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Ensaios-->ENTREVISTA COMIGO MESMA: TERESINKA PEREIRA -- 27/01/2008 - 22:44 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ENTREVISTA COMIGO MESMA:
– TERESINKA PEREIRA (1)

A primeira pergunta seria:

T – Por que, depois de ter dado tantas e tantas entrevistas a outros escritores, poetas, artistas, professores, respórteres, ainda é necessário fazer a mim mesma esta entrevista?

P – As pessoas que “oficialmente” me entrevistam para publicar as respostas às perguntas que me fazem estão muito limitadas de espaço, de interesse e até mesmo de certa curiosidade com respeito ao caráter da pessoa que sou e que me faz escrever, pensar, falar, agir e viver como eu faço. As entrevistas são publicadas em papel ou na internet, e o resultado é uma chuva de perguntas que me chegam de qualquer parte do globo, pedindo para eu esclarecer esse ou aquele ponto apenas tocado na entrevista, ou não tocado de todo. Uma das grandes curiosidades é a respeito da minha militância na esquerda, meu ateísmo, minha vida amorosa, minha família, minha vida nos Estados Unidos. Alguns amigos íntimos me dizem que parece que eu me divirto sendo tão controversial e crio os mistérios e as ficções em torno da minha obra literária, que é a minha própria vida. Aí, nestas ultimas palavras, está a resposta: minha vida é pura ficção.

T – Deve ter alguma realidade na sua vida, qual é?

P – O comer, escovar os dentes, tomar banho (dois ou três por dia, para manter meus hábitos tropicais e sentir-me brasileira “neste campo de neve”), cuidar de meus filhos e pagar imposto.

T – Você está sempre acompanhada, rodeada de gente, fazendo conferências diplomáticas ou literárias para grandes públicos. Entretanto, sua poesia acusa uma solidão que parece mais um prazer do que um castigo existencial. Como você explica isso?

P – A minha solidão é voluntária, considerando que não estou disposta a pagar o preço justo por uma companhia única e de tempo integral. Não quero dar fidelidade nem quero compartir meu tempo com um companheiro. Já tentei fazer isto três vezes (casei-me três vezes) e não consegui ser feliz nestas condições. A amizade sem compromisso seria o ideal, mas como das outras vezes, minhas relações amorosas no passado foram conseqüências de uma verdadeira amizade que acabou se contaminando com o sentimento de posse. O meu tempo rende mais se fico sozinha. A companhia de meus filhos é a melhor realidade da minha vida, ainda.

T – Por que é tão difícil ser seu/sua amigo/a?

P – É uma questão de química e entendimento. A química vem naturalmente, quando o sangue da gente combina e é tão agradável estar junto. Já a combinação intelectual é uma adaptação. Eu sou estudiosa e curiosa. Gosto de aprender e de ensinar. Quando um/a amigo/a vem se apresentando a dizer que me admira pela minha inteligência, bondade, etc. etc., eu já não dou ouvidos ao resto da história. A amizade só vale de igual para igual. É um intercâmbio. Sou como um banco que só empresta dinheiro a quem tem o dinheiro para pagar. Quero aprender com as experiências do novo/a conhecido/a. E não quero ouvir dizer que sou isso ou sou aquilo. Eu sei o que sou. Não preciso de fingidos nem imerecidos reconhecimentos.

T – Você tem algum/a amigo/a?

P – Tenho sim. São muito poucos, mas valem por um batalhão.

T – Você tem alguns amigos religiosos. Como explica isso?

P – Eles são autênticos. A militância humanitária deles é visível. Meus amigos são progressistas, não fazem parte do movimento neo-liberal-capitalista nem negam os direitos da mulher, mesmo se são mulheres. Digo isto porque o que mais incomoda nesta história é a participação da mulher em sua própria degradação como ser humano, ou sendo submissa ao homem ou explorando a sua sexualidade.

T – Por que tem evitado a publicação de livros? Quantos livros tem publicados?

P – Tenho uns 40 livros publicados, mas faz mais de 10 anos que estou recusando os convites para publicação de minha poesia em livros. Todos se queixam de falta de tempo. Como condenar o leitor à leitura de um livro inteiro de poesias escritas pelo mesmo autor? O que vai acontecer é que o escritor vai obrigar o leitor a mentir que leu. Ler um poema na internet é questão de um minuto e já. Não se perde tempo nem gasta dinheiro. O autor pode dar esse prazer a milhares de leitores com o apertar de uma tecla. Eu tenho cerca de 10.000 leitores na internet. Mas é claro, se me mandam o poema em anexo e tenho que o abrir com medo de congelar meu computador, não vou ler ninguém. Meus poemas vão em e-mails abertos. O comentário pode vir com uma palavra ou duas. Até um “Li seu poema, Ciao.” me faz feliz. Mas me parece um despropósito colocar um livro inteiro de poesias na internet e esperar ou perguntar se alguém leu. Em revistas e antologias tenho mais de 3.000 publicações de poesias. Não preciso mais do que isto. Ninguém precisa, por mais vaidoso/a que seja.

_________________

(1) Teresinka Pereira, professora aposentada, escritora, tradutora e poeta; seus poemas têm forma enxuta e conteúdo profundo, dentro do humanismo, da paz entre os homens, da natureza-mãe; dirige a IWA (Associação Internacional de Escritores e Artistas) e é membro de instituições mundiais como “Bussiness Council for the United Nations”, entre outras. e-mail: tpereira@buckeye-express.com
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