Sentado no sofá, Adamantino folheia o jornal a procura de mais algumas oportunidades de emprego. A última semana fora agitada, cheia de entrevistas e possibilidades a serem analisadas.
Umas das empresas com qual falara, pediu-lhe que retornasse a ligação no dia seguinte, para acerto de colocação e outros detalhes. A vaga era dada com certa. Mas, Adamantino, ambicioso e vivaldino que só ele, não ligou, já que estava de olho em uma proposta das grandes.
Um dia após o combinado para ligação, o entrevistador da empresa que levou bolo, liga. Segue-se então, a seguinte conversa hipotética:
- Pronto?
- Eu poderia falar com o Sr. Adamantino Ferrado?
- É ele mesmo.
A voz do outro lado exalta-se
- CACHORRO! SEM VERGONHA! Tu achas que eu sou o que ein, seu desalmado. Mais uma dessas empresas que tu conheces, ficas umas horas e depois joga fora? E o nosso compromisso seu ordinário? Achei que teríamos algo tão bonito a construir, mas não, desapareces sem dar notícia, não ligou no dia seguinte.
- Err, mas...
Com uma voz quase chorosa
- Eu sei, eu sei, andas vendo outras empresas não é? Ein, fala pra mim. Uma empresa mais madura, com mais tempo de mercado não é mesmo? Uma dessas peruonas cheias de placas e banners dependurados, com dois andares de salas e gramado cortado na frente com nome dela. QUERIAS ALGUÉM COM MAIS DINHEIRO NÃO É?! SEU GOLPISTA!! Só imagino, ela deve ter te prometido fundo de garantia, benefícios, o Mundo. Seu cafajeste.
- Peraí eu...
- Mas sabe o que me alegra? Ein, sabes? É ter a certeza que essas inhas só vão te usar, abusar e depois jogar fora. Aí meu filho, não adianta vir com o currículo entre as pernas com esse olhar de cachorro pidão que não tem não. OUVIU!?
- Só que eu...
- Ah, quer saber, tudo de bom pra vocês sabe. Eu sou muito mais eu, sei do meu valor. Vai um vêm 10 tá sabendo. Se tu não queres, vai ter quem queira. Quem esteja disposto a dar atenção que essa empresa aqui merece tá! Ingrato! E pensar que te recebi de portas abertas, te escutei, avaliei. Gostei mesmo de ti. E com que me retribuis? COM INDIFERENÇA, COM DESPREZO!
- Ah, peraí só um pouquinho....
Com voz lamentosa
- Não, não. Não quero ouvir tuas desculpas esfarrapadas. Poderia ter sido uma história legal, ouviu. Uma coisa nossa, mas desperdiçasse a chance tá legal, agora é tarde. Não me procure, adeus!
- Espera, eu....
tu, tu, tu, tu... |
