Segundo a literatura corrente, os animais causadores de injúrias ao ser humano classificam-se em: (1) tóxicos ou venenosos, (2) peçonhentos, (3) mordedores e (4) que emitem descargas elétricas.
Os animais tóxicos ou venenosos produzem injúrias através da liberação de toxinas no meio circundante ou quando a vítima os ingere. Esses animais não apresentam nenhum aparelho inoculador de toxinas. Um exemplo bem comum de animal venenoso são os sapos. Quando algum cachorro morde e come um sapo, ele pode se intoxicar com as substâncias venenosas presentes na pele desse anfíbio. O mesmo pode ocorrer com uma pessoa que manipula tais animais sem maiores cuidados.
Os animais peçonhentos são aqueles que produzem injúrias pela inoculação de toxinas através de um aparelho especializado nessa função (dentes, ferrões ou esporões). Esse grupo é bastante numeroso e possui espécies amplamente temidas, como por exemplo: cobras, escorpiões, aranhas, potós, abelhas, vespas, lacraias etc. As jararacas, as cascavéis e as corais são algumas das cerca de 70 espécies de cobras peçonhentas que podem ser encontradas no Brasil. As arraias de água doce são peixes cartilaginosos bastante conhecidos na região Norte do país pelos inúmeros acidentes que causam todos os anos. Elas possuem um enorme esporão na ponta de sua cauda que usam para atacar quando são importunadas por banhistas ou pescadores. A esporada de uma arraia é extremamente dolorosa e o ferimento causado leva várias semanas para cicatrizar. Vale mencionar que apesar das arraias de água doce serem bastante temidas, as suas primas de água salgada, “as arraias marinhas” são consideradas seres pacíficos, pois raramente atacam os banhistas e mergulhadores.
Os animais mordedores causam lesões em suas vítimas através da ação de dentes especializados para rasgar e dilacerar. Como exemplo de animal mordedor podemos citar a piranha vermelha, muito comum nos rios do Pantanal e da Floresta Amazônica; e os tubarões, que são os animais mais temidos pelos surfistas.
O peixe-elétrico, conhecido na Amazônia como poraquê, é considerado perigoso ao homem por emitir choques ou descargas elétricas. Essas descargas são usadas por esses peixes para paralisar suas presas, mas em algumas situações, quando se sentem ameaçados ou quando estão presos em anzóis e redes de pesca, eles podem emitir choques atingindo banhistas e pescadores. Em geral, esses choques são suficientes para paralisar até mesmo um homem adulto, mas raramente matam uma pessoa.
Aqui, apresentamos uma série de dicas e sugestões para prevenção de acidentes com animais.
Para se precaver de acidentes com animais peçonhentos e venenosos em casa, mantenha os jardins e quintais limpos evitando o acúmulo de entulhos, lixo doméstico e materiais de construção. Tome cuidado ao cortar a grama e na retirada de materiais (telhas, tijolos, madeira, lenha etc.) das proximidades da casa. Evite trepadeiras, bananeira ou folhagens do tipo perto da casa, pois muitos animais peçonhentos se escondem nelas. Combata os roedores, pois a presença dos ratos atrai as cobras. Não mate os predadores naturais das cobras, tais como emas, gaviões e gambás. Evite desmatamentos e queimadas, por que além de destruírem a natureza provocam mudanças nos hábitos dos animais, que se refugiam em paióis, celeiros, ou mesmo dentro das residências.
Da mesma forma, quando for caminhar ou acampar em áreas rurais é sempre bom estar prevenido. Não caminhe sozinho pelo meio da mata, especialmente, se você não conhece o local. Procure andar sempre calçado, preferencialmente, com tênis ou botas de cano longo. Caminhe sempre olhando atentamente para o chão. Não coloque a mão em nenhum buraco no chão ou tronco de árvores. Antes de sentar ou encostar em árvores ou pedras faça uma vistoria cuidadosa do local.
Para evitar acidentes com animais na água (piranhas, tubarões, arraias, peixes elétricos, águas-vivas, etc.) é importante sempre conhecer o local que você vai freqüentar. Busque informações com pessoas da região, ou procure orientações junto ao escritório do Corpo de Bombeiros e/ou Posto de Saúde que estiver instalado nas proximidades da praia. Nunca entre na água após ter ingerido bebida alcoólica ou após as refeições, pois, no caso de um acidente, as chances de você se afogar serão ainda maiores. Não deixe que as crianças entrem na água sem o acompanhamento de pessoas adultas. No caso de estar visitando uma praia litorânea, não toque em nada colorido e chamativo, pois as águas-vivas, conhecidas popularmente como caravelas portuguesas, são animais que apesar do aspecto atraente e aparentemente inofensivo podem ser considerados os maiores responsáveis por acidentes nas praias.
Em qualquer um desses casos, evite atendimento caseiro, com substâncias, receitas e procedimentos sem critérios clínicos específicos.
No caso de você ter sido infligido ou atacado, peça algum amigo ou outra pessoa que estiver no local para capturar o animal vivo. Especialmente no caso de cobras, aranhas e escorpiões é sempre recomendável levá-los intactos para que médico possa fazer a correta identificação. Quando matamos o animal batendo nele com uma vassoura ou sapato, muitas vezes, torna-se difícil para um profissional de saúde que não seja especialista no assunto poder identificar o animal. Portanto, sempre que possível leve o animal vivo junto com a vítima para o hospital, o que com certeza facilitará muito na prescrição do tratamento.
Lembre-se que quanto mais rápido for o atendimento médico maiores serão as chances de recuperação da vítima.
Publicado no Jornal Mesa de Bar News, edição n. 254, p. 09, de 04/04/2008. Gurupi – Estado do Tocantins.
Publicado no Jornal Mesa de Bar News, edição n. 398, p. 15, de 21/01/2011. Gurupi – Estado do Tocantins.
Giovanni Salera Júnior é Mestre em Ciências do Ambiente e Especialista em Direito Ambiental.
E-mail: salerajunior@yahoo.com.br
