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Ensaios-->Maçonaria não é uma entidade superpoderosa -- 12/10/2008 - 16:27 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
12/10/2008 11:45

Reportagem

http://www.conteudo.com.br/studart/maconaria-nao-e-uma-entidade-superpoderosa

Maçonaria não é uma entidade superpoderosa

Para o historiador Marco Morel, co-autor do livro 'O Poder da Maçonaria - A História de uma Sociedade Secreta no Brasil' (que será lançado no dia 17 out 2008), a maçonaria foi um espaço importante para a articulação da Independência, mas não a responsável por ela. A entrevista abaixo foi publicada no Estadão de domingo 12 out 2008. Leia também reportagem de Wilson Tosta sobre as organizações maçônicas no Brasil. O conjunto da entrevista e reportagem ajuda a entender o que é, afinal, a maçonaria no Brasil de hoje.
por Wilson Tosta

Uma sociedade carbonária secreta, que comandou uma conspiração internacional geradora de revoluções anticlericais e movimentos pela liberdade na Europa, América do Norte e Brasil. Isso é tudo o que a maçonaria jamais foi, diz o historiador e jornalista Marco Morel, autor, com a também historiadora Françoise Jean de Oliveira Souza, do livro O Poder da Maçonaria - A História de uma Sociedade Secreta no Brasil, que será lançado no dia 17 no Rio. Na obra, Morel também desfaz com a colega mitos cultivados pelos maçons sobre sua própria origem. São lendas imersas em mistério, misturando o rei Salomão, os pitagóricos, a Ordem dos Templários e até o Antigo Egito - nada comprovado historicamente, diz o historiador. 'Parece mais enredo de escola de samba', ironiza. Em entrevista ao Estado, Morel afirma que, despida do protagonismo político que teve no passado, a maçonaria é hoje uma organização com finalidades basicamente filantrópicas e de rede de relacionamento.

A maçonaria é envolta em lendas. No Brasil, diz-se que teria teria sido decisiva na Independência. O que há de verdade nisso?
Na verdade, a maçonaria é mais um determinado estilo, uma forma de se organizar, com ritos e símbolos, apropriado em vários lugares do mundo. Não é uma entidade superpoderosa, possante, centralizadora e oculta que decide os destinos da humanidade. Isso realmente é uma lenda, que foi em geral criada pelos inimigos da maçonaria, como forma de atacá-la, e muitos maçons incorporam isso, como forma de se valorizar. Isso se aplica a tudo, inclusive à história do Brasil. Então, foi um espaço importante de articulação e de preparação para a Independência. Mas não se pode dizer que foi a maçonaria que fez a Independência, e sim que o espaço maçônico foi usado para articular a Independência, junto com outros espaços, que não eram maçônicos.

Em que moldes ideológicos se deu essa articulação?
Os maçons (do Brasil) são pessoas oriundas do chamado Império Luso-Brasileiro. Então, é esse grupo que vai se apropriar do espaço maçônico e vai fazer esse projeto de uma Independência mantendo a monarquia, a dinastia de Bragança no poder e criando um Estado nacional que se construía de maneira centralizada. Foi esse projeto que prevaleceu. E a maçonaria foi um espaço de elaboração, de articulação para esse projeto.

A maçonaria 'sufocou' a idéia de uma Independência republicana?
Sem dúvida. Não foi só a maçonaria, mas ela foi uma forma de organização que permitiu que se fizesse a Independência da forma como foi feita, sufocando a idéia republicana ou um liberalismo que fosse mais participativo. Na verdade, o espaço maçônico era um espaço de disputa, de embate. Os chamados republicanos da época e outras tendências também estavam no espaço maçônico, disputando. Só que eles perderam para esse grupo que manteve a hegemonia, que era ligado a D. Pedro I e José Bonifácio, com outro perfil.

E como ficou a maçonaria depois da Independência?
Na medida em que o Império se consolidou, embora tenha continuado um espaço de embates, ela teve sempre uma tendência de estar alinhada com o projeto hegemônico do Império, pelo menos até os anos 1860. De um modo geral, os grandes nomes do Império, como Duque de Caxias, Visconde de Uruguai, vários deles sem dúvida eram maçons, eram grão-mestres.

A maçonaria sempre cultivou lendas sobre suas origens - rei Salomão, antigo Egito, templários -, mas seu nascimento é bem mais recente, não?
Historicamente, a gente pode comprovar que existiam as corporações de ofício da Idade Média e em dado momento, já no começo do século 18, elas, como dizem, passaram de operativas a simbólicas, passaram a usar aquilo como uma simbologia e não como um ofício em si. Mas os maçons são muito férteis em inventar outras narrativas de origem, os antropólogos chamam de mitos de origem. E uma pessoa que não está habituada a uma reflexão histórica embarca facilmente nesse tipo de coisa, fazendo ligação com os templários, com Rosacruz, com o Egito antigo, com Salomão... Isso parece mais um enredo de escola de samba.

A maçonaria teve seu auge no Império e depois decaiu?
Não sei se decaiu. Mas mudou de perfil. Deixou de ter atuação mais direta na cena política e passou, a partir de meados do século 20, a atuar na base da ajuda mútua e da filantropia, ligada a entidades semelhantes, não-maçônicas. Então, ela pode privilegiar mais as redes de relacionamento interpessoais, de ajuda mútua e filantropia.

No século 20, a maçonaria participou de episódios mais próximos, como 64?
O que a gente pode perceber é que a maçonaria não teve uma participação de ponta, mas pelo menos os altos escalões, os dirigentes maçônicos, deram apoio efetivo ao golpe de 64, apoiavam a repressão, o combate ao comunismo internacional, todo o discurso da ideologia de segurança nacional. O que na verdade é uma contradição com essa tradição maçônica de liberdade de consciência etc.

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Maçons agora miram defesa da AmazôniaGrão-mestre diz que corporação viu necessidade de voltar às atividades políticas, embora não partidárias
por Wilson Tosta

'Para falar com o grão-mestre, tecle 30.' A suave voz feminina da secretária eletrônica que atende ao telefone do Grande Oriente do Brasil no Rio de Janeiro (GOB-RJ) desfaz o que poderia restar de mistério em relação à maçonaria brasileira, transformada, 186 anos após a Independência do Brasil que ajudou a fazer, em uma organização basicamente beneficente. Ainda fiel às cerimônias que herdou dos primeiros mestres maçônicos brasileiros, o GOB tenta agora, porém, voltar a atividades políticas, embora não partidárias. Há três anos, desenvolve campanha pela soberania nacional na Amazônia. O Grande Oriente é a maior e uma das três Grandes Obediências em que se dividem os maçons no País; as outras são a Grande Loja Maçônica e os Grandes Orientes Independentes.

'Hoje, com a restauração da democracia, a ordem está sentindo a necessidade de novamente trabalhar junto aos anseios populares', diz o grão-mestre do GOB-RJ, Eduardo Gomes de Souza, em entrevista no gabinete do Palácio Maçônico do Lavradio, sob o 'olhar' de um retrato de José Bonifácio - primeiro grão-mestre da ordem, fundada em junho de 1822. 'Sentimos que os órgãos que deveriam representar o povo não estão cumprindo seu papel. Mas não recebemos nada do governo. Somos totalmente independentes.' Para a eleição de 2008, o GOB elaborou um documento, que enviou aos 12 candidatos a prefeito do Rio.

O grão-mestre lembra que o caráter político da maçonaria no Brasil foi forte na Independência, na Abolição e na Proclamação da República, mas explica que, a partir da ditadura do Estado Novo, por conta do fechamento institucional, 'os maçons se recolheram e passaram a exercer a beneficência, o auxílio aos menos favorecidos'. O mesmo aconteceu durante a ditadura militar, período em que, segundo ele, a maçonaria não foi às ruas 'nem para defender nem para atacar' o governo autoritário. Souza reconhece que maçons, individualmente - muitos eram oficiais das Forças Armadas -, participaram do regime. 'Mas nenhum grande líder da Revolução de 64 era maçom', garante.

Souza reconhece que muitas lendas que envolvem a maçonaria foram incentivadas pelos próprios maçons, como maneira de afastar os curiosos. 'Hoje, no mundo moderno, não dá mais para mantê-las', diz, sorrindo. 'A ordem está muito desmistificada.' No fim do século 19, integrantes da Igreja Católica chegaram a acusar os maçons - que tinham no segredo uma de suas práticas mais características - de satanismo.

Hoje, a maçonaria tem até sessões públicas, mas no passado era muito diferente. 'Minha avó foi entrar pela primeira vez numa loja maçônica convidada por minha mãe, para assistir a uma solenidade com meu pai', compara Souza, filho e neto de maçom, professor universitário e há 28 anos na instituição.

Embora repita a origem para a instituição reconhecida pelos historiadores - corporações de ofícios de construtores, sem ligação a nenhum feudo ou comuna, com liberdade para circular pela Europa na Idade Média, que em 1717 se constituíram na maçonaria, na Inglaterra -, Souza também relata supostas ligações com os templários.

Segundo ele, 'existe a idéia' de que os cavaleiros do Templo de Jerusalém, quando perseguidos pela Igreja e pela França, no século 14, ocultaram-se nas corporações de construtores.

'Temos na nossa ordem influência muito grande dos templários, como a beneficência', diz. O braço do GOB para adolescentes, a Ordem De Molay, é uma alusão a Jacques de Molay, último grão-mestre templário. Souza também fala da suposta influência de Pitágoras, que 'teve um lado esotérico', nas corporações de construtores. Os maçons gostam ainda de lembrar suas origens democráticas. Souza conta que a ordem, inicialmente, por sua raízes inglesas, era monárquica e, depois de chegar à França, embebeu-se dos ideais libertários da Revolução.

POTÊNCIAS

O Grande Oriente do Brasil é a única potência maçônica que pratica os seis ritos maçons, segundo Souza. Rito, explica ele, é uma forma de realizar as atividades dentro da loja maçônica - a unidade básica de organização da instituição. Dois ritos, o Brasileiro e o Francês Moderno, são específicos do GOB; outros três são comuns às três Grandes Obediências (são o Escocês Antigo e Aceito, o de York e o Schroder, de origem alemã); e um, o Adonhiramita, é praticado pela Grande Loja e pelos Grandes Orientes Independentes.

Segundo Souza, há cerca de 300 mil maçons brasileiros, dos quais 150 mil são do GOB, sediado em Brasília. O Grande Oriente do Brasil tem estrutura que replica o Estado: um grão-mestre nacional e grão-mestres estaduais, eleitos por quatro anos, e até poderes legislativo e judiciário internos, além de um ministério público e um tribunal eleitoral. Na base, estão as lojas, cada uma dirigida por um venerável.

Até 1978, teve sua sede nacional no Palácio Maçônico do Lavradio, onde estava desde a década de 1840, hoje tombado. Para se tornar integrante do GOB (só homens podem ser maçons, mulheres têm organização própria), o candidato deve ser convidado, apresentar certidões negativas e passar por processo de seleção. Souza diz que a entidade tem 'de desembargadores a motoristas de táxi' .

A Grande Loja Maçônica e os Grandes Orientes Independentes têm estruturas estaduais mais autônomas e confederativas.


tags: Maçonaria, Grande Oriente do Brasil, Sociedades Secretas,


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