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Ensaios-->HETEROSSEXUALIDADE: TÃO ÓBVIA, TÃO BELA -- 27/11/2008 - 10:54 (MARIA AICO WATANABE) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


HETEROSSEXUALIDADE:
TÃO ÓBVIA, TÃO BELA

Maria Aico Watanabe


Entre os humanos existem 3 formas de sexualidade: A heterossexualidade, encontrada em 80 a 85% da população, a homossexualidade em 10 a 15% da população e a bissexualidade em 5%. A assexualidade é a ausência de manifestação de qualquer forma de sexualidade. Pode ser primária, quando o indivíduo não manifesta nenhuma forma de sexualidade durante toda a sua vida (isso é bastante raro); ou secundária, quando o indivíduo pára de manifestar sexualidade depois de tê-la manifestado anteriormente em alguma fase de sua vida.
Assim, a heterossexualidade é o comportamento sexual adotado pela maioria esmagadora da população humana.
Em certas espécies de macacos a homossexualidade é verificada em 60% da população. Entre os chimpanzés bonobos, 100% da população é bissexual, com cada indivíduo podendo copular tanto com machos como com fêmeas.
O cientista Charles Darwin foi quem deu a explicação científica para a heterossexualidade através de sua Teoria da Seleção Sexual. Para Darwin existiriam duas formas de seleção sexual entre os heterossexuais: A Escolha da Fêmea (Female Mate Choice) e a Competição entre Machos (Male-Male Competition), sendo a primeira seleção interssexual e a segunda seleção intrassexual.
Na Escolha da Fêmea, as fêmeas escolheriam para se acasalar os machos que apresentarem as características sexuais secundárias mais atraentes. Darwin nos deixou como exemplo de Escolha da Fêmea o pavão macho – as pavoas (fêmeas) escolheriam a cada época de reprodução dessa ave, os machos com as caudas mais bonitas. Assim, de geração em geração, caudas de pavão macho mais bonitas teriam sido selecionadas pelas fêmeas, resultando nos atuais pavões com as belíssimas caudas.
Os machos de cervídeos, na época de reprodução entram em combate, competem entre si pelas fêmeas sexualmente receptivas. A cada geração, machos mais agressivos, mais fortes teriam sido selecionados e deixado mais descendentes por terem conseguido maior acesso às fêmeas. É a competição entre os machos.
Outros cientistas que vieram depois de Darwin descobriram outras formas de Escolha da Fêmea, como as espécies onde as fêmeas escolhem os machos que apresentem alta probabilidade de virem a ser bons pais para os filhotes que terão com elas, como acontece entre os peixes-bola estudados pela bióloga norte-americana Joan Roughgarden.
Em 1979, Weatherhead
e Robertson propuseram a Hipótese do Filho Sexy (Sexy Son Hypothesis), segundo a qual as fêmeas escolheriam os machos mais atraentes, portadores de genes de alta qualidade, que vão originar filhotes machos igualmente atraentes com alta probabilidade de terem sucesso sexual e reprodutivo.
Nos humanos a Hipótese do Filho Sexy funciona de uma forma um pouco diferente. A fêmea humana é sexualmente receptiva não apenas durante o período fértil do ciclo menstrual, mas sexualmente receptiva em todos os dias desse ciclo. As fêmeas de Homo sapiens teriam preferência por machos másculos chamados de CADs na literatura internacional durante os dias férteis do ciclo menstrual e por machos que tenham alta probabilidade de virem a ser bons pais para os filhos que terão com elas, conhecidos na literatura internacional como DADs (papais).
Os CADs transando com as fêmeas no período fértil do ciclo menstrual, deixam mais descendentes que os DADs. Mas devido ao comportamento poligínico – são conquistadores, estão mais preocupados em conquistar mais fêmeas que cuidar dois filhos que geram. Então por não dispensarem cuidado paternal, a sobrevivência dos filhos é baixa e o fenótipo desses filhos sobreviventes quando adultos é inferior (não tão “sexy”).
Já os DADs por serem sexualmente preferidos nos dias menos férteis do ciclo menstrual, deixam menos descendentes, mas sendo bons pais, garantem a sobrevivência melhor desses poucos filhos.
Então, o Female Mate Choice sob esses aspectos é pouco atuante, os efeitos se cancelam no final.
Mas as fêmeas humanas consideram outras características dos machos que vão escolher como fidelidade, inteligência, nível de escolaridade e classe social a que pertencem seus pretendentes sexuais. Moça educada em Cambridge dificilmente se casaria com qualquer Zé da Vida; filha de madame dificilmente se casaria com rapaz de favela ou com o filho de sua empregada doméstica. A teoria de que “opostos se atraem” está furada; o que acontece é que os “similares se atraem” entre os humanos durante a conquista sexual.
Na natureza, entre os humanos inclusive, ocorre também a Escolha do Macho (Male Mate Choice) e a Competição entre as Fêmeas (Female-Female Competition).
Os machos de carneiros selvagens escolhem as fêmeas (ovelhas) com maior peso corporal, por serem mais férteis e por produzirem mais leite para os filhotes que terão com elas. Entre as baleias também se verifica esse fato. Entre os machos humanos brasileiros, há preferência pelas mulheres com seios grandes e quadris largos, as chamadas “gostosas”. Por trás da preferência pelas mulheres com seios grandes está a probabilidade maior dessas fêmeas virem a produzir leite abundante para os filhos que terão com elas, como se verifica entre os carneiros e as baleias.
Quadris largos é sinal de alta fertilidade; ao escolherem fêmeas com essas características os machos humanos estão se garantindo que os espermatozóides que vão depositar na vagina desse tipo de mulheres vão encontrar óvulos para fertilizar, isto é estão fazendo investimento genético seguro.
Tanto entre animais como entre os humanos, os machos escolhem as fêmeas que apresentem alta probabilidade de virem a ser boas mães para os filhos que terão com elas. Os machos humanos são especialmente cuidadosos ao escolherem as fêmeas para acasalar, pois escolhem as fêmeas que tenham alta probabilidade de lhes serem fiéis. Pois sabem que o corno sofre muito mais que a chifruda. Dúvidas sobre a paternidade dos filhos é uma experiência terrível para qualquer macho. Os machos fazem de tudo para não virarem cornos.
Os machos do pássaro João-de-barro quando viram cornos, encerram as fêmeas infiéis dentro dos ninhos de barro, deixam-nas sem alimento até morrerem de fome.
No Homo sapiens os machos levam em consideração também a virgindade (ainda hoje importante para muitos machos), inteligência, escolaridade e a classe social das suas pretendentes sexuais. Rapaz pós-graduado pela Harvard University não se casaria nunca com qualquer uma; rapaz de classe social privilegiada não se casaria com a filha do pedreiro que está fazendo reforma de sua mansão. Homens de classe social superior não costumam procurar prostitutas (mulheres-públicas) para diversão sexual; preferem arrumar uma amante sensual e boa de cama que lhes seja mulher exclusiva.
Novamente no caso da Escolha do Macho “similares se atraem”. Rapaz inteligente prefere se casar com moça inteligente e vice-versa.
Na realidade, há “Escolha Mútua” (Mutual Mate Choice) em humanos. Rapaz inteligente prefere se casar com moça inteligente, pois sabe que mulher burra só faz ... burradas! Mulher burra é capaz de trazer para a cama dele o pedreiro fedorento, empiolhado e bêbado, morador de favela. Isso é uma roubada para ele, pois além de ficar às voltas com piolhos e doenças sexualmente transmissíveis, vai se dar de cara com a criminalidade (ladrões, bandidos, seqüestradores !) e os traficantes de drogas (todas as favelas tem) armados até os dentes. Além disso, mulher burra só fala besteiras, e o rapaz vai passar vergonha diante dos amigos e parentes convidados para as festas que promover e onde essa mulher esteja presente.
A intensidade de manifestação do Female Mate Choice e do Male Mate Choice em classes sociais inferiores é fraca ou mesmo inexistente. Rapaz de favela acaba se casando com moça de seu meio social mesmo, pois não pode sonhar em se casar com moça de família abastada. O mesmo acontece com moça moradora de favela, por falta de opção melhor. O máximo que o rapaz ou a moça de favela podem esperar de seus parceiros sexuais são a fidelidade e a alta probabilidade de virem a ser boas mães ou bons pais para os filhos, respectivamente.
As conseqüências genéticas da Escolha da Fêmea e da Escolha do Macho, onde há atração entre similares, é que os genes que condicionam traços fenotípicos como inteligência e beleza vão aumentar na população devido à “Escolha Mútua” de parceiros sexuais bonitos e inteligentes.
Quando a “Escolha do Macho” e a “Escolha da Fêmea” são fracas como ocorre nas classes sociais inferiores, os indivíduos não conseguem sair do “buraco social”, isto é romper o círculo vicioso da pobreza gerando mais pobreza: O rapaz de favela casando-se com moça de favela, vai gerar filhos a quem não terão condições de proporcionar boas escolas, educação universitária, boa qualidade de vida – boa alimentação, boa moradia, recursos como computadores, viagens pelo Brasil e pelo mundo. Portanto, filhos que continuarão vivendo no “buraco social”. Ascensão social é algo difícil para um morador de favela; só conseguiria tal proeza com muita perseverança, muito esforço, ou se for portador de características excepcionais, como serem rapazes muito “bons de pinto”, ou moças muito “boas de cama”, muito belos, muito simpáticos e atraentes ou muito inteligentes.
A Competição entre Machos (Male-Male Competition) parece ser mais fraca que a Competição entre Fêmeas (Female-Female Competition) em humanos. Há muito mais homens que são “amigos do peito” que mulheres “amigas do peito”. As festinhas de “desnoivado” ou de “descasamento” onde entram somente homens (stag parties) são mais concorridas e populares que as festas onde entram somente mulheres (hen parties). Os homens festejam o “desnoivado” do amigo, pois ele conseguiu evitar de “entrar numa fria” e agora solteiro outra vez, é recebido como um novo companheiro que vai se juntar às farras do seu grupo.
Para provar que o “Female-Female Competition” é mais intensa, basta lembrar que quase nenhuma mulher festeja o “descasamento” ou o “desnoivado” de uma amiga, pois a nova solteira é recebida como uma inimiga que pode “roubar” o seu marido, portanto uma ameaça. Basta lembrar como os rapazes de “bons partidos” são disputados até a tapas pelas moças em idade de casar. Há 50 anos atrás, rapazes de “bons partidos” eram os “doutores” (rapazes com diploma universitário) e os funcionários do Banco do Brasil. Hoje devido ao achatamento salarial drástico ocorrido e pela perda de inúmeras regalias que desfrutavam como empregados dessa instituição, tais rapazes já não despertam mais tanto interesse sexual entre as moças em idade de casar. Hoje em dia, rapazes de “bons partidos” são os filhos de banqueiros, grandes empresários, fazendeiros, de famílias abastadas e os rapazes pós-graduados em alguma universidade famosa do exterior.
O Female-Female Competition é observado também em algumas espécies de macacos.
A heterossexualidade envolve jogo amoroso entre os parceiros sexuais que nem sempre acaba na transa. Quando o macho diz “hoje não, meu amor”, é “não” definitivo, a transa não rola mesmo e a fêmea não pode fazer nada. Quando a fêmea diz “não” pode acontecer uma das duas coisas: o macho respeitar a decisão da fêmea e a transa não rolar ou o macho forçar a barra, estuprando a fêmea. Não estou, de forma alguma aprovando e muito menos defendendo o estupro, uma AGRESSÃO SEXUAL praticado pelos machos contra as fêmeas, portanto um comportamento sexual BEM REPROVÁVEL.
Quando há CONSENTIMENTO MÚTUO, a heterossexualidade é a forma mais bela de sexualidade.
Para fecharmos esse ensaio, imaginemos um jovem casal heterossexual caminhando de mãos dadas, às margens de um lago de um parque arborizado ao cair da tarde.
Segue-se um apetitoso jantar a dois, no começo da noite. Depois irem ao cinema assistir juntos a um filme romântico de amor.
De volta à casa, tomar um banho quente juntos, massageando mutuamente seus corpos com essências sensuais.
Na cama o despertar do desejo sexual mútuo. Longo beijo na boca, os amassos nos seios macios da mulher, o homem bolinando o clitóris roliço com a língua gulosa. A mulher massageando o pinto, deixando-o ereto prontamente. Depois a penetração vaginal voluptuosa, com o vigoroso movimento de vai-vem, com o pinto empurrando com força o fundo da vagina. Depois de minutos, o orgasmo mútuo inebriante que parece durar a eternidade do universo. Terminada a apaixonada transa, o homem faz a clássica pergunta:
- Foi bom, meu bem ?
- Mas é claro, querido !
Entusiasmado, o homem continua:
- O que você sentiu ?
- Todo o prazer do universo !
- O que você achou do meu pinto ?
- Seu pinto esteve ótimo. Você é realmente “bom de pinto”!
Para os homens que ainda não sabem, as mulheres gostam que o diálogo continue além da primeira pergunta. Se a mulher declarar que gostou de transar com você, continue o diálogo, fazendo as outras duas perguntas. Pois, os pintos não tem o mesmo desempenho, cada transa é uma experiência única na vida do casal, cada homem (e cada mulher também) sua forma especial de transar ! Afirmar que (e fazer com que) todas as transas são iguais, é falta de imaginação e de criatividade ! Esse diálogo continuado é bom para ambos os sexos, o homem se mostra interessado em proporcionar prazer sexual à mulher e esta poder demonstrar a sua satisfação sexual ao homem, enfim se a transa foi boa para ambos os parceiros.
Os bravos espermatozóides depositados no fundo da vagina, continuam a história desse amor. Nadam contra a corrente, em busca do óvulo que está nas profundezas das vias genitais da mulher, esperando ser “comido” pelo espermatozóide mais vigoroso e mais corajoso. Enfim, o encontro mais esperado geneticamente, a fecundação e o começo de uma nova vida. O casal heterossexual, que nesse instante está dormindo abraçado, consegue assim perpetuar seus genes, cumprindo a sua missão biológica como macho e fêmea.
Isso é belo demais !








REFERÊNCIAS

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