Intraconexão
Rozelia Scheifler Rasia
Na soleira do universo,
céu de ouro em pó,
duas luas espelham-se,
o sol, a espiral, o indecifrável.
A terra redesenha a elipse.
No expoente infinito,
em agreste vertente,
o tropel selvagem do cavalo alado.
A serpente espreita.
A colheita, os rebanhos, as colméias,
os ninhos, a revoada,
as quatro estações, sinais de vida
Corpos hermafroditas abençoam a plenitude.
O ouro, o diamante,
a pirâmide, o faraó,
as trombetas, o espelho,
o segredo dos viventes,
a fala atemporal dos mortos,
o silêncio dos tempos,
a caixa de pandora.
A memória universal é templo inviolável.
Lâmina, arma branca,
A pólvora, o estampido,
estilhaço, alucinação.
A alma prospecta a luz e a escuridão.
O solstício de inverno,
As tempestades do pacífico,
A magia secreta do equador,
O monge a levitar no Himalaia,
A letra, o número, o papel.
A eterna presença do olho que tudo vê.
Globo cego a girar,
Lilithy, a mulher, foge do paraíso
Eva, é a outra de Adão.
Rubi, lágrima do amanhecer.
Metáfora, pleonasmo, paradoxo,
O Líbano de Gibran
Ilusão, poesia,
Cabala, o signo, a revelação.
O arco-íris a escorrer pelos dedos dos anjos.
Áries, capricórnio, peixes,
Símbolos, enigmas
Calendário dos incas,
O décimo planeta,
O código genético,
Biotecnologia,
Sabedoria, insensatez
Fragmentos desconexos.
O olhar da serpente seqüestrou o destino.
Poesia publicada na Coletânea ‘Entrelinhas’ – ALPAS XXI – 2002
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