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Artigos-->Literatura de raiz. Análise e crítica -- 04/12/2012 - 13:55 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




A crítica  é importante quando se reveste de prévia análise.  Ninguém  consegue criticar uma obra, com isenção de ânimos, se não analisar primeiro os  fenômenos de linguagem e técnicas utilizadas para construir imagens.Nem sempre as críticas são favoráveis e embora  não mudem o estilo do escritor, podem apontar o melhor caminho para  atingir o público-alvo.E, se já está no caminho, reforça e estimula o trabalho “quase artesanal” da arte de escrever.  Recordo-me das dificuldades encontradas por Ângela de Paula, quando revisava Saga dos Marianos: “Não estou conseguindo trabalhar...quando cuido, lembranças maravilhosas da infância me fazem viajar em mundo de sonhos e fantasias infantis!...” O comentário de Joel Pereira, aproxima-se de Ângela. “ Essa sua narrativa tem o poder de envolver o leitor a uma situação quase surreal. A mim me fascina, pois me transporta à minha infância no interior do Nordeste.”



A Literatura de Raiz: encontrada na obra “Senda de Flores e Espinhos”, do escritor  ADALBERTO LIMA, (por Solange Gomes)



A construção das identidades e as representações de mundo são retratadas no livro “Senda de Flores e Espinhos”, com um olhar sistêmico /funcional do escritor Adalberto Lima, que nos presenteia com uma magnífica literatura de raiz....  através da sua composição lírica, o escritor usa e abusa das metáforas, das frases diretas e comparações. Tendo como principais temas abordados seus amores platônicos, acontecimentos de sua infância, juventude e seus mistérios...O livro “Senda de Flores e Espinhos”, estrutura-se tendo em vista a teorização, aplicação e encontro de alternativas aos problemas suscitados pela análise dos fenômenos de linguagem em torno das intenções (individuais e coletivas) comunicativas na conversação do dia-a-dia, chistes, sonhos, controvérsias, das metáforas, da arte, da cultura regional, bem como discutem modelos de interpretação e compreensão em diferentes campos de idéias, questões teóricas e práticas que, contemplamos e observamos nas dimensões sintática, semântica e retórica da linguagem que o escritor de diversos gêneros literários utiliza com esmera perfeição nas suas construções literárias.Trazendo em seu bojo os novos questionamentos de uma época vivida entre amigos, nos possibilita entrar numa perspectiva de reflexão sobre seus temas e abordagens principais, quanto em uma perspectiva dialógica de seus personagens. Exemplificamos essa passagem, no seu “novo” trabalho de campo literário com “A DAMA DO METRÔ”.

Nesse caminhar nas “Sendas”, a história é um processo mágico que reconstrói os sonhos.



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Solange Gomes faz parte do grupo de pesquisa: Linguagem e Cultura, da Universidade Federal do Paraná.



 



Sobre “Senda de Flores e Espinhos”  o crítico literário Francisco Miguel de Moura diz:



Todas as sendas são de flores e espinhos, a menos que o sujeito tenha nascido em berço de ouro. Não é o caso de Adalberto Antônio de Lima, menino matuto do interior (Rodeador, hoje Santo Antônio de Lisboa - PI). Antes foi comerciário em Picos. Depois zanzou como bancário (Banco do Brasil), no interior do Piauí e de Minas Gerais, onde fez parte de sua vida ativa. Hoje, aposentado, mora no Rio, e escreve. Publicou dois livros e organizou dois...Adalberto  Lima escreve com bom humor, sua leitura é fácil e agradável... (grifo nosso) Ele pesquisou e guardou na memória muitas coisas importantes. Mas, sempre que necessário, recorre ao irmão mais velho, De Assis. Duas de suas histórias, a última e a primeira, muito me balançam coração. A última, porque sou citado (surpresa) e a primeira, porque se refere a Candinho de Mariano e a Pascoal Silva, ambos personalidades importantes daquela cidade e município, onde eu também vivi, quando meu pai era mestre escola lá, e morávamos numa casa ao lado da dos pais de Adalberto. De sua irmã mais velha, Neomísia, fui colega na escolinha de Mestre Miguel. De qualquer forma, essas lembranças, mais a dos comerciantes Pascoal Silva (meu primeiro empregador), e Candinho de Mariano, na minha já quase adolescência, me tocam fundo. Como não iria gostar das crônicas de Adalberto? Ele é bancário do Branco do Brasil como eu. Ele é escritor de suas sendas como eu. A senda bancária e outras. Ele é um realista com boas tintas de modernidade, especialmente na frase desataviada, no vocabulário sem receio. (grifo nosso).Adalberto é um observador de mão cheia e me parece que tem memória de elefante. Assim, por onde passa vai gravando as figuras folclóricas da cidade, fazendo uma espécie de estudo histórico-sociológico dos lugares e cidades onde habitou. Não estou dizendo apenas do valor memorialístico, histórico e sociológico do seu trabalho. Muitas páginas emocionam. Longe do classicismo carcomido, mais perto do popular qual um Fontes Ibiapina. (grifo nosso).Admito que muitos, como eu, vão gostar. É literatura. Não precisa ser um gênio como Machado de Assis ou Euclides da Cunha para conduzir a escrita na boa senda da língua, da poesia, da imagem e da metáfora...Não resta dúvida de que essas crônicas todas podem virar contos. Ou não. Conto ou crônica, não importa. Hoje, como ontem, a crônica é por demais valorizada e basta um autor ser bom cronista como João do Rio (pseudônimo de João Paulo Emílio Coelho Barreto), para ser entronizado clássico da literatura. O próprio Machado de Assis fez essa caminhada na crônica, terminando por recriá-la à moda brasileira...O autor de “Senda de Flores e Espinhos”, pelo visto vai chegar ao topo do nosso cronismo como os mestres Rubem Braga e Fernando Sabino, para falar nos mais conhecidos. O que será sua glória aqui iniciada, em cuja senda persistirá certamente e com a mesma gana com que escreveu os seus três livros."



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*Francisco Miguel de Moura, ex-presidente da União Brasileira de Escritores (UBE/PI),escritor brasileiro, mora em Teresina – Piauí – Brasil.



 AS CRÍTICAS APONTAM PARA A MESMA DIREÇÃO: Leitura fácil e agradável, esta, sem dúvida é a marca do autor.



 DEBRUÇOU-SE GILSON CHAGAS SOBRE UMA SENDA DE FLORES E ESPINHOS:



 



Saudações ao amigo Adalberto Lima.





Além de uma nova criação literária a brotar na seara das letras, esta Senda de Flores e Espinhos – obra memorialista de Adalberto Lima - conduz-me a um reencontro de especial simbologia. O autor, um precioso amigo de juventude, partilhou comigo os passos iniciais de um ideal literário que, à época, se nos insinuava como porta para um planeta encantado cujo reino, na pureza da adolescência, sonhávamos descobrir e conquistar..De outro modo, Adalberto é personagem vivo duma história real em que um grupo de jovens interioranos, malgrado a precariedade dos meios e a incerteza dos fins, ensaiávamos voos na literatura e “resolvíamos” nossas divergências filosóficas em rodadas de “pitu” e noites de serenatas - estas últimas, às vezes, tão mal sucedidas quanto sempre eram as primeiras..Nos idos de setenta e um, adolescentes ainda, eu, ele e Odaly Bezerra, outro poeta de mão cheia, dividimos a direção, redação e vendagem do jornal “O Brado Estudantil”, que tinha como base física, em Picos, o armazém Flor de Lis de seu irmão Assis Lima, e o Colégio “Marcos Parente” como mercado-alvo principal.Tangidos por uma polivalência forçada, acumulávamos as funções de diretor, jornalista e jornaleiro, sem mudar a camisa: captávamos patrocínios, redigíamos os editorias, editávamos as matérias dos colaboradores, supervisionávamos a impressão e vendíamos a tiragem no varejo, percorrendo a cidade, a pé, com os jornais na cabeça.

O Brado, a despeito de uma estréia explosiva (no âmbito do Colégio) não conseguiu romper os muros da primeira edição. Faltou-nos paciência para esperar nova vaga na pauta da gráfica - de composição manual - que, nas madrugadas de folga, por um preço camarada, nos abrira suas prensas. A gráfica Picos tardava, mas não era de faltar: A próxima impressão sairia em um dos meses seguintes, provavelmente ainda no ano em curso, desde que as máquinas não nos pregassem uma peça, entrando em parafuso. Precipitados, demos destinação nada nobre ao lucro obtido na primeira (e única) tiragem - Já naquele tempo, as farras eram um pedregulho nas botas da mocidade. Poucos anos depois, o Banco (do Brasil), para cujo quadro funcional fomos aprovados, levou-nos para praças distantes entre si. Naveguei, desde então, por este Brasil urbano e caboclo, à procura do “caminho para as índias”. Adalberto, por seu turno, descobre, logo, as Minas (Gerais) de seus novos passos e amores e ali aportou com ânimo de permanecer e “sem medo de ser feliz”...

As “Sendas” têm, no trecho inicial, relembranças em que pontifica a gente simples das periferias de nossa infância. Na quadra seguinte, as histórias migram com ele para sua fase mineira. Ali, aparece um Piau irreverente e peralta, personagem cuja identidade o autor parece voluntariamente assumir. E Piau não se faz de rogado: não contente em apagar as velas que Adalberto, em tempos pregressos, consagrara ao partido de Deus, ele acende outras para a oposição...

O livro traz à tona, ademais, em sua primeira parte, corruptelas e regionalidades que no Nordeste atual - plugado na tecnologia e em processo crescente de globalização - já se veem pouco a pouco reduzidas ou circunscritas a núcleos rurais específicos. Na obra de Adalberto, contudo, esse resgate se impõe e se explica. Pois se a terra já vivencia diferente patamar cultural, nos filhos distantes, aqueles elementos compõem um “arquivo morto”, paradoxalmente vivo em seu âmago. Recriar, porém, é papel primordial da literatura. Aqui, os falares nordestinos, ali, fragmentos do linguajar mineiro, alhures, ambas as regionalidades se conjugam, porque representam retalhos de uma grande colcha denominada Brasil. É assim que uma unidade menor, ao escapar de seu isolamento, .funde-se a contextos regionais semelhantes e tornam-se um sistema de dimensões indemarcáveis; universalizam-se. Estimado amigo Adalberto, que imensurável prazer reencontrá-lo! E, invocando aquelas nossas especulações verbo-nominais, melhor ainda é reencontrá-lo escritor, “de volta para o aconchego” das musas, reconciliado de mala e cuia com sua antiga vocação.

Devo confessar que, nestas décadas, não temi perder o companheiro leal de tantas viagens do intelecto e inocentes peripécias .As amizades verdadeiras são atemporais e indiferentes às reentrâncias da geografia. Receava, porém, que aquele literato, que tão bem se esboçara nos anos setenta, se perdesse nos caminhos de seu novo mundo, quiçá formados de labirintos. Como, aliás, tantos se extraviaram, até aqui, nas rodilhas da burocracia, do poder político ou econômico, ou porque deixaram seu canto sufocar-se pelos desencantos.

Alegra-me, todavia, constatar que o tempo não diminuiu nossos pontos de convergência. Fez apenas alguns remanejamentos e adequações. Por exemplo: compensou-nos os desfalques na cabeleira com arrobas a mais na silhueta; rasgou nossa agenda de rodadas de “pitu” ou serenatas bizarras e acalmou-nos aquela impaciência que em setenta e um detonava o “Brado Estudantil”. E mais: lapidou-nos as ferramentas de trabalho e manteve intactas nossas asas de poeta.

E, assim, a força mágica da arte logra, mais uma vez, reunir o que à geografia e à história se mostrou impossível. É que, a despeito das distâncias e dos anos, continuamos congregando no mesmo culto (ao amor fraterno e às letras), de onde, em última análise, nunca nos dispersamos.



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Gilson Chagas

Escritor e professor


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