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Ensaios-->FLORES TÃO BONITAS E PERFUMADAS FLORES TÃO BONITAS E PERFUM -- 14/08/2008 - 07:14 (MARIA AICO WATANABE) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

FLORES TÃO BONITAS E PERFUMADAS

Maria Aico Watanabe


A maioria das plantas se reproduzem por polinização cruzada, isto é, os óvulos são fecundados por pólen de plantas ou flores distintas.
Quando os ovários e os estames são formados na mesma flor, a natureza criou vários mecanismos para evitar a auto-fecundação.
Ovários e estames podem amadurecer em épocas diferentes da vida da flor. Se o ovário amadurece primeiro, os estames estão imaturos: a irmã mais velha está sexualmente adulta, mas o irmãozinho ainda é muito imaturo para fecundá-la. Quando o irmão atingir a maturidade sexual, a irmã já estará velha demais para ser fecundada. A virgindade é um desperdício na natureza. Os apreciadores da pureza das virgens, deveriam saber além disso, que as virgens não são tão puras nem ingênuas: Elas estão é gritando para serem possuídas. Como a virgindade é um desperdício, sou inteiramente a favor do casamento para as freiras. Se os estames é que amadurecem primeiro, os ovários estão imaturos. Nesse caso, o irmão mais velho é que se torna sexualmente adulto primeiro e tem que esperar muito tempo para que a irmãzinha se torne adulta. Quando isto acontecer, ele já estará decrépito demais para conseguir fecundá-la.
Ovários e estames que amadurecem em tempos diferentes é o caso das flores do abacateiro. Você precisa plantar duas variedades, A e B de abacateiros para conseguir colher abacates para fazer guacamole. Na variedade A, o ovário amadurece no período da manhã e à tarde já está estéril; os estames da flor amadurecem no período da tarde. Na variedade B, é o contrário. Então, a fecundação do óvulo da variedade A só é possível com o pólen da variedade B, a fecundação do óvulo da variedade B só é possível com o pólen da variedade A. Assim, a polinização na variedade A ocorre no período da manhã; na variedade B, no período da tarde.
Se você plantar em seu pomar somente abacateiros da variedade A, terá um montão de velhas donzelas morrendo virgens, sem produzir nada. Se você plantar somente a variedade B, terá um montão de velhos decrépitos deixando na mão jovens donzelas sedentas de sexo.
Se os ovários e os estames amadurecem ao mesmo tempo na mesma flor, a natureza criou barreiras para dificultar a auto-fecundação: os grãos de pólen não conseguem germinar no estigma do ovário (parte do ovário onde os grãos de pólen são depositados) por causa de inibidores químicos produzidos pelo estigma ou os grãos de pólen não conseguem penetrar pelo estigma para atingir os óvulos.
As plantas com fecundação cruzada de modo geral produzem flores vistosas ou perfumadas para atrair polinizadores (pássaros, borboletas). Os polinizadores é que vão levar os grãos de pólen para fecundar os óvulos localizados em outras flores, até mesmo em outras plantas. Essas flores de fecundação cruzada costumam produzir néctar, um líquido açucarado que é oferecido como recompensa para os polinizadores que lhes estão prestando o serviço de ajudá-los na reprodução.
Então, as plantas produzem flores vistosas e perfumadas para os POLINIZADORES.
Ao cultivarmos essas plantas no jardim, estamos roubando o espetáculo, trazendo-as para perto de nossos olhos e olfato. Ganham as plantas que serão protegidas no jardim, ganham os polinizadores que encontrarão fontes abundantes de néctar reunidos numa mesma área, ganhamos nós que passamos a usufruir da beleza e do perfume das flores. Somos, assim, convidados para assistir ao espetáculo da reprodução das plantas, aliás, convidados muito inconvenientes, pois a nossa presença no jardim pode perturbar a ação dos polinizadores.
As azaléias e hibiscos formam flores com ovário e estames, mas não formam sementes. Gastam tanta energia para a produção de flores vistosas que não sobra energia para a produção de sementes. Por isso, as azaléias e os hibiscos dependem completamente do homem para se multiplicar. Assim, as azaléias e os hibiscos são multiplicados através de estacas. Multiplicação, não reprodução. Durante a evolução a função reprodutora dessas plantas ficou inteiramente comprometida: elas foram castradas pela natureza, ou pelo homem, se os atuais hibiscos e azaléias cultivados sejam produtos do melhoramento genético.
As inflorescências (conjunto de flores) de grama são sem graça, porque a sua polinização é realizada pelo vento. E vento não faz questão de flores vistosas e perfumadas, não liga para essas coisas e realiza a polinização sem fazer essas exigências. A estratégia evolutiva adotada pelas gramíneas foi a de não gastar muita energia com a reprodução, investindo por exemplo, no desenvolvimento de raízes vigorosas para facilitar o alastramento no ambiente.
De modo geral, a auto-fecundação, o incesto é severamente punido pela natureza: casar com o irmão pode até ser mais cômodo por ele morar na mesma casa, mas o incesto é uma roubada, pois leva à produção de descendentes fracos que não sobrevivem até a maturidade sexual ou são estéreis. Produzir descendentes estéreis é entrar num beco sem saída – não há perpetuação da espécie. Então, é melhor sair de casa, aventurar-se na natureza para buscar parceiros sexuais em outras famílias.
Mas há plantas em que a auto-fecundação é a regra. É o caso do tomate, pimentão, berinjela, feijão e ervilha. Durante a evolução essas plantas conseguiram acumular uma série de qualidades genéticas e a estratégia adotada foi o de conservar na mesma planta essas qualidades genéticas. Se houvesse fecundação cruzada, essas qualidades poderiam ser perdidas, dispersadas.













LITERATURA CONSULTADA


LORENZI, H.; SOUZA, H. M. 2004. Plantas ornamentais no Brasil. Arbustivas, herbáceas e trepadeiras. 3.a edição.
Nova Odessa, Instituto Plantarum de Estudos da Flora Ltda.
1088 p.

LORENZI, H.; BACHER, L.; LACERDA, M.; SARTORI, S. 2006. Frutas brasileiras e exóticas cultivadas. Nova Odessa, Instituto Plantarum de Estudos da Flora Ltda., 640 p.

NUEZ, F. 1995. El cultivo del tomate. Bilbao, Ediciones Mundi-Prensa, 793 p.

NUEZ, F.; ORTEGA, R. G.; COSTA, J. 1996. El cultivo de pimientos, chiles y ajies. Madrid, Ediciones Mundi-Prensa, 607 p.

ROMAHN, V. 2007. Enciclopédia Ilustrada 2200 Plantas e Flores. Vol. 2 . Trepadeiras e Arbustos. São Paulo, Editora
Europa, 177 p.

ROMAHN, V. 2007. Enciclopédia Ilustrada 2200 Plantas e Flores. Vol. 3. Flores e Folhagens. São Paulo, Editora Europa, 273 p.

ROMAHN, V. 2007. Enciclopédia Ilustrada 2200 Plantas e Flores. Vol. 4. Orquídeas e Bromélias. São Paulo, Editora Europa, 176 p.

TEIXEIRA, C.G.; BLEINROTH, W.; CASTRO, J.V.; DE MARTIN, Z. J.; TURATTI, J. M.; LEITE, R.S.S.F.; GARCIA, A.E. 1992. Abacate – Cultura, matéria-prima, processamento e aspectos econômicos. Campinas, ITAL, 250 p.

Jaguariúna, 23 de julho de 2008
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