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Ensaios-->Lula abre a arapuca. Jobim entra. -- 20/11/2007 - 09:15 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
LULA ABRE A ARAPUCA. JOBIM ENTRA

por Paulo Moura, cientista político

Em meados de outubro passado publiquei aqui um artigo intitulado 'Renan Calheiros já era; Sarney é o próximo'. A essência do argumento era de que o Palácio do Planalto está pondo em prática uma estratégia deliberada de corrosão de seus aliados de ocasião que tenham influência relevante sobre o sistema político, com vistas a monopolizar o poder no país no médio prazo. A 'sedução' do chamado 'baixo clero' com benesses governamentais, aliada aos escândalos usados como arma política compõem o arsenal tático diversificado a serviço dessa estratégia. Coincidência ou não, Sarney empurra o senador Wellington Salgado (PMDB/MG), fiel escudeiro de Renan Calheiros nas sucessivas tentativas de sua cassação por quebra de decoro, para a presidência do Senado.

O jogo palaciano consiste em conceder aos caciques aliados, ou a seus prepostos, cargos no governo ou apoio à ocupação de postos estratégicos no Legislativo, para, em seguida, envolvê-los em escândalos corrosivos. Integra a estratégia, a compra das clientelas eleitorais das oligarquias tradicionais nordestinas através do Projeto Bolsa Família. Através da distribuição de dinheiro ao eleitorado dos grotões do nordeste, Lula deu seqüência à iniciativa do ex-presidente FHC, de corrosão do poder do falecido senador ACM. Com o programa Bolsa Família, golpeou duramente o PFL nordestino; derrotou Sarney no Maranhão; elegeu a governadora do Pará e vai tomando conta da base eleitoral das oligarquias remanescentes do Brasil arcaico, pavimentando as futuras vitórias eleitorais futuras do PT no nordeste.

Renan Calheiros não será cassado. Está protegido pelo pacto de mútua proteção que a corporação dos políticos desonestos firmou depois da descoberta do mensalão. Ninguém mais, depois de José Dirceu e Roberto Jefferson, foi ou será cassado por corrupção ou falta de decoro pelo parlamento brasileiro. Mas, o destino de Calheiros é o mesmo da Jader Barbalho, que, da presidência do Senado foi mandado por FHC, para o limbo do poder nacional. Confinado no Pará, Barbalho controla a seção regional da FUNASA, presidida por sua esposa, em troca do apoio dos deputados que lidera ao governo petista paraense e a Lula.

A FUNASA, que José Serra não extinguiu, segundo notícia dessa semana, será extinta por Lula. Trata-se de um antro de corrupção e de um ralo de dinheiro público. É um ministério paralelo da Saúde, que duplica funções do órgão, hoje controlado pelo PMDB. O ministro Temporão integra a cota do governador carioca Sérgio Cabral, e tem conquistado evidência na mídia nacional, fato que suscita nos estrategistas do PT, a desconfiança de que possa ameaçar re-reeleição de Lula. A anunciada extinção da FUNASA sugere a conhecida tática de entregar o cargo e esvaziar seu poder. Do ponto de vista político e orçamentário, sem a FUNASA o ministério da Saúde é meio ministério.

O senador alagoano Renan Calheiros, que ganhou projeção como ministro de Collor, de FHC, e como aliado de Lula, tornou-se um zumbi político cujo poder, daqui para frente, se restringirá à paróquia alagoana onde começou na política. A primeira vítima dessa tática foi Roberto Jefferson, chefe nacional do PTB que se recusou a aceitar a barganha do apoio parlamentar dos petebistas no varejo. Jefferson exigiu que José Dirceu a barganha no atacado pelo apoio da bancada petebista via direção partidária. A jogada saiu do script causando um estrago fenomenal no PT, como se sabe. Mas, Roberto Jefferson terminou no limbo da política nacional, salvando seu espaço no PTB em troca da proteção de Lula, que, graças ao maquiavelismo do petebista, até hoje convence quem quer ser convencido de que não sabe de nada de errado que acontece sob seu governo.

Tudo indica que Nelson Jobim é a bola da vez. Ao aceitar o ministério da Defesa, Jobim depositou nas mãos de Lula sua incontida ambição pela Presidência da República. Para Lula se re-reeleger, o PMDB não pode ter candidato próprio, como já constatara FHC. Jobim caiu na arapuca de seu algoz, de quem recebeu 'carta branca' e receberia orçamento recheado; prometido em público. Em troca dessa promessa, o eterno presidenciável peemedebista e quase candidato a vice de Lula, de Serra, ou, seja lá de quem for, deveria resolver, num passe de mágica, o apagão aéreo, que não tem solução no curto prazo, mesmo que Lula cumprisse a promessa de abarrotar seu ministério de dinheiro.

Empossado, do alto de seus quase dois metros de altura, Jobim vestiu capacete de bombeiro norte-americano e pousou para as fotos dos principais noticiários numa grua de onde se viam, de cima para baixo, os destroços do Airbus da TAM em Congonhas. Em seguida, admoestou as companhias aéreas exigindo que resolvessem seu problema pessoal de espaço para as pernas compridas entre as poltronas das aeronaves. Logo após, defenestrou a diretoria da ANAC. Com isso, Jobim resolveu o único problema que ameaçava as pretensões re-reeleitorais Lula: tirou da pauta do jornalismo e das costas do governo as incômodas manchetes sobre os mais de 300 mortos sem responsáveis nos dois maiores acidentes da história da aviação brasileira.

Os acidentes da GOL e da TAM: Suas vítimas e seus familiares foram removidos do caminho da re-reeleição de Lula. Jobim, também será; em doses homeopáticas. Aos poucos o apagão aéreo começa a voltar ao noticiário com a falência da BRA; a nova onda de caos nos aeroportos que os controladores de vôo promovem de forma intermitente e a confusão reinante na gestão das companhias aéreas que perseguem o lucro pelo lucro e não como recompensa pela missão da prestação de serviços decentes de transporte de vidas humanas.

Sutilmente a assessoria política e de marketing a serviço da re-reeleição de Lula começa a plantar no colunismo político dos jornais, notinhas corrosivas para a imagem do eterno presidenciável Jobim. 'Fontes palacianas que pediram para não serem identificadas', informam que Lula; candidato a re-reeleição, está insatisfeito com a incompetência de seu subalterno e virtual rival nas eleições presidenciais de 2010, que não resolve o problema sem solução de curto prazo, para o qual recebeu 'todas' as condições para resolver no curto prazo.

O que impressiona em tudo isso não é a astúcia do petismo na perseguição de suas cobiças por poder e dinheiro. É a, digamos, 'ingenuidade' de seus aliados de ocasião, que perdem o senso estratégico mediante o simples aceno de Lula com a concessão de benesses distribuídas com a carteira do contribuinte.

Publicado em 17/11/2007



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