A meus filhos
Muitas vezes lamento ser poeta.
Principalmente quando palavras me faltam,
Quando não atinjo minha meta,
Quando as letras me assaltam.
Me sinto roubado no sentimento
Não por pouco tempo,
não só por um momento,
Mas por uma eternidade,
É quando me parece faltar até a verdade.
É quando me falta a realidade.
Me perdoem os leitores,
Me sobram sentimentos,
Me faltam palavras.
É difícil de dizer quando o que se sente é maior que o coração.
Perdem-se as rimas.
Sobram as sensações.
Lamentável é saber,
Apenas a palavra amor não é suficiente.
Que por mais que represente,
Não passa de uma palavra.
Hoje, justamente hoje,
Num momento rotineiro.
Pode parecer incrível
Mas estava no banheiro
Me veio o desejo de expor por inteiro,
O que vai em meu coração.
Repito rotineiro, cotidiano,
para mim muito normal
Diariamente, ao retorno do trabalho,
Raramente nisso eu falho,
Não tem nada de estranho,
Tiro a roupa e tomo um banho.
Especial tem sim neste momento,
é que um filho não rebento
Que me é de criação,
como se parte fosse de sua vida,
Fica a espera deste momento,
Aproveita o meu intento,
Pra meu banho dividir.
Com ele me sento no chão,
me faço criança então
E me ponho a brincar.
Pois foi hoje por um momento,
Que me veio em pensamento,
o quanto eu tenho pra amar.
Num abraço com afeto,
Meu rosto ao dele encostei
Cresceu em meu peito um sentimento
que tão forte não me dominei
E de pura emoção eu chorei
Foi a mais doce sensação
Que um homem pode ter.
Descobri-me um homem completo,
Descobri-me um homem repleto,
De amor e de emoção!
Descobri meu descanso,
Descobri que me amanso,
Basta só seu sorrir.
Descobri-me seguro
Redescobri meu futuro
Reencontrei o meu trilho
E o caminho a trilhar
Repensei a minha vida,
E revivi em segundos,
Que esta mesma emoção ,
Duas outras vezes senti
em dois outros dos meus mundos.
Num abraço neste filho,
Renasci no sentimento
E de minha filhas naturais,
Revivi o mesmo momento.
Confesso, mais uma vez,
as palavras aqui me faltam.
Não há como descrever,
Me é difícil dizer
É um sentimento maior que o amor.
Maior do que a alma de um simples poeta pode tentar fazer.
Num abraço de carinho,
Vieram sonhos e projetos.
Que só pais pra seus afetos
Sabem do quero dizer.
Neste abraço de abrigo,
Tento então me fazer amigo,
E jurar assim permanecer.
Num abraço de carinho,
Confirmar que teu caminho,
Eu hei por mim te proteger
Faltam sempre as palavras,
No momento de dizer,
Como é grande o sentimento!
Como eu gosto de você!
Mais difícil é me dividir
E ter palavras por igual.
São três filhos e um momento
Por todos o mesmo sentimento.
Não maior, nem menor,
nem mesmo por um diferente.
Igual em amor, igual em emoção,
Igual em orgulho, igual em proteção.
Demorei a dizer eu sei,
Foi preciso um abraço.
Por tantas outras vezes abracei,
Mas confesso e confessei.
É um sentimento tão forte,
Tão lindo e tão nobre.
Que o maior dos vocabulários,
É pequeno, é muito pobre.
Aquele a quem hoje abracei,
É quem mais vai custar e entender,
Que o sentimento de amor renovado,
Renasceu ao cada nascer.
Foi grande, foi robusto, foi farto,
Revivido com vocês a cada parto.
O amor que sinto por ele,
Que não veio de forma normal.
É um amor tão bonito e igual
ao amor que dedico a vocês,
Pois é puro, é terno, é natural.
Saibam vocês meus filhos,
Que não custei a dizer que os amo,
Só que me faltaram palavras,
Como faltaram também as rimas
Em momento algum, porém,
Me faltou o sentimento.
Tão grande e tão forte
Que a palavra amor não foi suficiente.
E, assim como num idioma desconhecido.
Me foi difícil dizer deste amor que não tem nome.
Realmente não tem, pois não é uma palavra.
Ele mora no meu coração, no meu peito, na minha alma.
É mais que a minha vida,
Mais do que eu mesmo,
Mais do que simplesmente amor.
Não tem limite.
Qualquer tentativa de denominação
será pura especulação.
Só dentro do meu coração,
Como num cofre lacrado, inacessível
pelo meu sentimento pateticamente poético,
está a palavra que define
o quão maravilhoso é ser pai!
o quão maravilhoso é ser pai de vocês!
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