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Ensaios-->Bom Dia Tristeza -- 05/07/2008 - 11:30 (Ione Garcez Vieira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Bom Dia Tristeza Maine Vallery

Quando François Sagan foi reprovada na Sorbonne e a tristeza tomou conta dela escreveu o fantástico e simples Bom Dia Tristeza.
Para o nome deste relato feito por Danilo Merlin inspirei-me em Sagan,pela mesma razão.
Leiam,os leitores irão entender,tenho certeza:
'Cara Ione, primeiramente gostaria de agradecer a confiança em miha pessoa ao retornar o email e até mesmo de me fornecer seu número de telefone e endereço, saiba que desde já em sinto lisonjeado e grato, pois, no mundo em que vivemos hoje é muito difícil encontrar alguém que ainda tenha fé nas pessoas. Em segunda mão, gostaria justamente de falar sobre o mundo em que vivemos hoje, pois parece que a fraude e a “sacanagem” chegaram como você mesma disse, chegaram à raiz da sociedade, as instituições educacionais. Gostaria de ressaltar ainda que sou um dos estudantes alijados da UFRGS pelo sistema de cotas que entrou com ação judicial para garantir os meus direitos.

Bom cara Ione, permita-me fazer um breve relato sobre a situação das cotas da UFRGS, aprofundando um pouco mais o que a Sra. já leu no clicRBS.

Como é do conhecimento de todos, a partir desse ano,2008, houve a implementação da Política de Ações Afirmativas pela UFRGS, tal política visava reservar vagas para estudantes oriundos de escolas públicas, presumindo dessa forma a inclusão social.

Gostaria de ressaltar que não sou contra esse sistema, muito pelo contrário, o aprovo e acho que se faz necessário no nosso país. Não sou racista nem contra os pobres, contudo, sou contra o critério aplicado porque entendo que o mesmo pode ser bastante aperfeiçoado. Qual a razão para dizer isso? É necessário trazer à luz a realidade sobre o sistema de cotas aplicado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Não sei se é do vosso conhecimento a quantidade de processos tramitando no Tribunal Regional Federal da 4ª Região relativos às cotas da UFRGS. Tais processos contêm provas materiais de grande peso, como diversas fotos de cotistas, dito hipossuficientes pela universidade, gozando férias no exterior ou em suas casas da praia.Além disso, quando a justiça determinou que a UFRGS entregasse documentação referente aos cotistas, não foi surpresa notarmos que muitos cotistas MORAM EM BAIRROS NOBRES DA CIDADE, INCLUINDO COBERTURAS NA,POSSUEM CARROS E CASA PRÓPRIA, muitos são FUNCIONÁRIOS DO GOVERNO, outros tantos já possuem CURSO SUPERIOR COMPLETO, CONCLUÍDO EM INSTITUIÇÕES PRIVADAS. Tamanha quantidade de “anomalias” comprova o desvirtuamento do Programa de Ações Afirmativas da UFRGS. Mas, a grande pergunta em questão é: como isso foi possível?

O desvirtuamento aconteceu graças a erros no critério de formulação do edital aplicado pela UFRGS. É sabido que no Rio Grande do Sul os colégios que mais aprovam na UFRGS são justamente colégios públicos, a exemplo do Colégio Militar, Colégio Tiradentes e Colégio de Aplicação.Este ano, por exemplo, a média de aprovação do Colégio Militar, somente na UFRGS, chegou a 60%. São colégios que gozam de excelência invejável, até mesmo superando escolas privadas.Além disso, estudantes oriundos do Colégio Militar são, em geral, filhos de oficiais do exército e de profissionais liberais, que mediante um rigoroso concurso, necessitando de curso semelhante, em termos de qualidade e preço, a um pré-vestibular, lograram obter a vaga para estudar no Colégio Militar.

Prezada jornalista, outra questão é que,aquele que possui a mínima noção da realidade gaúcha, não desconhece que estudar nas escolas públicas da nossa capital não é privilégio de pessoas com menor poder aquisitivo. Ao contrário, o que é público e notório, é o acesso de pessoas de classe acima da pobreza. Conhecemos estudantes que poderiam perfeitamente pagar mensalidade escolar, porém optaram por estudar em escola pública gratuita devido a qualidade do ensino. É óbvio que essas escolas públicas não estão situadas na periferia e sim concentradas em bairros onde o poder aquisitivo é elevado. A lógica é que quem as freqüenta são moradores dos bairros próximos, de classe média alta. Justamente estes foram os beneficiados pelo sistema de cotas implantado pela UFRGS ao pretender contemplar os mais pobres.

O critério de reserva de vagas pela procedência de escola pública jamais poderia ser o único e absoluto meio. Deveria ser aplicado conjuntamente com uma análise sócio-econômica do candidato, com isso estaria dando chance a quem dele realmente necessita.

Contudo, prezada Ione, chego aqui ao ponto chave dessa mensagem, através de vias judiciais, a UFRGS foi obrigada a liberar os documentos de matrícula referentes aos candidatos cotistas matriculados na instituição. Na ordem judicial consta o prazo de 60 dias para entrega dessa documentação, contudo a UFRGS descumpriu duplamente essa ordem judicial, primeiramente descumpriu ao fornecer os referidos documentos passados mais de 100 dias após a sentença, depois, como constatado, descumpriu ao fornecer menos de um terço da documentação pedida.

Sexta-feira dia 21 de junho, a UFRGS entregou a documentação e,como pudemos constatar, havia erros grotescos nos documentos, apontando para sérios indícios de fraude. Dentre esses documentos foram constatados que diversos candidatos nem ao menos preenchiam o já desvirtuado critério de ter cursado pelo menos a metade do Ensino Fundamental e a totalidade do Ensino Médio em escolas públicas, muitos cursaram em escolas particulares e foram considerados cotistas, há casos ainda de estudantes que cursaram escolas particulares na Argentina. Além disso, por incrível que pareça, há anotações dos funcionários da própria Universidade do tipo: “cursou em escola particular”, “ não atende”, “ falta histórico de ensino fundamental e médio”, contudo, esses candidatos foram devidamente matriculados na UFRGS. Essa documentação foi encaminhada a perícia e o relatório do perito confirma o que foi dito acima.

Cara Ione, é justamente por causa disso que pedimos ajuda, ajuda para divulgarmos essa situação, irregular, fraudulenta e revoltante,que está até agora sendo levada pouco em consideração pela sociedade. Caso possa nos ajudar, seja publicando reportagens, seja indicando jornalistas para entrarmos em contato ficaríamos extremamente agradecidos. Precisamos e muito de ajuda pois não podemos deixar que essas irregularidades ocorram,alijando dessa forma, candidatos que deveriam ter sido aprovados pelo mérito e candidatos comprovadamente carentes.

Desde já agradeço e tenho consciência que tive minha missão cumprida,pois ao menos mais uma pessoa sabe o que realmente ocorreu com as cotas da UFRGS.

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