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Ensaios-->Agendas, parlendas, contendas e calendas -- 28/02/2008 - 16:46 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Agendas, parlendas, contendas e calendas

Ubiratan Iorio - Prof. de Economia, UERJ

http://jbonline.terra.com.br/editorias/pais/papel/2008/02/25/pais20080225022.html

O leitor pode imaginar a mesmice que seria um campeonato de futebol disputado sem um regulamento que determinasse como seria a contagem de pontos, se haveria turno e returno, ou jogos eliminatórios, ou que não estabelecesse os critérios de desempate? O mínimo que podemos pensar é que não passaria de um conjunto de jogos amistosos, em que as equipes não teriam objetivos maiores a serem perseguidos, a não ser exibir-se para a torcida e, se possível, vencer os jogos... Pois as eleições em nosso país são assim: confraternizações realizadas a cada dois anos, em que os partidos entram na contenda sem terem previamente estipulado uma indispensável agenda, em termos de programas coordenados de ação a serem seguidos em caso de vitória.

Não é por outro motivo que, entra governo e sai governo, a essência das coisas não muda e o cidadão continua sendo explorado pelo Estado: se for da chamada classe média, por uma brutal e estúpida carga tributária; se for empresário, pela mesma extorsão fiscal e por encargos que transformam a sobrevivência de seu negócio em ato de heroísmo; e, se for pobre, pela crueldade das filas em hospitais e postos de saúde, pela maldade de um sistema educacional que é um dos piores do mundo, pela perversidade da falta de saneamento, pela iniqüidade de um vetor de transportes que é um exemplo de ineficiência e pela malvadeza aterrorizante da violência, entre outras constatações que povoam nosso cotidiano.

Mas ano de eleições é sempre repleto de promessas e juras de amor aos eleitores. A maioria dos candidatos, naquele ridículo horário gratuito que nos é pespegado e apresentado como um hino à democracia - quando, na verdade, é um debochativo desfile de mentiras anunciadas - apresenta a mesma parlenda (conversa fiada): menos impostos, melhorias na saúde, educação, habitação, saneamento e transportes, mais empregos e combate à violência. Quero crer que alguns até sejam sinceros, mas, como não há partidos com agendas programáticas mínimas, que sejam claras para o eleitor e esbocem pelo menos amostras da doutrina abraçada pela agremiação e, mais do que tudo, que sejam cumpridas à risca em caso de vitória eleitoral, as eventuais boas intenções não têm como germinar. Um exemplo de desrespeito às doutrinas é o do próprio PT, que, na oposição, rugia contra a ortodoxia do Banco Central, bradava contra a dívida interna e clamava contra a flexibilidade cambial, e que vem fazendo tudo ao contrário (para a sorte do país) do que pregava.

Como confiar em um sistema político carente de preceitos, que torna pardos todos os gatos e que conduz os eleitores - em sua maioria, desprovidos de condição intelectual de análise - a votarem em pessoas e não em idéias, a escolherem pelo carisma individual, sem perceberem o sofisma geral? Somos, infelizmente, um país sem idéias, em que prevalece sempre o empurrar com a barriga, em detrimento do matutar com o cérebro!

Enquanto isto não mudar - e é um caminho difícil, porque requer muito tempo, exige alterações culturais que só serão atingidas mediante atenção para com a qualidade da educação - continuaremos a dar voltas em círculos, sem chegar ao futuro que - dizem - a História nos reserva.

A agenda para o conserto desse verdadeiro manicômio de idéias desencontradas deve começar por uma reforma política que valorize a doutrina de cada agremiação, seja qual for seu matiz ideológico e que puna o toma-lá-dá-cá das negociatas por apoios em troca de cargos, de que já estamos fartos. Deve prosseguir com o estabelecimento claro de quais devem ser as funções do Estado, para que, uma vez fixado o seu 'tamanho' e, conseqüentemente, quanto nos vai custar, se quantifique o montante de receitas para que possa funcionar. A partir disto - e somente a partir disto! - é que se poderá realizar uma reforma tributária profunda, ao mesmo tempo capaz de desonerar a produção, incentivar o emprego e manter o poder público. Deve contemplar, evidentemente, uma atenção maior para com o federalismo, ou seja, promover a descentralização política, econômica e administrativa, retirando a concentração de poder de Brasília e espargindo-o entre Estados e municípios, porque isto gerará enormes ganhos de eficiência, em benefício de todos.

O leitor vislumbra alguma dessas reformas? Não é pessimismo, é pura lógica: sem agendas, não importam as parlendas nem quem vença as contendas, o Brasil vai ficando para as calendas...


[ 25/02/2008 ] 02:01


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