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Contos-->Conto de Natal - m.s.cardoso xavier -- 15/12/2002 - 12:25 (m.s.cardoso xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

CONTO DE NATAL
Autora: M. S. Cardoso Xavier

- Maria venha fechar a porta! - Vou ali na loteria da caixa, comprar meu bilhete.
- Volto logo. Boa sorte, Dona Maroquinha!
- Quem sabe a senhora desta vez não é premiada! - Os anjos digam amém! Esta vida de viúva e aposentada é tão limitada! Viver de salário mínimo!
- A sorte Dona Maroquinha é que a senhora tem essa casa própria para morar e a pensão do seu falecido marido é pouco, mas ajuda, disse Maria, sua ajudante doméstica que há anos morava com Dona Maroquinha. Se afeiçoara a ela pelo seu coração bondoso. Viviam as duas como duas amigas, esqueciam que eram patroa e empregada doméstica.
- Quem quer engraxar sapato? - quem quer engraxar sapato? gritava um pirralho pelas ruas! Bateu na porta de D. Maroquinha: A senhora não quer engraxar os sapatos, o Natal está chegando! - No momento não, ainda não recebi minha aposentadoria este mês.
- A senhora pode me dar um pouco de água? Grito tanto que vivo com sede. - Espere um pouquinho, vou pegar. - O menino já tomou café? - Ainda não senhora, vou ver se ganho primeiro! - Como é o seu nome garoto? - Juquinha! - Já tão pequeno, batalhando pela vida; é louvável, Juquinha. Tantos meninos marginais vivem a se drogar e roubar por aí.
- Vou à cozinha pegar um café com leite e um pãozinho para você. - Eu agradeço muito senhora.
- Traga aqui para o terraço, Maria!
- Com aquele gesto de sensibilidade para com Juquinha, este vez por outra, passava na casa de Dona Maroquinha e pedia um pouco de água. Sempre esta ou Maria, oferecia-lhe algo, alguma sobra de comida, a qual Juquinha agradecia e saía novamente contente a gritar para engraxar sapatos.
Numa das vezes conversando com Dona Maroquinha, Juquinha falou: - o que eu apuro Dona Maroquinha quase todo dou na casa de uma mulher onde eu moro num quartinho de quintal.
- E seus pais Juquinha? você não mora com eles? - Não tenho pai, nem mãe, nem ninguém no mundo, que eu conheça ser família minha.
Eu vivia jogado pelas ruas com outros mirins, sem ter onde morar, nem dormir, sem ter o que comer. As moças do serviço social fizeram uns projetos do governo e colocaram eu e outros meninos de rua neste trabalho. Arranjaram umas cadeiras de engraxate e assim estamos melhor que vagabundando nas ruas, fazendo o que não presta.
- Muito bem Juquinha, continue trabalhando, um dia com a ajuda do Menino Jesus você vai vencer. Se Deus quiser Dona Maroquinha!
- Deus lhe abençoe meu filho! Muito obrigado Dona Maroquinha e até outro dia! - Até outro dia!
Faltavam poucos dias para o Natal. Juquinha passou em Dona Maroquinha para desejar Feliz Natal àquela compreensiva e humana senhora e a Maria sua ajudante dedicada!
- Boa tarde D. Maroquinha! Boa tarde Juquinha!
- Eu vim desejar feliz natal para as senhoras, que tanto têm me apoiado, com uma palavra amiga!
- Igualmente Juquinha, venho notado que você é um bom menino: trabalhador e agradecido!
- Juquinha, qual é o seu sonho de Natal?
- Meu sonho D. Maroquinha era possuir uma bicicleta novinha da loja!
- Oh. Juquinha se eu pudesse lhe ofertar! Infelizmente meu rendimento não permite!
- Não tem importância D. Maroquinha, só a boa vontade da senhora é tudo! Se interessar por mim que não sou nada!
- Não diga isto Juquinha!
- De qualquer forma Juquinha, se você quiser vir jantar aqui comigo e Maria, na Noite de Natal, venha. Maria vai preparar uma Galinha de capoeira assada, vou fazer uns bolinhos e comprar uns refrigerantes para nós.
- Oh. Dona Maroquinha, muito obrigado, quem sou eu para merecer! Eu estarei aqui se Deus quiser.
- Passaram-se alguns dias.
- Maria! Maria! amanhã será o dia do sorteio da loteria não é?
- Vou pegar meu bilhete, deixar aqui mais fácil na mesinha de cabeceira, pois ando tão esquecida! D. Maroquinha pôs-se a procurar por todos os lugares da casa e nada de encontrar.
- Gritou: Maria perdi meu bilhete! - Não acredito, D. Maroquinha! Procure direito, as vezes a senhora pensa que colocou num lugar e coloca noutro. Logo amanhã será o sorteio! Acho que perdi na rua, deve ter caído da bolsa. Dona Maroquinha ficou muito entristecida, havia perdido o bilhete justamente estava uma carteirinha com sua foto.
Chegara a véspera de Natal. Maria limpou tudo, D. Maroquinha arrumou as coisas da casa. Forrou as camas com umas colchas de Crochet que havia trazido do interior. Só as colocava nos dias de festa. Fizeram bolo, assaram a galinha. Estava tudo modestamente em ordem, à espera de Juquinha. À tardinha este chega, com umas flores para D. Maroquinha, atendendo o seu convite carinhoso para jantar com ela e Maria.
- Feliz Natal D. Maroquinha! Feliz Natal Maria! Feliz Natal Juquinha!
Oh. Juquinha só não estou contente porque perdi meu bilhete da loteria!
- Fique contente, D. Maroquinha, seu bilhete está comigo, o encontrei jogado na rua, reconheci a foto da senhora e como já vinha jantar com a senhora, deixei para trazer agora! Que coincidência Juquinha, você ter encontrado meu bilhete! Muito obrigada meu filho! - Por sinal corre hoje, antes da meia noite, da Missa do galo! - Quem me dera!
- Olhe Juquinha, vou buscar uma lembrancinha de Natal para você. E foi lá dentro e trouxe uma embalagem de presente. Havia comprado umas roupinhas e um sapato para Juquinha! Oh. Dona Maroquinha foi o melhor presente que já recebi até hoje, disse com lágrimas nos olhos! D. Maroquinha passou a mão na cabeça de Juquinha, numa ternura como se fosse seu filho! Estavam na sala próximo a árvore, o televisor ligado, enquanto Maria preparava o jantarzinho simples para eles.
De repente anunciou-se pela televisão que logo mais seria o sorteio da loteria de Natal. D. Maroquinha e Juquinha pegaram o bilhete com um lápis na mão e esperaram atentos:
Chamaram: 3 5 8 13 55
- Juquinha gritou: D. Maroquinha a senhora foi premiada! - Inacreditável! Ela quase desmaia. Maria correu, junto com Juquinha para reanimar D. Maroquinha, esfregando seus pulsos, deram-lhe um leite quente.
- Os três juntos radiantes de contentamento, diante do inusitado começaram cantar Feliz Natal!
- D. Maroquinha pôde realizar o sonho de Natal de Juquinha, que era possuir uma bicicleta novinha da loja!
Convidou Juquinha para morar com ela e Maria, já que os três eram sozinhos, não tinham família próxima. Uma grande afeição os havia aproximado, coincidente e felizmente colocado nos caminhos um dos outros.
Dali por diante a vida mudara totalmente para Juquinha, Dona Maroquinha e Maria - esta sua fiel e dedicada ajudante. Juquinha guardou a cadeira de engraxate, como símbolo da sua vida difícil, em cujas andanças, em busca do pão de cada dia, pelas ruas, lhe possibilitou encontrar por um feliz acaso, o seu anjo de guarda, Dona Maroquinha! tão humana!
Aquele prêmio fora uma recompensa para os três!
- Mas um pedido lhe faço D. Maroquinha: - quando eu crescer, a senhora pode colocar uma loja de bicicleta para eu tomar conta? - Claro Juquinha, por enquanto quero só que você se dedique aos seus estudos, recuperar o tempo perdido pelas ruas.
Juquinha estudou nos melhores educandários, Dona Maroquinha comprou uma casa ampla, rodeada por um pomar lindo, que Juquinha ajudava cultivar. Cresceu, ficou um belo menino e rapaz. Era super atencioso e carinhoso com sua verdadeira mãe, que o destino lhe reservou naquela linda e inesquecível Noite de Natal!
Outro sonho realizado: A loja de bicicletas, a qual todos os Natais dali para a frente, sorteariam lindas bicicletas e outros brinquedos para as crianças carentes dos bairros pobres da cidade!
- Quem quer bicicleta? quem quer bicicleta? Este refrão substituiu o de outrora: - quem quer engraxar sapato?

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