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Ensaios-->Memorial do Comunismo: Movimento Consulta Popular - II -- 03/10/2007 - 12:34 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Movimento Consulta Popular - Final

por Carlos I. S. Azambuja (*) em 02 de outubro de 2007

Resumo: O Movimento Consulta Popular, braço político do MST, defende que a esquerda precisa ser refundada no Brasil, pois o ciclo PT chegou ao fim.

© 2007 MidiaSemMascara.org

Paralelamente a essa entrevista, um site da Internet, intitulado Resumen Latino-Americano (www.nodo50.ix.apc.org/resumen/) veiculou, em 11 de fevereiro de 2001, em espanhol, ume entrevista com duas lideranças do MST, ambos fundadores da Consulta Popular: João Pedro Stédile e Jaime Amorim.

O título é sugestivo: “Queremos un Cambio Total”. Eis alguns trechos dessa entrevista:

“- hoje, o problema que enfrentamos é que ainda se verifica um descenso na luta de massas, que não existem as chamadas condições subjetivas e 150 milhões de trabalhadores estão excluídos do modelo imperante e não têm formas organizadas para manifestar-se contundentemente contra a política oficial;

- contra nós se assanha a repressão (nunca passou uma semana sem que firam ou assassinem um companheiro) porque ao longo destes anos nunca arriamos nossas bandeiras e continuamos crescendo;

- em todas as nossas palestras de formação de quadros explicamos que quem primeiro politizou a questão da reforma agrária foram as elites;

- temos consciência de que essa encruzilhada em que o país se encontra será resolvida no dia em que o povo brasileiro construir uma unidade suficiente de objetivos entre as diversas forças políticas e sociais, dispostas a implantar um projeto popular;

- como construir um projeto popular? Está claro que não converteremos o MST em partido político. Temos absoluta convicção de que é preciso criar uma unidade superior que junte os partidos e os movimentos sociais. Para isso, criamos a Consulta Popular, que é um espaço político para os militantes do MST, da Central de Movimentos Populares, dos partidos de esquerda, das igrejas de base... Para que todos eles tenham um foro onde possam debater sobre como construir um projeto popular”.

Tão logo foi constituída, em dezembro de 1997, a Consulta Popular estava integrada pelos seguintes elementos:

Ademar Mineiro – membro do Conselho Federal de Economia

Alcebíades Teixeira – ex-presidente da CUT/RJ

André Braga – presidente do DM/PT/RJ

Antonio Carlos Biscaia – atual Secretário Nacional de Segurança

Ari José Alberti – membro da Secretaria do Grito dos Excluídos

Arthur Messias – Dep Est PT/RJ

Bautista Vidal – Físico

Carlos Minc Baunfeld – Dep Est PT/RJ, atual Secretário Estadual de Meio Ambiente/RJ

César Queiroz Benjamim – Editor

Chico Alencar – atual Dep Fed PSOL/RJ

D. Tomás Balduino – presidente da CPT

Eduardo Callado – membro do Conselho Regional de Economistas/RJ

Emir Simão Sader – professor e escritor

Ervino Schmith – Pastor; membro do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs

Frei Betto – Frade dominicano e escritor

Geraldo Cândido – ex-Senador PT/RJ

Ivo Polleto – membro da Caritas Nacional

Joana Fomm – atriz

João Luiz Pinaud – ex-Secretário Estadual de Justiça do Rio de Janeiro

João Pedro Stédile – membro da Coordenação Nacional do MST

José Albino de Melo – Membro da Coordenação Nacional da CMP

Justina Cima – membro da Coordenação Nacional do Movimento das Mulheres Agricultoras

Luci Choinaski – Dep Fed PT/SC

Luiz Bassegio – Assessor do Setor Social da CNBB

Luiz Bernardo Pericás – diplomata

Luiz Carlos Guedes Pinto – diretor da ABRA e professor da UNICAMP

Luiz Eduardo Rodrigues Greenhalgh – advogado

Milton Viario – ex-presidente da Federação dos Metalúrgicos/RJ

Paulo Molós– Assessor do CIMI

Plínio de Arruda Sampaio – membro da Secretaria Agrária Nacional do PT

Reinaldo Gonçalves – professor da UFRJ e membro do Conselho Nacional Economia

Ricardo Scopel Velho – União Catarinense de Estudantes

Roberto Requião – governador do Paraná

Sergio Barbosa de Almeida – presidente do Sindicato dos Engenheiros/RJ

Sidnei Pascuoto – membro do Sindicato de Economistas/RJ

Tânia Bacelar – economista; professora da UFPE

Teotônio dos Santos – Professor da UFF e ex-assessor do Departamento de Relações Internacionais do Governo Estadual/RJ.

Luciana de Freitas Andrade – Secretária da Consulta Popular.


Dia 07 de novembro de 2001 foi realizada na sede da Secretaria Estadual da Consulta Popular no Rio de Janeiro, que funciona no Sindicato dos Engenheiros/RJ, uma reunião de membros dirigentes da Consulta. Estiveram presentes 15 pessoas, sendo que a reunião foi presidida pelo próprio presidente do Sindicato dos Engenheiros, Sérgio Barbosa de Almeida, integrante do núcleo dirigente da Consulta Popular.

O objetivo da reunião foi discutir onde seria realizada a vigília programada para o dia 14 de novembro de 2001, definida pela Secretaria Nacional do Consulta Popular como o Dia Nacional contra a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e contra o “imperialismo”. Foi definido que essa vigília seria realizada em frente ao Consulado dos EUA, no Rio. Antes disso, em 7 de outubro de 2001, foi divulgado pela Internet um texto de Marta Harnecker (escritora chilena, viúva de Manuel Piñero Losada que, por cerca de 30 anos foi dirigente da Inteligência Cubana), ícone do Foro de São Paulo, sobre a Consulta Popular. Em determinado trecho, Marta Harnecker assim definiu Consulta Popular: “Nasceu em dezembro de 1997 o movimento Consulta Popular, iniciativa que não pretende substituir os partidos de esquerda, e sim conscientizar e debater sobre um projeto para o Brasil, criando espaços de encontro e de discussão, na base, no seio dos movimentos populares, e articulando mobilizações em torno de objetivos muito precisos”.

Em 4 de dezembro de 2003, durante o seminário “Um ano de Governo Lula: balanço e perspectivas”, César Queiroz Benjamim proferiu uma palestra no auditório da UERJ. Nessa palestra declarou que “A verdadeira herança maldita que nós recebemos da década neoliberal é esta combinação conservadora, reacionária, medíocre e indecente, que nos diz o tempo todo que nós não podemos nada; que nos impede de construir a nossa própria agenda; e que nos expropria as dimensões do espaço, do tempo e das pessoas, que são os elementos mais importantes para a construção da Nação”, e que “Nossa crise é só secundariamente uma crise econômica. É, antes de tudo, falta de projeto. Pior: a falta de vontade de ter projeto”.

Com a assinatura de João Pedro Stédile, em 22 de novembro de 2001 foi difundida uma Circular à Comissão Executiva Nacional e às Secretarias Estaduais de Consulta Popular, braço político do MST. A Circular contém uma completa programação das atividades contra a ALCA, que seriam desenvolvidas no Brasil durante o ano de 2002, culminando com a realização de um Plebiscito Popular durante a Semana da Pátria. De acordo com a Circular, a programação teve por base “recentes reuniões continentais e nacional” (reunião da “Alianza Social Continental”, em Florianópolis/SC em 26/28 de outubro de 2001 e o “Encontro Hemisférico Contra a ALCA”, em Havana, em 19/21 de novembro de 2001). Segundo a Circular, a fim de evitar a implantação da ALCA, “precisamos utilizar todas as formas de luta”.

Uma outra entrevista com César Queiroz Benjamim foi publicada em 15 de novembro de 2003, em espanhol, pela agência de notícias Adital (Agência de notícias Frei Tito para a América Latina, reconhecida pela Unesco). “Menininho” repetiu basicamente o que já havia declarado na entrevista ao jornal “A Verdade”, acima transcrita, acrescentando no entanto, o trecho seguinte no original: “Hemos conseguido muchos objetivos. Nosotros trabajamos en silencio, pero trabajamos. Con muy pocos recursos, es verdad. En estos dos años, hicimos unos 25 videos sobre diferentes cuestiones brasileras, de los cuales sacamos y distribuimos alrededor de 30 mil copias, hicimos 300 mil cuadernillos, tenemos una editorial (Contraponto), que ya tiene unos 40 libros publicados, también mantenemos permanentemente algunos cientos de compañeros en cursos de formación”.

Em janeiro de 2004, declarou à Folha de São Paulo: “Lula es Fernando Henrique Cardoso sin “plan real”, es decir, nada”.


Cartaz do Consulta Popular: maoísmo e radicalização.

A Revista dos Sem-Terra – Maio/Junho de 2005 publicou um artigo de autoria de César Queiroz Benjamim e Ricardo Gebrim intitulado “O que propõe o movimento Consulta Popular?” . Lá pelas tantas, lê-se o seguinte trecho: “O Movimento Consulta Popular surge a partir de 1997 para desestabilizar, confrontar idéias, rever práticas, chacoalhar a rotina. Rompendo com a lógica da centralidade na luta eleitoral, gera profundos incômodos, pois sua prática cobra responsabilidades, exige esforço, criatividade, paciência e ousadia. Os militantes da Consulta, na sua maioria já tendo passado pela militância sindical e partidária, sabem que não estão preparados ainda para uma tarefa de tal envergadura, pois têm que enfrentar três crises fundamentais que se instalaram no seio da esquerda nos últimos anos: a crise de valores, de prática e de pensamento”.

Em 26 de abril de 2006, César Queiroz Benjamim foi indicado pelo PSOL para disputar o cargo de vice-presidente da República. Em carta à Coordenação Nacional da Consulta Popular, dando conta de sua candidatura à vice-presidência, César Queiroz Benjamim escreveu que: “Queiramos ou não, o fato político mais importante no Brasil, neste ano, serão as eleições presidenciais. Se a disputa ficar resumida a PT versus PSDB, haverá um só projeto colocado na mesa. E o debate se limitará, fundamentalmente, a duas questões: Quem roubou mais? Quem foi mais medíocre na condução do país?”.

Concluindo: o Movimento Consulta Popular, braço político do MST, é a expressão orgânica da idéia da necessidade de se resgatar um Projeto Popular para o Brasil e uma proposição de que a esquerda precisa ser refundada, partindo da avaliação de que o “ciclo PT” chegou ao fim.


Leia também Movimento Consulta Popular - I


(*) Carlos I. S. Azambuja é historiador.



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