Há mais de dois anos que o Ministério Público investiga a existência de uma suposta quadrilha cuja atuação básica seria a de cometer fraudes junto à extinta SUDAM, Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia, aquela mesma que teve como presidente o ex-senador Jader Barbalho. A idéia era apresentar projetos de desenvolvimento para a região, conseguir liberação de empréstimos vultuosos e, depois, sumir com o projeto e com o dinheiro.
A Polícia Federal diz ter encontrado documentos no escritório da Nova Holanda Agropecuária, e que poderia ser o indício de fraudes praticadas contra a extinta Sudam, através de um provável e enorme esquema de remessa ilegal de dinheiro para o exterior.
A Polícia federal investiga, ainda, se há alguma relação entre o supracitado esquema e os negócios da Lunus Serviços e Participações, empresa da governadora do Maranhão e de seu marido, Jorge Murad, conforme nos informa a imprensa.
A suspeita é a de que o escritório da Nova Holanda tenha trabalhado para Jorge Murad, marido de Roseana.
Em fevereiro deste ano, o Ministério Público solicitou à Justiça a busca e apreensão de documentos no escritório da Lunus. Sendo que Murad, segundo a imprensa, foi sócio da empresa Agrima, que presta consultoria em projetos agrícolas, e que teria sido a autora do projeto nova Holanda, em Balsas, no Maranhão, para obter recursos junto à extinta Sudam.
A apreensão foi feita. Mas agora, vem o supérfluo0:
Estão achando que o presidente Fernando Henrique Cardoso, de algum modo, forçou a barra ou tinha interesse que este assunto, de alguma forma, viesse à público e, desse modo, pudesse prejudicar a candidatura de Roseana Sarney que, como se sabe, concorre com José Serra, candidato apoiado pelo presidente..
Juristas alegam que não é prática comum a polícia federal dar ciência ao presidente de operações desse tipo. Alega, também, que apenas, transmitiu para a presidência da república cópia do mandado de busca e apreensão. Alguns juristas acham o fato incomum, apesar de não ser ilegal.
Em vista dos acontecimentos, o PFL, principal partido de sustentação do governo, e da candidata Roseana Sarney, resolve abandonar o apoio que vinha dando ao governo. Entrega seus cargos. O irmão de Roseana já deixou o ministério que ocupava
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Por sua vez, o jurista José Paulo Cavalcanti Filho, ex-secretário Executivo do Ministério da Justiça, diz que somente ao juiz que expediu o mandado é que o delegado devia explicações. “Não se podia dar acesso a mais ninguém”. O jurista entende que o segredo de justiça foi quebrado.
E a briga foi parar no congresso Nacional. Ou melhor, fez parar o Congresso Nacional. Vale dizer, parou o país. Parou porquê? E que tanto segredo de justiça é este? Afinal, estamos próximos das eleições que irão escolher o novo presidente. Se eu estivesse no lugar da governadora, faria tudo para que o assunto fosse logo esclarecido. Ao invés de ficar apenas brigando com o governo. Não pode pairar dúvidas sobre qualquer aspectos em relação à honestidade de propósitos que se espera de qualquer candidato à presidência da república.
O supérfluo está sobrepondo-se ao essencial. E o povo não está entendendo absolutamente nada. Acho que antes das eleições todas essas pendências já deveriam estar esclarecidas, sem segredos. .
E agora quem pergunta sou eu: e se as eleições fossem hoje? O que seriam das pesquisas eleitorais até aqui realizadas? Não serviram para nada. E o que poderá ser das pesquisas daqui para a frente? Também não adiantará nada, pois, já deu para notar, que muita água ainda poderá rolar até as eleições. O melhor seria parar com as pesquisas. Que não servem para nada. Principalmente quando realizadas muito antes das eleições.
Domingos Oliveira Medeiros
07 de março de 2002
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