de súbito
vem a tona um pote de metáforas
para asfaltar a estrada
cuja
sou pigmentos de ferro e giz
para melhor reter a ferrugem
para melhor montar o vento
e em movimento
de tempos em tempos
de palavra em punho
reciclar cadáveres mal sucedidos
na língua
na hóstia
na linhagem
na passagem
na ingenuidade
de um mundo fosco
ausente de flores
mas em numero excessivo
de corpos duplos
de caras duplas
de fetos martelando
os dedos sem mãos
os pés sem estradas
os dias sem intervalo
dilacerando
a mulher e o homem
o ateu e o teísta
a bicha e o capitalista
o leitor e o colunista
varias vezes
de varias formas
no mundo e na alma
no lixo e na glória
deixando uma outra figura
onde antes havia
(ou pelo menos era o que se pretendia)
somente Jose e Maria.