao da venda.
Cabeca de menino viaja para cada lugar...
As maos nem percebem que deslizam
Sobre continentes desconhecidos
Animais inexistentes, coisas nao vistas.
Pesados os olhos se fecham lentamente
Ate que do menino apenas reste uma lembranca
Que atina o futuro do homem que desperta.
100598.
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