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Ensaios-->O EE-T1 Osório: Criminosa desmobilização das FA brasileiras -- 02/12/2008 - 10:33 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Preâmbulo

Félix Maier

Quando ocorreu o episódio do Osório, um oficial do Exército me disse que o Brasil perdeu a licitação porque o carro-de-combate tinha algumas deficiências, como a acomodação dos militares dentro do tanque de guerra.

Independentemente de ter havido algum problema desse tipo - o que duvido, pois havia enormes interesses econômicos em jogo -, o erro principal foi o governo Collor não ter socorrido a Engesa, erro que, felizmente, não foi repetido com a Embraer, empresa que foi saneada pelo governo federal quando estava em decadência e foi privatizada em 2005, ficando nas mãos de um consórcio nacional.

Nas décadas de 1970/80, o Brasil chegou a ser o 5º maior exportador de material bélico do mundo, especialmente para países árabes, como Arábia Saudita, Iraque, Líbia, Egito (aviões Tucano) etc.

Ao final da 1ª Guerra do Golfo (1991), os EUA começaram a desmobilizar muitas unidades militares da Europa por conta do colapso soviético e o fim da guerra fria. Grande parte desse material bélico foi direcionado para países árabes aliados da guerra contra Saddam Hussein, especialmente o Egito, que recebeu gratuitamente muitos carros-de-combate e teve perdoada toda sua dívida militar com os americanos. Foi o golpe final contra as pretensões brasileiras de ser um grande fornecedor internacional de material militar.

Na época em que eu servi no Cairo como auxiliar do Adido Militar (1990-92), o escritório da Embraer na capital egípcia foi fechado porque os egípcios simplesmente deixaram de pagar sua dívida com a empresa brasileira. Como não recebiam mais peças de reposição, muitos aviões Tucano simplesmente não voavam mais. O governo brasileiro fechou a representação da Aeronáutica naquele país, passando o Adido Militar a ser Adinaex (Adido Naval e do Exército) e não mais Adifa (Adido das Forças Armadas), englobando as três Forças.

Na época, calotes contra empresas brasileiras foram também efetuados no Iraque - o que vem se repetindo na Bolívia e no Equador atualmente, com apoio silencioso e covarde de Lula, que nada faz.

Abaixo, um artigo que explica muito bem a criminosa desmobilização das Forças Armadas brasileiras, que teve início com a malfadada Nova República.


***

O EE-T1 Osório: O limite para a desmobilização das Forças Armadas brasileiras

Ronaldo Schlichting*

Até que ponto os sucessivos governos, neoliberais ou assemelhados, da República Federativa do Brasil podem continuar pondo em risco a segurança do Estado e do patrimônio nacional, desmobilizando e desarmando criminosamente o Exército, a Marinha e a Aeronáutica sem que haja uma insurreição, 'de ofício', por parte de seus comandantes, dentro do que prevê a Constituição da República, a Lei de Segurança Nacional e o Código Penal Militar?

Hoje, em nome da 'economia', dentre centenas de ações negativas promovidas contra nossas Forças Armadas, chegaram a ponto de interromper a continuidade na formação anual dos nossos contingentes de reservistas, podendo com tal irresponsável ato produzir sérias consequências para a integridade territorial do país se houver necessidade de uma mobilização em caso de guerra.

Em 2003, no tradicional discurso de final de ano feito pelo atual Presidente da República no Clube do Exército para os Oficiais Generais das FFAA. Sua Excelência declarou: '(...) Para que termos um bando de generais? Para que termos um bando de soldados se não temos pólvora, se não temos uma bala se viermos a precisar dela?'

Uma das leituras que podemos fazer desta declaração é a da possibilidade de amanhã qualquer ministro da fazenda, realmente por falta de pólvora em nossos paióis, cortar mais verbas e interromper a preparação das turmas de aspirantes a oficial das academias militares de Agulhas Negras, Pirassununga e da Escola Naval, quebrando, assim, a continuidade na formação de toda a cadeia de comando, que vai dos tenentes aos oficiais generais.

Dentro da lei, o limite acima citado, a ser entendido como Estado de Necessidade, deve obrigatoriamente ter que existir, mas, talvez ainda não deva ter sido atingido, ou se o foi, então, os nossos chefes militares estão deixando de cumprir com suas missões constitucionais.

Em um trecho da 'carta' enviada aos generais do Exército em 12 de outubro 2002, pela diretoria da ASMIR-PR (Associação do Militares da Reserva do Paraná), podemos ler: '(...) E, se esta nossa avaliação for correta, já estamos perigosamente próximos da situação extraordinária que São Tomás de Aquino e também o nosso Direito Positivo define como Estado de Necessidade, em que todos os fatores adversos atingem um nível de gravidade e complexidade tão agudo que se potencializam entre si, o que tende a engendrar um cenário tão excepcional que dá origem ao chamado Estado de Necessidade, no qual as avaliações, os juízos, os conceitos, as decisões, e até os atos devem estar referenciados a parâmetros de hierarquia superior, filosófica, quase de ordem metafísica, acima, portanto, das normas, regras, valores e até dos princípios normais do Direito Positivo Salus Patriae Suprema Lex.

E esse Estado de Necessidade pode — in extremis — tornar lícita (para alguns até mesmo um dever) a desobediência civil contra o tirano injusto que quer destruir a Pátria (...)'.

Foi assim que o ex-ministro da Aeronáutica, o Brigadeiro Werner Brauer, lançou mão deste Direito quando FHC, para humilhar nossas FFAA, nomeou para o recém criado Ministério da Defesa um elemento civil, desqualificado e supostamente ligado a atividades ilícitas no Estado do Espírito Santo. Werner Brauer corajosamente denunciou o ato, mas, desgraçadamente, foi abandonado por seus pares e por isso exonerado.

Entretanto, mesmo sozinho atingiu seu objetivo. Lavou a honra da Forca Aérea e 'abateu' o impostor.

Em 1982, pelo que ficou estabelecido nos termos do Consenso de Washington, além da criação do Ministério da Defesa, da submissão do Brasil ao Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis, etc., o tanque de combate EE-T1 Osório, desenvolvido pela extinta Engesa S/A, importantíssima indústria de viaturas militares blindadas e de transporte que fazia parte do emergente complexo industrial militar brasileiro, é um dos melhores exemplos para se denunciar esta política que submete nossas FFAA ao contínuo desarmamento e a dependência da boa vontade de governos estrangeiros para o fornecimento, através das Comissões Mistas de Compras no exterior, de suprimentos e de material bélico caro, inadequado e ineficiente.

Em 1991, com o fim da Engesa, articulado pelo governo dos EUA com a colaboração do governo brasileiro, o Exército ficou sem um fornecedor nacional de um tanque de combate do mesmo nível do Abrams norte-americano, do Challenger inglês ou do AMX-40 francês e de outros carros de combate nacionais, como o Urutu e o Cascavel.

Assim, o Brasil, que já esteve próximo de produzir um dos mais modernos tanques de guerra do mundo, infelizmente, hoje voltou a ser um país importador de blindados usados, mal repotencializados e de segunda linha, como o Obus autopropulsado 105-M-108, porque em 1989 os EUA impediram que a Engesa vendesse 702 tanques pesados — os EE-T1 Osório — para o Exército saudita.

O contrato de US$ 7,2 bilhões acabou ficando com o grupo americano General Dynamics, fabricante do tanque M-1A1 Abrams, segundo colocado nas provas de desempenho promovidas pela Arábia Saudita.

A Engesa participou com o Osório, disputando os testes no deserto sob temperaturas que chegavam a 50 graus celsius, contra o Challenger, o AMX-40 e o M-1A1 Abrams.

O EE-T1 Osório pesava 41 toneladas vazio, peso limite para o seu transporte em carretas rodoviárias, usava blindagem de placas duplas, e levava como arma principal um canhão de 120 milímetros capaz de disparar munição supersônica. Além disso, incorpora vasta carga eletrônica.

O tanque brasileiro era o único dos concorrentes projetado especificamente para atender às exigências da licitação. Ao final de uma semana de ensaios, o Osório havia vencido todas as provas.

Em entrevista para o jornal O Estado de São Paulo de 10/11/2002, um engenheiro de armamentos, ex-executivo da Engesa disse: 'Nesse momento as luzes de emergência se acenderam no governo americano. A primeira consequência foi a surpreendente declaração de que a concorrência chegava ao fim com dois produtos possíveis de serem comprados, de acordo com o anúncio feito em Riad pelo ministro da Defesa, príncipe Sultan Azsiz Abdulazis. Essa foi a forma encontrada para ceder às pressões de Washington e manter o M1-A1 no páreo.

Na época, começou a circular no Senado e na Câmara um documento conclamando senadores e deputados a se envolverem no processo para impedir o fechamento da Engesa, as demissões de trabalhadores e a perda de mercados cativos caso a encomenda do Osório não fosse concretizada com a Arábia Saudita, país nem sempre amigo.' Concluiu.

O encontro marcado para a assinatura do protocolo de compra do Osório entre o governo brasileiro e o da Arábia Saudita foi marcado duas vezes pelo então presidente Fernando Collor de Mello diretamente com o rei Fahd.

O primeiro, em agosto de 1990, não foi possível porque o príncipe Sultan quebrou a perna. Por isso, em outubro de 1990, Collor anunciou uma nova data e os nomes que comporiam a comitiva oficial liderada pelo general Leônidas Gonçalves, ex-ministro do Exército. A cerimônia seria realizada em Roma.

Em seguida foi anunciado um novo cancelamento, por causa da mobilização para a guerra contra o Iraque. Finalmente, em novembro daquele ano, a Arábia fez o anúncio de que fecharia o contrato com a General Dynamics americana.

Soube-se depois que a formalização para a compra dos tanques americanos já havia sido concluída mesmo antes dos contatos de Collor com o rei saudita.

Como a Engesa havia apostado todas as suas fichas no desenvolvimento do Osório, cuja venda para a Arábia era tida como certa, contraiu uma dívida de US$ 53 milhões — motivo para a sua falência — que tranquilamente poderia ter sido refinanciada com o apoio do governo federal.

Resumindo, os sauditas 'puxaram o tapete' e Fernando Collor deu a 'cama de gato' não encomendando nenhuma unidade do Osório para o Exército Brasileiro. Assim, a Engesa desapareceu fechando cinco fábricas e extinguindo cerca de 6 mil empregos com graves consequências econômicas, sociais e militares.

Depois deste lamentável episódio, o Brasil comprou para o Exército 87 tanques Leopard lAl da Bélgica e 91 M-60 A3 TTS dos EUA.

Recentemente, os dois últimos exemplares do EE-T1, que faziam parte da massa falida da Engesa, depois de uma árdua campanha cívica, foram incorporados ao Exército Nacional com autorização judicial. Talvez algum governante já tenha assinado secretamente a nossa rendição, em termos mais vis do que os do 'Tratado de Versalhes', e o Brasil e suas FFAA ainda não foram avisados.

*Ronaldo Schlichting é administrador de empresas.

***

Em 29/11/2008 08:28, Vicente Diniz escreveu:

É rapaziada, quando se fica de joelhos, a visão fica mais curta... levantemo-nos, pois!

Este é um relato semelhante aos destinos dos seguintes projetos nacionais: submarino nuclear, bomba atômica, caça supersônico, veículo lançador de satélites, Base de Alcântara (a melhor do mundo por sua posição geográfica: fica a 2º da linha do Equador e é maranhense!), porta-aviões, Serviço de Inteligência desenvolvido e atuante, etc... somem-se a estes projetos nacionais abandonados o caos da saúde pública (que vergonha é esta!), a educação pública e mesmo a privada, a infra-estrutura (quase morri em julho durante viagem de férias!), a falta de saneamento básico, a violência, o crime organizado e o desorganizado, o Judiciário malemolente, a cultura restrita (vem aí mais um Big Brother, quando poderíamos estar lendo livros...), MST, Raposa-Serra do Sol, missionários, 'nações' indígenas, Sem-tetos, Sem-vergonhas, esquerdistas de ocasião, nacionalistas de botequins, juros estratosféricos, bancos bilionários, a concentração exagerada de riquezas (inclusive estadual, não é bom um único Estado ser responsável por 37% do PIB, quando os mais próximos estão em 11% e a maioria fica com 1% ou menos de contribuição: movimentos separatistas podem surgir!), a prostituição infantil, o trânsito urbano matando diariamente 130 pessoas (nos locais dos acidentes, não contabilizadas as que falecem dias ou meses depois...), o futebol (a Seleção Brasileira joga a maior parte dos jogos em Londres!!!), o rebaixamento do Gama para a 3ª Divisão, 'and so on', como diriam alguns que acham o máximo ir fazer qualquer curso, de preferência um MBA, em universidades que não conhecem e não estudam nossa realidade e não estão preocupadas com nossas necessidades...

Brasileiros, 2010 vem aí... não, não é uma preocupação com a Copa do Mundo, porque vai ganhar quem a FIFA quiser (dúvida? 1998 te disse alguma coisa?), será ano de eleições gerais, por favor, vamos votar responsavelmente, conversem com filhos, parentes, amigos, vizinhos, colegas de trabalho e até com os inimigos... vamos nos mobilizar para salvar o Brasil, vamos reconstruir o Brasil dos nossos sonhos, vamos sair deste pesadelo estrelado e vermelho, vamos evitar a continuidade de tudo isto que é falho e nos infelicita. O povo brasileiro está feliz com a Economia, porque começou a participar das sobras do banquete (bolsa-família, bolsa-escola, vale-gás, um salário mínimo de aposentadoria, etc.), quando devemos é sentar à mesa do banquete. Somos 190 milhões de habitantes (vide www.ibge.gov.br ), e somente 20% com rendimentos (leia-se salários) maiores que dois salários mínimos...

***

Prezado Gen Salgado

De Abr 87 a Jun 89, quando caí na compulsória, após duas caronas, fui Ch do EM/2ªRM, em S. Paulo. Tive assim oportunidade de acompanhar de perto um pouco da agonia da ENGESA. O Cel Inf reformado, Lauro Paraense de Farias, trabalhava na ENGESA, ia frequentemente ao QG e nos informava dos passos seguidos na via-crucis em que se transformou a venda do tanque OSORIO. O governo da Arábia Saudita, ameaçado de ficar sem peças de reposição para sua força aérea, acabou cedendo às pressões e não respeitando o resultado das provas técnicas previstas na licitação. Conforme portaria existente, o EB receberia, em carros OSORIO, um percentual da venda dos mesmos, correspondente à sua participação no projeto. A expectativa era imensa e a vibração maior ainda. Mas, como bem descrito pelo Sr. Ronaldo Schlichting, foi tudo por água abaixo e continua indo.........Perdemos uma nascente e promissora indústria de material bélico que tanta esperança despertara no pessoal militar que a ela, de alguma maneira, esteve ligado. Servi no DMB de Mai 76 a Jan 79 e participei com muito entusiasmo dessas atividades. Era como um sonho o ver surgirem mais e mais empresas interessadas na produção de material bélico de boa qualidade. O Gen Ex Euler Bentes Monteiro foi um grande arquiteto desse projeto e transmitia aos oficiais que com ele serviam uma grande confiança no futuro dessa indústria nascente.

Infelizmente nos faltaram bons políticos e bons generais para continuar aquela saga.

Que tristeza! Que tristeza!

Um abraço

Farias

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