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Ensaios-->Saiba como se comportar numa aldeia indígena. -- 11/08/2007 - 14:44 (Giovanni Salera Júnior) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
SAIBA COMO SE COMPORTAR NUMA ALDEIA INDÍGENA

Muitas pessoas, especialmente aquelas que vivem em grandes centros urbanos, têm vontade de visitar áreas naturais e/ou locais inóspitos e selvagens, como por exemplo, florestas, cavernas, cachoeiras, picos montanhosos, desertos, o fundo do oceano, ruínas de antigas civilizações e aldeias indígenas.
No Brasil, existem basicamente 4 grupos de pessoas que costumam visitar as diversas aldeias espalhadas por todo país. O primeiro grupo é formado por pessoas que moram em locais próximos às aldeias e que tem uma relativa familiaridade com os indígenas. Dessa forma, essas pessoas são convidadas pelos próprios índios para participarem de festas, de rituais, para jogar futebol ou simplesmente para uma pescaria. O segundo grupo é formado por pessoas ligadas aos veículos de comunicação (repórteres, jornalistas, escritores etc.) que vão às aldeias para fazer documentários em vídeo ou matérias que são veiculadas em revistas e jornais. O terceiro grupo é composto por integrantes de Igrejas e ONGs (Organizações Não Governamentais) que desenvolvem trabalhos de apoio e assistência aos povos indígenas. O quarto grupo é formado por estudantes, professores e pesquisadores que têm como objetivo a realização de levantamentos e pesquisas técnico/científicas.
Aqui, nesse texto, apresento uma série de dicas e recomendações que, ao longo do tempo, fui acumulando e que, conforme acredito, podem auxiliar as pessoas que querem visitar uma aldeia indígena.
A primeira e, com certeza, a mais importante recomendação que dou para quem pretende visitar uma área indígena é: “busque orientações junto à FUNAI (Fundação Nacional do Índio)”. Você deve estar ciente que a FUNAI é o principal órgão federal vinculado aos indígenas e, portanto, é imprescindível a observância de todas as suas recomendações e exigências.
Ao preparar sua bagagem para viagem, se possível, não leve caixas e nada muito volumoso. Preferencialmente, só leve consigo o que puder carregar.
Mesmo se você pretende ficar apenas poucos dias, leve algumas peças de roupa a mais. Caso você não possa sair da aldeia conforme planejado, você não estará despreparado.
Seja discreto! Lembre-se de nunca ir à aldeia carregando jóias, relógios e outros apetrechos. Isso pode atrapalhar você na compra de artesanato de palha e cerâmica.
Caso queira comprar alguma coisa, leve o dinheiro sempre em pequenas cédulas, pois, em geral, a troca de dinheiro na aldeia é difícil.
Especialmente nos primeiros dias, procure não andar sozinho pela aldeia. Ande em companhia de um indígena ou de alguém que compreenda a língua nativa. No caso de algum incidente, você não estará sozinho. Além disso, com uma companhia familiarizada com a comunidade, sua integração será mais fácil.
Não saia tirando fotos ou filmando pessoas e suas coisas particulares (casa, artesanato, animais, comida etc.) sem pedir autorização ao proprietário. No caso das crianças, sugiro que você peça autorização aos pais ou responsáveis.
Em geral, os índios tomam banho várias vezes ao dia e não gostam que visitantes fiquem olhando ou fotografando os banhistas.
É normal que no início você seja uma atração, uma grande novidade na comunidade. No início, fale pouco, ouça e observe mais. Deixe que a comunidade se familiarize com sua presença. Com o passar dos dias, você se tornará uma pessoa invisível.
Evite beijos e abraços. Muitos grupos indígenas não costumam se tocar para se cumprimentar, mas, em geral, o aperto de mão pode ser utilizado sem problemas. Caso não utilize, não será uma ofensa ou descortesia. Se preferir, você pode somente olhar, acenar com a mão ou cabeça e dar um sorriso.
Cada comunidade possui um ritmo específico e uma organização própria. Em vários grupos indígenas, a divisão dos espaços nas casas, dentro e ao redor da aldeia segue relações de gênero e/ou de faixas etárias. Em locais assim, existem ambientes que são freqüentados apenas por homens e outros apenas por mulheres. A observação desses aspectos deve ser levada em conta por quem quer ter um convívio harmônico.
Outro aspecto extremamente importante e que varia muito entre os diversos grupos indígenas trata-se da sazonalidade das diferentes atividades (temporadas de caça, preparo da roça, tempo de colheita, rituais, casamentos etc.). Vale lembrar que, em geral, não há um calendário único para todas as aldeias de uma mesma etnia. Isso tudo deve ser visto no planejamento das visitas. A definição do cronograma de visitas deve corresponder ao calendário próprio da aldeia em questão.
Lembre-se que a comida para muitos grupos indígenas tem um caráter muito especial, às vezes ela é considerada sagrada. Em algumas situações, quando você for convidado a comer alguma coisa, você não poderá recusar a comida, pois, caso isso ocorra, eles podem se ofender. Existem vários situações em que você pode recusar algum alimento, tais como: (1) se sua religião ou tradição o proibi de comer, como no caso da carne vermelha para os vegetarianos; (2) se você estiver grávida ou amamentando e (3) em situação de luto por algum parente ou amigo próximo. Várias comunidades indígenas possuem tabus alimentares como esses. E quando uma pessoa se recusa a comer um determinado alimento numa situação dessas, isso é facilmente entendido pelos índios.
Se algum acidente acontecer, um corte no dedo ou um arranhão, provavelmente, eles poderão oferecer um remédio ou tratamento natural. Caso você tenha uma dor de cabeça ou dor de estômago, eles também podem querer tratá-lo com medicamentos naturais. Isso tudo, é lógico, dependerá do seu grau de entrosamento dentro da comunidade.
Deixe os preconceitos de lado e seja bem humorado. Esteja disposto a experimentar novas situações e vivências com bom humor, pois dessa forma seu convívio na aldeia será bem melhor.
O melhor é estar sempre preparado para viver momentos diferentes e buscar ver o lado positivo de cada situação nova. E lembre-se que uma coisa que você deve deixar em casa são os preconceitos e o desrespeito às diferenças.

Publicado no Jornal Atitude, edição n. 11, p. 02, de 20/08/2007. Gurupi – Estado do Tocantins.
http://www.atitudetocantins.com.br

Giovanni Salera Júnior é Mestre em Ciências do Ambiente e Especialista em Direito Ambiental.
E-mail: salerajunior@yahoo.com.br
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