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Artigos-->O Brasil sem libertadores -- 02/11/2012 - 16:43 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


O Brasil sem libertadores



 



Simón Bolívar, José de San Martín, Francisco Miranda, Antônio José de Sucre, Túpac Amaru, Gaspar Francia.  A lista não acaba aqui, mas é suficiente para exibir nomes de personagens importantes para a libertação da América Hispânica da dominação espanhola, nos séculos XVIII e XIX. Sobretudo após a invasão de Napoleão à Península Ibérica, a Espanha precisou concentrar forças no continente europeu e acabou perdendo o controle do vasto território americano que mantinha sob suas armas. Do México à Argentina, os conflitos foram explodindo e a fragmentação da América Latina em pequenos países, tirante o Brasil, foi inevitável.  Um processo violento, uma conquista paga com muito sangue. 



            De volta à lista, já declarada incompleta, percebe-se que não há, entre os libertadores da América, um nome brasileiro.  Poder-se-ia sugerir a colocação de D. Pedro, o primeiro,  na lista.  A mesóclise – poder-se-ia – retorna, de propósito, à palavra PODER, que é o que falta para a figura do filho de D. João VI: poder histórico para ser considerado libertador do povo brasileiro. Era português e fez do Brasil uma corte de portugueses mesmo depois da independência. Ainda que ele tenha sido o responsável oficial pela “emancipação”, não há e nunca houve, uma veneração autêntica e popular em direção à sua imagem, como existe para Bolívar, por exemplo.   O amante da marquesa de Santos está descartado como libertador do Brasil.



            Tiradentes quer entrar na lista e muitos “historiadores” até batalham por isso.  Quem, com a mínima leitura crítica da história do Brasil, concordaria com essa inclusão? Tiradentes está mais para uma armação marqueteira com direito a embalagem em forma de triângulo vermelho e slogan em latim do que para herói. Ainda que tarde, é hora de assumir que o alferes mais famoso da América vale mais pelo que ele não fez e não era do que pelo que ele efetivamente fez e foi. Além disso, bem me lembra meu querido amigo, professor Gelfuso, a imagem de Joaquim José com a corda no pescoço e a cabeça baixa não faz frente, por exemplo, aos monumentos argentinos que retratam San Martín de espada em punho.  Que me desculpem os mineiros, mas Tiradentes não pode estar nessa lista.



            Os nomes pouco conhecidos da Inconfidência Baiana também não respondem à chamada. A maioria da população nem sabe quem são esses revoltosos, e o valor que o povo libertado dá a seus libertadores tem importância para que eles se estabeleçam como tal. 



            Sem memória, sem o espírito talhado pela batalha, o Brasil não é capaz de exibir um libertador sequer.  Ao fim, libertadores, para o brasileiro, é apenas o nome de uma taça de futebol que nossos times disputam contra os hispânicos.  E disputam mal: é notória a diferença de empenho das equipes brasileiras quando contrastadas com outros latino-americanos. Parece que entramos em campo já goleados pela História. Como nos faltou o forja da luta pela liberdade,  nosso DNA também carece da altivez, da coragem, do espírito de luta de quem teve que derrubar uma coroa e, quando tem que derrotar um rival lusófono num campo de futebol, encarna Bolívar, San Martín, Miranda, Sucre, Amaru, Francia, Guevara. Nós encarnamos Tiradentes e, por motivos óbvios, corremos meio sem fôlego. 



            



Jefferson Cassiano é professor e publicitário. Ocupa a cadeira 31 da Academia Ribeirãopretana de Letras

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