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Artigos-->LER OU NÃO LER, EIS A QUESTÃO -- 02/09/2012 - 22:24 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
sábado, 1 de setembro de 2012



LER OU NÃO LER? EIS A QUESTÃO



"A massificação é capaz de apagar a consciência, inibindo a crítica e a autocrítica".

Francisco Miguel de Moura*









Na verdade, não há leituras boas nem más: - De todas, a gente querendo, alguma coisa aproveita. As obras todas deveriam ser sempre éticas, sem preconceitos. Mas, quem escreve são seres humanos, e seres humanos pensam, e cada qual pensa e sente a vida, o mundo e a si mesmo á sua maneira; cada um sofre a influência do seu tempo e de seu meio. As leituras dos livros que se fizeram e se fazem no mundo são as mais variadas possíveis, desde Gutemberg. Num blogue da internet, datado de 01-09-2010, encontrei uma matéria com o título de “7 LIVROS QUE FERRARAM A HUMANIDADE”. Não citarei todos nem acho que a escolha e a classificação andem próximas do que seria de justiça. Ou melhor, não acredito que livro nenhum mude a humanidade. Para que ler então? Para nele nos encontrarmos e dele tirarmos algum conhecimento ou satisfação pessoal, pois ler é uma das atividades mais prazerosas.

Dos sete, “O homem delinqüente”, de Lombroso, 1876 e “Minha luta”, de Hitler, de 1925, foram os dois primeiros apontados. Ao final, os pesquisadores, todos professores de universidade, colocaram a seguinte explicação: “Não incluímos na lista os livros que foram simplesmente mal interpretados. A “Bíblia” é um exemplo disto. “O Capital”, de Karl Marx, também tem a ver com as interpretações equivocadas: Esse livro é um grito ético humanista e tem todas as características para ser um livro anti-atrocidades”. Para o autor da explicação citada, os massacres que governantes socialistas promoveram não podem ser atribuídos à obra de Marx.

No evolver da história, os homens se guerreiam e praticam realmente atrocidades, hecatombes. São de maior lembrança o holocausto dos judeus, na Alemanha de Hitler, a caça às bruxas, as vítimas da Inquisição da Igreja, e mais recentemente, o extermínio dos índios americanos pelo branco “civilizador” e o de tribos africanas inteiras dizimadas por brigas entre si. Diz-se que “a história do homem é a história de suas guerras”. Diz-se também que as guerras são oportunidades para desenvolvimento e novas descobertas - no que não quero acreditar. A ciência segue sua trajetória com guerras ou sem elas. As perguntas da ciência é que fazem o mundo progredir, repete a mídia “global”, e o homem por si mesmo vive perguntando. Pergunta à natureza próxima, ao passado, ao presente e ao futuro; pergunta aos pergaminhos, aos monumentos, aos astros; pergunta aos hieróglifos; pergunta aos livros, depois de Gutemberg; pergunta à internete, agora, na pós-modernidade.

Por mais que alguns livros façam mal, mesmo assim livros devem continuar sendo escritos livremente, tal como os cientistas devem continuar pesquisando e inventando livremente. Precisamos é de boas interpretações, e isto só é possível com muita leitura da natureza e do homem, inteligência e sapiência. O mal maior que uma obra escrita pode fazer depende mais do modo de divulgação. Se a divulgação é feita em massa, maiores os riscos. A massificação é capaz de apagar a consciência, inibindo a crítica e a autocrítica.

E é preciso dizer ainda que a escolha de livros e leituras depende muito do gosto e da vontade de quem vai ler. Procuramos ler aquilo que se afina com o nosso gosto ou a nossa inocência. A educação doméstica e a escolar devem cuidar de tudo isto: da boa interpretação, da consciência do melhor, mostrando às crianças e jovens o caminho do bom senso, da ética e da moral, acreditando sempre que os valores maiores do homem são a vida, a liberdade e o amor.

Minha divergência maior com relação à lista dos “7 LIVROS QUE FERRARAM A HUMANIDADE” é com relação à inclusão nela do cientista e médico Cesare Lombroso. Não me refiro às características do tipo “lombrosiano”, um acaso, um pequeno acidente em sua obra. Mas a pesquisa de Lombroso traz muito mais do que isto. Já há uma espécie de volta a Lombroso, na modernidade, com relação à herança genética. Há bem pouco tempo os educadores achavam ser possível transformar o caráter do educando apenas com o bom ensino e o exemplo – a parte social. Esta ênfase caiu bastante em descrédito, no momento em que a família, por isto ou aquilo, quase se desintegra e as adoções de crianças cada vez mais se avolumam. Psicólogos e psiquiatras já entendem que a parte genética, a herança dos pais é muito forte para ser transformada apenas pela educação social e a convivência.



(Esta matéria foi publicada no jornal “O DIA”, 31-8-2012)

___________________

*Francisco Miguel de Moura – Escritor, membro da Academia Piauiense de Letras, Teresina, Piauí, Brasil. E-mail: franciscomigueldemoura@gmail.com

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