Em noites de sábado existe uma regra, é preciso sair, se divertir e beber. Fico pensando, serão as únicas maneiras de diversão? Parece que não, no meu universo, um bom livro é melhor, se for acompanhado daquela música que eu gosto, então é supimpa. O que dizer de um bom filme, daqueles antigos, que só o Billy Wilder sabia inventar? Mal dá tempo de fazer um sanduíche, ou aquela receita especial, que só um bom vinho pode acompanhar. Para dias de chuva, prefiro um filme do Hitchcock, nem precisa pipoca. Mas, também posso ficar refestelada numa poltrona, lendo algum clássico esquecido ou um bom policial como Chandler ou Simenon. Quem disse que isso não é diversão? Posso ouvir as Birdland Sessions, do Miles Davis ou a Pastoral, do Bethoven. Também posso ficar vendo a chuva da janela, como cai sobre as folhas, como acaricia as flores. E inventar de memória um poema sem rima, uma canção sem estória. O gato sapeca salta no meu colo querendo carinho. Do lado de fora, os passarinhos buscam guarida, pois não têm guarda-chuvas. Mas, porque hoje é sábado, como dizia o Vinícius, vou fazer um bolo, pintar um quadro e dar um abraço. Posso estar acompanhada ou sozinha, mas vou me divertir, Ã s tantas. Não existem regras, pois a diversão é uma condição interna, é estar aberta para a simplicidade e as boas coisas da vida, que sempre são pequenas e passam desapercebidas. |