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Ensaios-->A mão invisível mendiga -- 11/10/2008 - 00:31 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A MÃO INVISÍVEL MENDIGA

Mair Pena Neto (*)

A mão invisível do mercado, aquela que sempre se arvorou como a única capaz de ordená-lo adequadamente, está estendida há semanas pedindo esmolas do Estado que sempre condenou. Como os mendigos mais abandonados, ela expõe suas chagas em Wall Street e outros pregões do mundo, enquanto vê sangrar suas últimas resistências.

Os Bancos Centrais correm para estancar a hemorragia que atravessa continentes e ameaça jogar o mundo em terrível recessão. Ninguém sabe o tamanho da doença. Já se fala em astronômicos 12 trilhões de dólares, mas pode ser mais diante da falta de conhecimento da verdadeira contabilidade das instituições financeiras. Os títulos podres se espalharam feito câncer, contaminando corpos dos Estados Unidos à Ásia, passando como um furacão pela Europa.

O curioso é que o mercado continua sendo tratado como um ente indefinido, aquele que fica nervoso quando tempestades atingem o golfo do México ou uma guerra se inicia em alguma parte do mundo, mas cuja identidade ninguém conhece.

O que está acontecendo agora no mundo tem responsáveis claros, com nome, endereço e identidade. Além dos Tesouros nacionais deviam estar em cena os Judiciários de cada país investigando como se desenrolou a ciranda dos papéis sem lastro e botando na cadeia seus operadores.

Por conta de irresponsabilidade e ganância de alguns, o mundo todo está pagando. A questão ultrapassou fronteiras nacionais e talvez o mais recomendável fosse uma corte internacional que fizesse um grande julgamento, similar ao dos criminosos de guerra, levando ao banco dos réus banqueiros e empresários inescrupulosos.

No Brasil, duas empresas tiveram perdas enormes em seu valor de mercado porque apostaram alto no mercado futuro e caíram do cavalo. Em uma delas, o diretor financeiro foi demitido. Certamente vislumbrava um bônus colossal, semelhante aos de Wall Street, quando apostou o dinheiro da empresa numa operação arriscada.

Foi esta lógica que orientou bancos e empresas nos EUA e Europa. A lógica da vantagem, de ganhar muito em pouco tempo, com base na especulação e na falta de lastro real. Assim, além de recapitalizar o sistema financeiro, os Estados nacionais, de comum acordo, deveriam colocar algemas na mão invisível, controlando todos os seus movimentos e em alguns casos a deixando atrás das grades.


(*) Mair Pena Neto trabalhou na Globo, JB e Agência Estado. Foi correspondente da F-1 em Londres, durante 3 anos. Foi editor de política do JB e repórter especial de economia. Atualmente trabalha na Agência Reuters.


***

À espera da próxima bolha especulativa

Félix Maier

O jornalista Mair Pena Neto faz uma embrulhada dos diabos, confundindo a 'mão invisível' de que falava o liberal clássico Adam Smith em seu livro A Riqueza das Nações com a 'mão invisível' dos gatunos da ciranda financeira internacional que assaltaram os bolsos de milhões de pessoas (Cfr. texto em http://nogueirajr.blogspot.com/2008/10/mo-invisvel-mendiga.html).

E o que vem a ser essa tal 'mão invisível'? Diz Mário Persona no artigo 'A mão invisível' (Cfr. http://www.economiabr.net/colunas/persona/persona-a_mao_invisivel.html):

'Em 1776 Adam Smith entregou, de mão beijada, a explicação para o equilíbrio aparente de uma economia descentralizada. Segundo ele, não é pela benevolência do açougueiro, do cervejeiro ou do padeiro que nos é garantido o jantar, mas pelo egoísmo deles, ao agirem em benefício próprio. Na contabilidade final e geral, embora busquem seu próprio bem, cada um é levado, por uma `mão invisível`, a promover um fim que não fazia parte de seus intentos.'

O liberalismo clássico nunca condenou o Estado, como quer fazer crer Pena Neto, pois sempre pregou um Estado enxuto, atinente às suas funções peculiares, quais sejam: Educação, Saúde e Segurança. Mas também fiscalizador da atividade econômica, para evitar abusos de empresários, bancos e empresas financeiras. Enfim, um Estado descentralizado administrativamente e centralizado apenas nas questões atinentes às leis gerais da política e da economia, para preservar os direitos e deveres de cada cidadão, e também para que as unidades da Federação não entrem em choque umas contra as outras - como já pregava Tocqueville em sua obra-prima A Democracia na América. A iniciativa privada deve ficar primordialmente nas mãos dos empresários, não do Estado, para que as empresas se tornem mais lucrativas e menos sujeitas à corrupção. Além desse princípio da livre iniciativa, o liberalismo clássico prega, ainda, a liberdade de opinião, a liberdade religiosa, o respeito à propriedade privada e o culto às leis. Todos os países que adotaram tais princípios estão entre os mais ricos do mundo. Aqueles que preferiram a tutela absoluta do Leviatã estatal estão capengando há séculos, como é o caso do Brasil e de muitos 'emergentes', além dos casos clássicos de Cuba e Coréia do Norte na atualidade, e da União Soviética no passado.

Atualmente, acusam-se os governos Reagan e Thatcher de terem desregularizado demasiadamente a economia, concorrendo para a crise global da atualidade. Não sei até onde isso é verdade ou mentira, porque a especulação imobiliária, tanto nos EUA, quanto na Grã-Bretanha, além da alavancagem exagerada dos bancos americanos e seus infindáveis derivativos, todos esses problemas começaram muito depois de Reagan e Thatcher terem abandonado seus empregos. Grosso modo, seria culpar Adam Smith e o livre empreendedorismo da 'mão invisível' pelo caos ora visto em todo o mundo, o que é um absurdo.

Os culpados da atual crise não são apenas os gerentes de bancos e os operadores da pirâmide financeira, como quer Pena Neto, mas todos os clientes envolvidos na maracutaia, que viram nestas operações duvidosas a chance de ganhar dinheiro fácil. Quando a bolha piramidal estourou, viram que não tinham o patrimônio previsto, com a desvalorização dos imóveis e dos papéis, que estão cada dia mais podres. Ao fim da crise, ter-se-á o real valor da economia mundial, não esses números estratosféricos de trilhões e trilhões de dólares que só têm sentido nos vaporosos balanços virtuais, não na realidade - a tal 'economia real'.

Depois desse tsunâmi global, as coisas vão se acalmar e teremos a oportunidade de ficar aguardando a próxima bolha especulativa. Recentemente, tivemos a 'bolha da internet'. E qual será essa nova bolha que está para vir? A venda de emissão de carbono em troca do plantio de uma árvore? Até imagino os jornais do futuro: 'Investidores estão revoltados com a especulação carbono-árvore, que deixou milhões de pessoas com papéis podres nas mãos depois de terem plantado bilhões, trilhões de árvores na Amazônia e no Cerrado'...

Voltando à crise atual: está certo Pena Neto, ao afirmar que, devido à ganância de muita gente, o mundo inteiro irá pagar uma conta pesada - como sempre acontece nesses casos.

Mas, afinal, quando ocorrerá a próxima bolha? Façam suas apostas no mercado futuro das árvores...

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