MYTHOS
Detenho o tempo em minha têmpora.
O mundo passa diante meus olhos,
penetra em mim através de minhas
retinas fatigadas.
O mundo transformado em efêmeras páginas
de papel barato.
O mundo rasgado
na cesta de lixo.
O planeta amassado
por minhas mãos ansiosas
que buscam, nas folhas soltas,
encontrar paz
calor.
Mas, a máquina monta alfabetos
refaz dialetos
reorganiza códigos diversos
impunemente
de mente impune
homem incrédulo.
Na tipografia
a cultura fria salta, quente
efervescente
encíclica comercial
enciclopédia promocional
no frio universo retilíneo
semfim, semfim, semfim.
A palavrenália-freezer
do ceticismo visual
cultura informal
lapidada e guardada
nas têmporas magnéticas
carregadas de massa bitefálica
computacional, deserta
de paz
calor
Acorda do transe, primitivo
e mergulha na euforia momentânea
do universo dissoluto
onde confundem-se relativos e
absolutos
o homem é anacoluto
mergulhado em antíteses.
Ruem castelos construídos
pela magia oral
pela química sonhatícia tímpano/lingual
erguem-se construções estonteantes
e descobre-se o sentido palavrisional
angustiante
que separa mães e filhos
e os leva para a frente da estante
recepcionar o televisional
visitante.
Cessem, mãos, a textura de mosaicos
escriturais.
Cessem, cabeças, a procura de novas formas diccionais.
É chegado o momento tipográfico
frio individualizado
do homem solitário soletrarizado.
Cessem, mecanógrafos logotipais,
o movimento esquizofrenico de suas extensões.
Lá vem o alfelétrico homem atômico
tecnologizado, chipsficado, equacionado
etérico homem, divindade pastilhada
em óticas fibras, cegas e lógicas.
Reúnam-se, dispersos,
regressem aos lares tribais.
Esqueçam frias palavrenadas tipográficas
retilíneas fonéticas áridas,
reagrupem-se no lar eletrônico
do homem marcônico
e novamente renasçam!
pela quarta vez no útero ocidental.
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