157 usuários online |
| |
|
Poesias-->GANGRENA -- 23/02/2003 - 13:54 (JOSE GERALDO MOREIRA) |
|
|
| |
290585
Meu pai segurou-me os braços
Sentou nas pernas
Sobre o sofá que ainda vive
Minha mãe veio com acolher quente
O azeite fervente
O algodão branco na mão morena
Eu variava de febre. Ela não ria nunca.
Naquele Sábado de meia-noite
Papai começou a contar a estória
Do rei dos peixes, que foi a primeira novela
Que tive notícia
Que não acabava nunca
Que fazia sonhar
Enquanto a mão, na testa febril, carinhava
Azeite fervendo no pé furado de prego enferrujado
No outro dia
O pé estava bom
Foi-se embora a gangrena:
Não será a minha
A perna que você levará!
|
|