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Ensaios-->Cuba: e agora? -- 03/03/2008 - 10:07 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Cuba: e agora?

por Ubiratan Jorge Iorio (*) em 29 de fevereiro de 2008

Resumo: O que reserva o futuro para a bela ilha?

© 2008 MidiaSemMascara.org


Com a renúncia de Fidel, o Cruel, à presidência de Cuba – o que não significa que tenha deixado o poder, apesar de sua atual decrepitude física (a mental, sempre o acometeu) -, a mídia anda infestada de considerações e mais considerações sobre o seu legado e o futuro da ilha caribenha.

Quanto aos feitos do velho ditador, socialistas de plantão - sem o menor pudor, como seria de se esperar -, como que procurando penas em cabritos, tecem loas a seus feitos, desde que, em 1959, derrubou o também ditador Fulgencio Batista e, traindo a confiança que nele depositou o povo cubano e sob os auspícios da defunta URSS, em plena era da Guerra Fria, implantou um regime de exceção no pequeno país. Um regime, por sinal, crudelíssimo, como qualquer pessoa de bom senso sabe, responsável pela morte de 17.000 opositores e que motivou cerca de 2 milhões de cubanos a deixarem o país rumo ao “imperialismo” dos Estados Unidos, muitos dos quais arriscando as próprias vidas na travessia marítima, seja pela fragilidade das embarcações, seja pelo risco de serem apanhados pela polícia de El Comandante. Sua herança, em termos de realizações, é a mesma de todos os capi dos países que cometeram a insanidade de optar pelo chamado socialismo real: igualdade de resultados, ou seja, pobreza, escassez e racionamento para todos - inteligentes e néscios, capazes e incapazes, trabalhadores e malandros –, com exceção de seus amigos e membros do partido.

Meio século de anos de chumbo! Eis o seu legado. Pasma vermos seus defensores no Brasil referirem-se ao regime militar brasileiro como “anos de chumbo” e omitirem que nossos chefes militares, primeiro, combateram, durante poucos anos, terroristas e guerrilheiros que desejavam implantar aqui um regime político inteiramente avesso às tradições e aos desejos do povo brasileiro e, segundo, que foram infinitamente menos “cruéis” com os opositores do que Fidel foi e continua sendo com os seus. Aliás, a bem da verdade, na época mais dura de nossos governos militares, havia uma oposição, coisa que em Cuba não existe desde 1959... Pasma mais ainda que os admiradores do ditador estejam neste momento falando que todos devem respeitar a “autodeterminação” do povo cubano. Mas que autodeterminação, se só há um partido, se não existe qualquer respeito às liberdades individuais, se é proibida qualquer manifestação contra o governo e se ninguém pode deixar o país? Olhar para o passado, para o que Fidel e seus comparsas fizeram, só serve mesmo para fins de aprendizado, o de como se escraviza um povo em nome de uma utopia que jamais deu certo. Nosso presidente, quando declarou que Fidel seria um “mito” e que estaria havendo uma “transição” normal em Cuba, caiu em mais uma das armadilhas que sua ignorância arrogante lhe arma diariamente.

Por isso, é melhor falarmos do futuro, em consideração ao povo cubano, cuja alma alegre e espontaneidade têm sido represadas por tanto tempo. Acredito que os que pensam que seu irmão Raúl, o novo presidente eleito em um pleito de partido único e com as cartelas previamente marcadas, porá fim ao socialismo em Cuba, por livre e espontânea vontade, estão enganados. Irmão de peixe, peixe é, ainda mais quando nadando no aquário luxuoso do poder...

O que reserva o futuro para a bela ilha? Qualquer que seja o decorrer dos fatos, uma coisa é certa: um povo não pode sentir-se feliz quando privado de sua dignidade e de sua liberdade e, com a aposentadoria do ditador, o socialismo em Cuba está com os seus dias contados. O que não se sabe é se serão poucos ou muitos dias, porque, como Hayek analisou magnificamente em sua trilogia Law, Legislation and Libety, economias de mercado (cosmos) não podem conviver por muito tempo com ditaduras políticas (thesis), assim como economias planificadas (taxis) não podem coexistir para sempre com liberdade política (nomos). Alguns analistas apontam para o caminho chinês, com abertura econômica gradual e manutenção do regime político ditatorial. Não me alinho entre eles, porque não se pode comparar a economia da China com a de Cuba. O tamanho daquela torna prorrogável, até certo ponto, o regime político fechado; o tamanho da segunda, não. A questão, para quem preza a liberdade e, por solidariedade, deseja que o povo cubano possa dela desfrutar, é: como apressar o fim dos anos de chumbo naquele país?

Para não me alongar muito, um dos fatores determinantes do amanhã cubano é a manutenção ou a abolição do embargo comercial que os Estados Unidos vêm impondo à Disneylândia da esquerda brasileira, desde os tempos da Guerra Fria. Tal medida, compreensível e até necessária naquele tempo em que Cuba vivia de mesadas da URSS, está longe de ser o fator determinante da pobreza generalizada – ou “bem distribuída” – da economia cubana, que é explicada, evidentemente, pela ineficiência crônica de todo e qualquer regime socialista, pela falta de liberdade de escolha para os cidadãos, pela repressão ao espírito de iniciativa e pela supressão da propriedade privada. Os Estados Unidos devem manter o embargo ou não? Minha avaliação é de que o embargo já teve sua vez e hora, mas, nas circunstâncias atuais, seria mais inteligente abandoná-lo. Por quê? Porque, se for mantido, Chávez e seus amigos latino-americanos do Foro de São Paulo vão poder continuar ajudando os companheiros em dificuldades, o que prolongará a agonia do socialismo em Cuba por mais algum tempo, já que, pelas dimensões mínimas da economia, alguns milhões de dólares serão suficientes para tal.

Mas, se os Estados Unidos e a União Européia, por meio de suas empresas, promoverem uma invasão de capitalismo em Cuba, com o levantamento do embargo, as vantagens do comércio, a formação de riqueza, a entrada do país na modernidade, a visualização de oportunidades de se ganhar dinheiro e outras facetas da economia de mercado farão despertar a livre iniciativa e, da economia para a política, brotará uma força inelutável que, talvez sem a necessidade de uma luta fratricida, porá as coisas em seu devido lugar, devolvendo aos cubanos os seus direitos naturais básicos, surrupiados há meio século. Creio que, pelas dimensões pequenas da economia, esse processo será rápido, contrariamente ao que vem ocorrendo na China.

Aposto que o levantamento do embargo e a introdução, de fora para dentro, da economia de mercado em Cuba, seria um golpe muito bem desferido contra a idiossincrasia patológica do Foro de São Paulo de criar na América Latina uma cópia da antiga União Soviética.


Resumindo: capitalismo neles!


(*) Doutor em Economia (EPGE/FGV), Vice-Presidente Executivo do Centro Interdisciplinar de Ética e Economia Personalista (Cieep), Diretor da ITC IORIO TREINAMENTO E CONSULTORIA e Professor da UERJ, da FGV, da PUC.

Website: www.ubirataniorio.org


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