Usina de Letras
Usina de Letras
159 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62220 )

Cartas ( 21334)

Contos (13263)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10363)

Erótico (13569)

Frases (50618)

Humor (20031)

Infantil (5431)

Infanto Juvenil (4767)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140802)

Redação (3305)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6189)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Propaganda engraçadinha -- 02/11/2012 - 15:57 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


 



 



Propaganda engraçadinha



Washington Oliveto disse, certa vez, a bordo de seus tênis dourados, que publicitário não pode ter estilo, pois quem tem estilo é o produto.  Essa máxima serve para relembrar ao pessoal dos departamentos de criação que a palavra “tendência” tem um significado bem diferente em propaganda.



            Para nós,  a tendência deve ser sempre a mesma: ajudar o cliente a vender seu produto ou serviço. O resto é “modinha”.  Os  diretores de criação devem ficar atentos para que seu pessoal não pense que faz arte autoral. Em propaganda, criativa é a peça que, primeiro, atende aos objetivos de comunicação, não a que consagra o criador.



            Os gênios que reinventam rodas na propaganda brasileira, no entanto, não só se esqueceram desse conceito básico da criatividade aplicada à venda, como conseguiram ultrapassar a barreira das tendências e foram capazes de cristalizar um gênero: propaganda, principalmente em mídias eletrônicas, é obra de humor.        



            Conscientizar o homem através do riso não é novidade. Se a purificação moral da catarse grega estava associada às cenas intensas da tragédia, a comédia servia de caminho para a crítica da sociedade e de seus costumes e era capaz de levar à autocrítica.  Em certas circunstâncias, mesmo hoje, é mais fácil convencer pelo riso que pela dor. Essa eficiência do humor, no entanto, não faz dele a única ferramenta capaz de levar o consumidor a agir. 



            Quando assisto ao comercial da Skol, no qual jovens malucos enfrentam um mar repleto de tubarões para resgatar uma caixa de cerveja, começo a ficar incomodado com a obrigação que o publicitário tem de ser hilário a qualquer preço. No VT, um surfista mais velho se nega a entrar na água e justifica a “covardia” mostrando a placa que indica o perigo de tubarões na área. Os jovens beberrões não têm dúvida: depois de enfrentar as mandíbulas, ridicularizam o surfista prudente: “Mané!”.  Não é no litoral brasileiro que, volta e meia, um banhista morre atacado por tubarões? Esse comercial não seria irresponsável? Outra: independente da contextualização, é engraçado chamar seu vizinho de praia de “Mané”? Mais: essa brincadeira aumenta vendas e contribui para a construção da marca?



            Ser engraçado é obrigação também fora do mundo da propaganda. Para ser visto como alguém “competente” nos grupos sociais é preciso estar sempre de bom humor e fazer os outros rir.   Não é de se estranhar que a propaganda recorra a essa noção para vender motéis, imobiliárias, lojas de bebê, carros, sopas, serviços funerários, seguro, analgésicos e o que mais aparecer num briefing.  O problema é que, tal qual uma criança que se esforça para ser engraçada, o vendedor que faz tudo para provocar riso acaba se tornando um chato. A pentelhice fica associada, no caso específico da propaganda, não ao autor da piada, mas ao produto.



            Humor obrigatório em propaganda é leviandade tanto da agência quanto do profissional que aprova a ideia.  Quando a marca perde força, no entanto,  nenhum deles dá risada. Engraçado, não?



 



Jefferson Cassiano é professor e publicitário. Ocupa a cadeira 31 da Academia Ribeirãopretana de Letras


Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui