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Ensaios-->MUNDIM DE SEU QUINCÓ -- 06/04/2008 - 12:00 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
No tempo de seu Quincó os filhos tinham mais respeito com os pais. Ele mesmo, para tirar a primeira barba, teve que pedir autorização. O pai era um semideus, admirado e respeitado como ser superior. Ninguém dormia sem antes pedir a bênção e ao acordar o procedimento era o mesmo: “Bença pai, bença mãe!'

Casado com Dona Joaquina e fiel a ela até o dia de sua morte, seu Quincó era pai de doze filhos, entre eles, Mundim, nascido da rapa do tacho.

Registrado com o nome de José Raimundo, era o xodó da casa. Filho obediente, trabalhador, jamais falara sequer um palavrão na frente dos mais velhos e desde os cinco anos de idade, ajudava a capinar o roçado.

Muito acanhado, somente aos dezenove anos, pediu um dedo de prosa com seu Quincó, mas tinha que ser a sós, longe da mãe e das irmãs.No fim da tarde, enquanto aceiravam a cerca da vazante, deu-se início à conversa.

- Você tá querendo falar comigo, meu “fi”? Pois diga, aqui não passa ninguém prá ouvir nossa prosa.

-Tô, Pai, eu tô com vergonha de pedir ao Senhor, mas eu queria conhecer muié.

- Cabra macho! Isso é coisa de home mermo. Tome aqui dez minréis e vá fazer sua vontade. Pode largar o serviço, já tá
na hora de guardar a foice. Vá na frente, se sua mãe preguntar pur mim diga a ela que daqui a pouco eu vou...

Mundim adiantou os preparativos para realizar o grande sonho de ter intimidade com uma mulher. Passou na cacimba, jogou umas cuias d’água no corpo e foi prá casa. Meio na surdina, vestiu uma roupa limpa e derramou na cabeça um vidro de extrato Dircy, uma ampola de mais ou menos cinco ml de perfume barato, comprado ali mesmo no Rodeador, pois a cidade dos Picos, não conhecia. Saiu caladinho e quando a mãe reparou,só viu o vulto, José já ia longe...

Duas horas depois estava ele de volta, meio desconfiado, mas com o semblante alegre, apesar de uma dor fina nas partes vergonhosas. Curiosa, a mãe lhe perguntara onde teria ido tão cheiroso daquele jeito.

-Nada não, mãe, só fui no Povoado comprar um prefume pumode eu usar na festa de Santo Antônio.

Dali em diante, vez por outra Zé pedia dez minréis ao pai, que todo orgulhoso do filho, nem lhe perguntava por que aquele gasto quase todo mês. Ele se tornou um cliente assíduo da quenga que quebrara o cabresto de seu 'marreco', aquele freio que tanta vergonha lhe fazia passar diante dos rapazes de sua idade que não eram mais virgens. Agora ninguém mais podia dizer. “Vixe! Você ainda tem bico-de-candeeiro?'


...

Adalberto Antônio de Lima
Nota do autor:
Dez minréis. Dez mil réis.
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