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Artigos-->Professor missionário: cruz! credo! -- 02/11/2012 - 15:44 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


 



Professor missionário: cruz! credo!



 



Afirmo: é muito bom ser professor. Agora faço uma pausa para que você possa refletir e, se for o caso, torcer o nariz. Você que é professor discorda da minha tese com base em argumentos tirados de sua realidade:  o professor é mal remunerado, a educação só vai melhorar no dia em que os professores receberem salário mais alto, o professor trabalha mais que outros profissionais, e tudo isso porque o Brasil investe pouco dinheiro em educação. Há mais itens nessa ladainha que é repetida por muitos professores. A maioria vê nisso a representação da verdade.   



            Mesmo sendo professor, discordo dessa maioria. As características do mercado de trabalho para essa classe não são as ideais, mas não são piores que as condições oferecidas em outras áreas.  O salário de um professor em início de carreira, no Estado de São Paulo, é maior que a média dos salários em outras profissões. Há uma deficiência grave no que diz respeito ao plano de carreira e à consequente evolução de salários de acordo com o tempo de serviço ou, melhor para os competentes, de acordo com o mérito.   Tal deficiência existe em diversas categorias. Sei que professor leva muito trabalho para casa, mas o advogado, o publicitário, o jornalista e tantos outros profissionais também complementam o trabalho fora da empresa.           



            Cada profissão tem suas exigências e cabe ao indivíduo avaliar se é capaz de cumpri-las ou não. Como explicar que, na mesma escola da periferia da periferia da cidade, na mesma turma, um professor seja incapaz de conduzir uma aula com o mínimo de organização e outro não só cumpra o planejado como se torne um exemplo para os alunos? É simples:  tem gente que é professor e tem gente que não é.  E quem é professor não usa os defeitos que a carreira possa apresentar como desculpa para não cumprir seu papel social.



            Muitos professores se veem como missionários. É uma imagem bem antiga: o professor teria um dom e uma missão decorrente desse dom. Nada mais improdutivo e ultrapassado. Quem se vê missionário, percebe o aluno como o selvagem a ser catequizado. Essa diferença de status entre catequizador e catequizado não tem espaço na escola de hoje. É isto que frustra alguns professores: querem ser reconhecidos pela missão que acham que têm. Ninguém respeita essa ilusão.  Enquanto o professor se enxergar como o portador dom, a educação brasileira estará condenada ao vácuo oficial.  



            Profissional. É assim que o professor deve se definir. Professor profissional sabe que é o agente das mudanças na educação e que essas mudanças acontecem na sala de aula, todos os dias. Professor profissional não tem medo de ser avaliado, pois entende que o mérito é o caminho natural para as melhorias em sua carreira. Professor profissional tem orgulho de dizer: sou professor e participo da transformação do mundo.        Já os missionários...cruz, credo, ave Maria!



Jefferson Cassiano é professor e publicitário. Ocupa a cadeira 31 da Academia Ribeirãopretana de Letras


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