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Ensaios-->A Caçada ao Outubro Vermelho e os atletas cubanos -- 09/08/2007 - 08:42 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A Caçada ao Outubro Vermelho e os Cubanos deportados do Brasil

O que tem o Filme A Caçada ao Outubro Vermelho a ver com os Cubanos deportados do Brasil ?

Sinopse do filme:

Um oficial da marinha soviética resolve testar um submarino secreto e, entre especulações de deserção e atentado nuclear, o capitão e sua tripulação buscam escapar de uma caçada empreendida por americanos e soviéticos. Dirigido por John McTiernan (Duro de Matar) e com Sean Connery, Alec Baldwin e Sam Neill no elenco. Vencedor do Oscar de Melhores Efeitos Sonoros.

O ano é 1984. O alto comando soviético acredita na possibilidade de deserção quando o capitão Markus Ramius (Sean Connery), o comandante do Outubro Vermelho, o mais moderno submarino russo, desobedece ordens superiores e navega em direção à América. Diante deste quadro outros submarinos soviéticos recebem ordem de afundar o Outubro Vermelho e os americanos decidem fazer o mesmo, pois temem um ataque contra seu território. Até que Jack Ryan (Alec Baldwin), um agente da CIA que admira Markus Ramius, tenta impedir que soviéticos e americanos dêem prosseguimento a este ataque.

Baseado no best-seller de Tom Clancy, A Caçada Ao Outubro Vermelho ferve com entretenimento e transpira com a tensão dos homens que possuem o dia do Juízo Final nas mãos. Um novo e tecnologicamente superior submarino nuclear, o Outubro Vermelho, está seguindo em direção à costa americana, sob o comando do Capitão Marko Ramius (Connery). O governo americano acha que Ramius planeja atacar. Somente um analista da CIA (Alec Baldwin) pensa diferente: para ele Ramius planeja desertar, mas tem apenas poucas horas para encontrá-lo e provar sua teoria... pois todo o comando da marinha e aeronáutica russa também quer pegá-lo. A caçada começou!

O filme mostra a história do capitão Marko Ramius (Sean Connery) no comando de um submarino nuclear soviético que utiliza tecnologia de propulsão (lagarta) completamente nova e quase indetectável pelo fato de não causar o turbilhão que causam os sistemas com hélices.
Aparentemente este submarino iria atacar os Estados Unidos. Do outro lado, há o analista da CIA Jack Ryan (Alec Baldwin), que segue todos os passos de Ramius na tentativa de descobrir suas reais intenções.

Ficha Técnica
Título Original: The Hunt For Red October
Gênero: Aventura
Tempo de Duração: 135 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 1990
Estúdio: Paramount Pictures

O filme A Caçada ao Outubro Vermelho retrata muito bem a coação irresistível (para dizer melhor em bom português: Chantagem Covarde e ignóbil) que os regimes comunistas utilizaram (e continuam utilizando) com os seus cidadãos (?) - artistas, intelectuais, militares, atletas, cientistas - através de 2 ações:

1) Vigilância pelos Comissários - Seguranças, Agentes Especiais, 'guarda-costas', 'acompanhantes', 'auxiliares administrativos', etc - Pessoas de confiança do Partido (quer saber qual? só tem um: o comunista) que vigiam de perto seus prisioneiros para que não 'desertem' ou seja, não abandonem o paraíso Russo, Cubano. Norte-coreano, ...
Nas guerras e nas missões de reconhecimento e de combate da guerra fria, ao lado de cada comandante de unidade e subunidade militar, tem um 'comandante' civil - o Comissário do Partido - que possui mais força que o militar, por ele constantemente fiscalizado.

2) Familiares Reféns - Se a pessoa quiser abandonar o paraíso comunista, 'traindo sua pátria' por ansiar em viver em liberdade em um país democrático, seus familiares sofrerão as conseqüências da 'deserção' em diversos níveis: morte, prisão, tortura, perda ou redução de 'privilègios', tais como o cartão de racionamento, 'confinamento em casas especiais', 'reeducação ideológica' e outras 'cositas más', que a mente tortuosa dos camaradas conseguem criar.

Diversos filmes e livros mostram essas ações de terrorismo psicológico, de ameaças constantes levadas a efeito pelos comunistas aos seus cidadãos quando em viagem ao exterior (principalmente quando são pessoas que se destacam em algum setor), O QUE NÃO IMPEDE QUE A SÊDE DE LIBERDADE FRUSTRE MUITOS DE SEUS INTENTOS CONDENÁVEIS DE MANTÊ-LOS PRISIONEIROS.
Neste filme, Caçada ao Outubro Vermelho, o Comandante Markus Ramius, tendo se libertado da chantagem, com a morte de seu último parente vivo, sua esposa, consegue se livrar do 'seu comissário' e se bandeia para as hostes da sagrada LIBERDADE.

Interessantíssimo! Os cubanos logo após serem detidos no Brasil, telefonaram para seus familiares que vivem em Cuba e logo declararam que não queriam 'desertar', que queriam voltar para Cuba . Alguns dias depois (ontem), aparece a versão de que nunca pensaram em fugir da vila carioca dos atletas: foram dopados e sequestrados por 'porcos capitalistas' que os enganaram. Como foge ao padrão das centenas de fugas dos regimes comunistas! E ainda mais: a versão informa que foi eles (cubanos) que chamaram a polícia e que oferecido refúgio político, eles não aceitaram. E o que acho ainda mais interessante: as autoridades camaradas molluscas apedeutistas, para proteger os pobres e indefesos sequestrados libertos, não permitiram que a imprensa nem nenhuma organização de defesa dos direitos humanos tivesse contato com eles e os enviaram para Cuba, à noite, rapidamente. Que coisa, 'né'?

Esses cubanos, ao que sabemos não são criminosos. E quanto ao falso 'padre' Medina, criminoso das FARC, acusado de trazer 5 milhões de narcodólares para a campanha do PT, preso aqui no Brasil, não concederam a extradição pedida pelo país dele, a Colômbia:
Premiaram-no com o status de 'refugiado político'.

Efupeo Deneshu


***

Entidade defende investigação sobre deportação
(O Globo - 08.08.2007)

Human Rights Watch quer apuração; já Tarso Genro diz que cubanos praticamente imploraram para voltar a Cuba

Marília Martins e Jailton de Carvalho

NOVA YORK E BRASÍLIA. A organização internacional Human Rights Watch, de defesa de direitos humanos, que acompanha os eventos que cercaram a deportação dos pugilistas cubanos Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara, pediu uma investigação profunda, feita por uma comissão independente, com o apoio do Congresso e do Judiciário brasileiros, para esclarecer por que os atletas voltaram a Cuba depois de desertar da delegação de seu país durante o Pan.

- Temos só a versão oficial da Polícia Federal brasileira. Precisamos ter certeza de que os atletas mudaram de idéia e decidiram voltar. É preciso que uma investigação conduzida de forma independente pelo Congresso e pelo Judiciário brasileiros apure as circunstâncias em que a mudança aconteceu - disse o diretor-executivo da Divisão para as Américas da Human Rights Watch, Jose Miguel Vivanco.

O ativista lembrou que esse caso é incomum pelo fato de que a deserção dos atletas não ter sido seguida pelo pedido de asilo. Ele solicitou que o governo brasileiro envie pedido ao regime cubano de tratamento humanitário para os dois atletas.

Em Brasília, o ministro da Justiça, Tarso Genro, reagiu às críticas da oposição à deportação e disse que os atletas voltaram a Cuba por livre e espontânea vontade. De acordo com o ministro, o governo ofereceu refúgio político, mas os dois preferiram rejeitar a oferta. Para Tarso, os atletas estavam com saudades da família e quiseram retornar a Cuba. O ministro disse que os dois não têm pendências de ordem política, que inviabilizem a volta para casa.

- Eles deram depoimentos e praticamente imploraram para voltar. Tudo foi feito dentro da legalidade - afirmou.

Tarso determina que PF divulgue depoimentos

Irritado com o tom dos ataques à deportação, Tarso disse que a oposição fez críticas com base em informações erradas. Segundo ele, os cubanos foram presos pela Polícia Militar e não pela Polícia Federal. A PM está subordinada ao governo do Rio de Janeiro. A PF é vinculada ao Ministério da Justiça. Depois de capturados pela PM, os cubanos foram entregues à PF.

Por ordem de Tarso, foram divulgados os depoimentos dos cubanos à PF. 'Foi oferecido ao depoente se desejava solicitar refúgio, o qual foi negado, pois o depoente diz amar o seu país, seus familiares, não ter problemas políticos ou religiosos', disse Ortiz, segundo transcrição do delegado da PF Felício Aterça.

Na segunda-feira, senadores da oposição criticaram a deportação. O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), classificou a ação como desumana. O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) comparou a medida à deportação de Olga Benário para a Alemanha nazista, praticada pela ditadura de Getúlio Vargas. Raul Jungmann (PPS-PE) e Fernando Gabeira (PV-RJ) anunciaram que vão pedir explicações à Polícia Federal e ao Ministério das Relações Exteriores.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) informou que vai cobrar do embaixador de Cuba no Brasil, Pedro Nuñez Mosquera, garantias da integridade física dos pugilistas.

Assim como cobramos tratamento digno no caso dos cubanos presos nos Estados Unidos, vamos cobrar tratamento em igualdade com esse princípio aos atletas deportados para Cuba - disse o presidente da entidade, Cezar Britto.


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Cubanos afirmam à polícia que foram dopados e presos
(Folha de São Paulo - 08.08.2007)

Boxeadores, em depoimento à PF, disseram que saíram da vila para comprar videogame

Polícia fez questão de registrar que Rigoundeaux e Lara manifestaram de 'livre e espontânea vontade seu desejo de voltar a Cuba'

ANDRÉA MICHAEL

VALDO CRUZ

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em depoimento à Polícia Federal, os pugilistas cubanos Guillermo Rigoundeaux e Erislandy Lara, que desertaram durante o Pan do Rio e que retornaram ao país na noite de sábado, afirmaram que saíram da vila para fazer compras e foram dopados e mantidos presos em uma apartamento em Copacabana. Nos depoimentos, tomados pela PF nos dias 3 e 4, não há citação de que eles desertaram depois de receber proposta de empresários para se transferirem para a Alemanha, versão divulgada logo depois que os dois abandonaram a equipe.

Os dois atletas alegam ter saído da vila para comprar um videogame e que teriam sido abordados por duas pessoas, identificadas por eles como Michel e Alex, que saberiam onde comprar um aparelho 'barato'.

Depois de comprarem num shopping, disseram que foram levados a um bar. 'No percurso, Alex portava uma mochila com bebidas alcoólicas e energéticos', que teriam sido oferecidos aos atletas.

Os boxeadores afirmam que recusaram a bebida alcoólica, mas aceitaram os energéticos. Nesse ponto, sugerem que teriam sido dopados, pois dizem que chegaram ao 'mencionado bar apresentando tonteira'.

Depois, teriam sido levados ao apartamento de Michel, em Copacabana, quando teriam solicitado para voltar à vila do Pan. Dizem inclusive que Lara recebeu ligação em seu celular de Luís Mariano, chefe da inteligência cubana. Mas Michel teria tomado dele o celular e destruído o aparelho.

Depois, acabaram indo para Araruama, onde foram localizados pela polícia depois de terem sido, em suas versões, abandonados por Michel e Alex, que não pagaram as despesas de R$ 2.200 da pousada.

Quanto à transferência para a Alemanha, eles disseram que tomaram conhecimento que 'Michel já havia levado boxeadores da Venezuela para Alemanha', mas não há referência se teriam recebido proposta.

No depoimento, está registrado que foi oferecido aos dois refúgio, mas eles recusaram. Num segundo depoimento, a PF fez questão de registrar que eles manifestaram de 'livre e espontânea vontade seu desejo de voltar a Cuba'. Nesse depoimento, os boxeadores dizem ainda que foram eles que teriam solicitado a um pescador para acionar a polícia.


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Tarso elogia ação e diz que crítica é disputa política
(Folha de São Paulo - 08.08.2007 )

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após críticas da oposição de que o governo teria atendido a um pedido de Cuba para deportar seus atletas, o ministro Tarso Genro (Justiça) disse ontem que a Polícia Federal agiu dentro da legalidade e que os ataques à ação são 'equivocadas', mas 'fazem parte da disputa política que está em curso'. 'Isso não desmerece a oposição e muito menos o governo', disse.

Para Tarso, os pugilistas que desertaram no Pan pediram para voltar ao seu país e o governo não podia mantê-los no Brasil. 'Alguém poderia pensar - eu não estou dizendo que a oposição queira isso - que nós sequestrássemos os cubanos para fazer propaganda política. Nós não faríamos isso.'

O ministro rebateu também as críticas da oposição de que o governo teria rasgado 'a melhor tradição da sua democracia' ao deportar os dois atletas cubanos, sem oferecer asilo político. Segundo Tarso, foi oferecido a Guillermo Rigoundeaux e Erislandy Lara a possibilidade de ingressarem no estatuto de refugiados políticos, mas eles não aceitaram.


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Governo terá de explicar deportação de cubanos
(O Globo - 07.08.2007)

Oposição vai convocar ministros e chega a comparar o caso ao de Olga Benário, entregue a Hitler por Getúlio

Adriana Vasconcelos

BRASÍLIA. A deportação, no sábado, dos pugilistas Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara, que desertaram da delegação cubana durante o Pan, foi alvo ontem de protestos no Congresso. Em nota, o presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ), lamentou que o aparato de inteligência do governo Lula tenha sido usado para localizar, capturar e deportar os dois atletas como se fosse 'um prolongamento da polícia política do ditador Fidel Castro'.

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), apresentou requerimento convocando os ministros das Relações Exteriores, Celso Amorim, e da Defesa, Nelson Jobim, para prestar esclarecimentos na Comissão de Relações Exteriores.

- O Brasil rasgou a melhor tradição da sua democracia com essa deportação sumária dos dois boxeadores cubanos. O Brasil já abrigou até criminosos notórios, como o general Oviedo e o generalíssimo Alfredo Stroessner, ditador do Paraguai. O Brasil me envergonhou. Estamos entregando dois jovens campeões cubanos à ditadura sanguinária de Fidel Castro - condenou o senador tucano.

O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI), comparou a deportação dos atletas cubanos ao episódio ocorrido com Olga Benário Prestes, mulher do líder comunista Luiz Carlos Prestes, que foi executada pelo governo nazista de Adolf Hitler depois de ter sido deportada pelo governo Getúlio Vargas. De acordo com Fortes, a ação do governo brasileiro foi ilegal.

Na nota, o DEM ressalta que o partido considera que 'serão de integral responsabilidade do governo Lula os constrangimentos físicos e psicológicos impostos aos atletas cubanos, bem como qualquer tipo de punição política que venham a sofrer em seu país'. O partido se preparava para impetrar habeas corpus contra a 'liberdade vigiada', imposta aos atletas, quando soube do embarque dos pugilistas.

Ainda que num tom mais ameno, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) também manifestou preocupação com o futuro dos dois atletas cubanos. Ele chegou a ligar ontem para o secretário-executivo do Ministério das Relações Exteriores, Samuel Pinheiro, para cobrar explicações sobre a deportação, mas não conseguiu falar com ele.

- Fiquei extremamente preocupado quando soube que eles haviam sido detidos e que seriam encaminhados ao seu país. Gostaria de ter visto pelo menos uma entrevista livre deles. Isso precisa ser objeto de mais esclarecimento - disse Suplicy.

Ministério diz que cubanos não pediram refúgio
Segundo o Ministério da Justiça, os dois pugilistas não pediram refúgio e, portanto, o governo não tinha como impedi-los de voltar a Cuba. O ministério informou que o delegado Felício Laterça, da Delegacia de Imigração da PF no Rio, teria alertado os cubanos sobre a possibilidade de pedirem refúgio e permanecerem no Brasil. A resposta, porém, teria sido um agradecimento e a declaração de que estavam felizes de voltar a Cuba.

Fidel mandou atletas para casa de visitas

O bicampeão olímpico Guillermo Rigondeaux, de 26 anos, e o campeão mundial Erislandy Lara, de 24, já foram levados, por ordem do governo cubano, para a chamada 'casa de visitas', em Havana. A mulher de Rigondeaux, Farah Colina, e seus dois filhos, além da mulher de Lara, também estão na casa desde domingo. A televisão estatal cubana informou que ambos chegaram a Havana na madrugada de domingo e foram acomodados provisoriamente na casa, como havia anunciado o líder Fidel Castro.

Após acusar os atletas de traição por dinheiro, Fidel mudou o tom e, domingo, em artigo no jornal oficial 'Juventude Rebelde', de Havana, afirmou que eles não seriam presos, mas apenas submetidos a 'tarefas em favor do esporte, de acordo com seus conhecimentos e experiência'.

Os boxeadores foram enviados para Cuba pela Polícia Federal brasileira no sábado, após passarem menos de dois dias sob liberdade vigiada enquanto aguardavam a regularização de seus documentos. Sumidos desde 22 de julho, os cubanos abandonaram a Vila Pan-Americana pouco antes de sua estréia no Pan; e, na noite da última quinta-feira, foram presos, sem documentos, em Araruama (RJ).

COLABOROU: Demétrio Weber, com agências internacionais


***

Senado quer ouvir Amorim sobre detenção de cubanos
(O Estado de São Paulo - 07.08.2007)

Rosa Costa

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, será convocado a comparecer à Comissão de Relações Exteriores do Senado para explicar os motivos que levaram o governo a colocar o aparato policial do Estado para localizar e deter os dois atletas cubanos que desertaram da delegação de seu país nos Jogos Pan-Americanos.

Autor do requerimento de convocação, o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), afirma que o episódio 'patrocinado pelo governo Lula causa profunda indignação'. 'A tradição da diplomacia brasileira sempre foi a de garantir, irrestritamente e sem qualquer posicionamento político-partidário, todos os direitos e garantias a qualquer cidadão estrangeiro em passagem pelo País.'

Em nota divulgada à imprensa, o DEM manifestou 'indignação pela utilização do serviço de inteligência da Secretaria de Segurança Pública como um prolongamento da polícia política do ditador Fidel Castro'. Os parlamentares lembram que os boxeadores Guillermo Rigoundeaux e Erislandy Lara foram localizados e detidos na última quinta-feira e já na noite de sábado embarcados num vôo com destino a Cuba. 'O partido declara à sociedade brasileira sua apreensão com o destino que aguarda os atletas, pois o governo de Cuba inicialmente anunciou que eles não seriam presos. Após o embarque, contudo, revelou que ficarão retidos em casas especiais do Estado, onde poderão receber a visita de seus familiares.'

O partido diz que estava prestes a impetrar habeas-corpus contra a liberdade vigiada imposta aos cubanos pelo governo quando soube que eles já haviam embarcado. 'O governo do presidente Lula foi eficiente como nunca para devolver os pugilistas para as mãos do ditador cubano', alega o DEM.

Presidente da Comissão de Relações Exteriores, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) comparou o episódio à deportação para a Alemanha nazista da comunista Olga Benário. 'Vi petistas chorando, aos prantos, em solidariedade à dor que todos sentimos e que envergonha nossa história do episódio vivido pela Olga Benário', ironizou. E, segundo ele, 'ainda assim, o partido do presidente Lula repetiu a cena'.

Presente no plenário, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que ficou muito preocupado quando soube que os atletas haviam abandonado a delegação de seu país e estavam desaparecidos. Ele concordou que a participação do governo brasileiro na detenção dos cubanos 'precisa ser objeto de um melhor esclarecimento'. No plenário, disse ainda que telefonou ao chanceler interino, Samuel Pinheiro, pedindo explicações.

Mas não divulgou o que ouviu de Pinheiro.

***

Direitos nocauteados

São Paulo, quarta-feira, 08 de agosto de 2007
Editorial da 'Folha de São Paulo'

Deportação de dois boxeadores cubanos pela administração Lula é um desrespeito
ao princípio de asilo político

A CONSTITUIÇÃO brasileira arrola entre seus princípios fundamentais a concessão de asilo político (art. 4º, X). É essa norma fundadora que o governo brasileiro violou ao deportar os boxeadores cubanos Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara para a ilha de Fidel.Existe a possibilidade teórica de que tudo não tenha
passado de uma operação rotineira de repatriamento. Esse seria o caso se os atletas cubanos de fato desejavam voltar para seu país, como alegam as autoridades brasileiras. As circunstâncias da deportação, entretanto, fazem
dessa hipótese uma espécie de conto da carochinha. Impressiona, em primeiro lugar, o açodamento da operação. Depois de desertar da delegação cubana no meio dos Jogos Pan-Americanos, os pugilistas foram detidos na sexta-feira no litoral do Rio de Janeiro por estar sem documentos. Foram mantidos incomunicáveis e, no
domingo, já se encontravam em Havana, aonde chegaram num vôo especialmente fretado. Logo foram enfiados numa 'casa de visita', eufemismo da ditadura cubana para prisão. O mínimo que se esperava do Ministério da Justiça e do
Itamaraty é que honrassem a tradição brasileira de concessão de abrigo a perseguidos políticos e dessem aos pugilistas o tempo e a oportunidade para decidir livremente se queriam retornar à ilha ou requerer o asilo. Isso exigiria colocá-los em contato com representantes de instituições
independentes, como a Comissão de Justiça e Paz da CNBB, a OAB, o Ministério Público ou a própria ONU, que poderiam apresentar-lhes alternativas e prestar esclarecimentos. Se tais entrevistas tivessem ocorrido, ao menos não haveria dúvidas quanto à real disposição dos atletas de voltar.Embora alguns baluartes
do governo Luiz Inácio Lula da Silva descrevam Cuba como uma 'democracia popular', trata-se de uma ditadura. É altamente provável que autoridades cubanas tenham feito ameaças a familiares dos boxeadores para convencê-los a
retornar, expediente clássico usado desde sempre por Estados autoritários. Sejam quais forem os desígnios e as maquinações por trás desse caso, é fato inconteste que o governo Lula errou. Na hipótese benigna, falhou ao imprimir à deportação velocidade olímpica, permitindo que se levantassem dúvidas quanto às reais
intenções dos atletas. A outra possibilidade, mais verossímil, é escandalosa: a administração petista colocou o aparato policial do Estado brasileiro a serviço de uma ditadura estrangeira. Como resultado da ação estabanada, para não dizer servil, do governo brasileiro, dois seres humanos estão à mercê da vingança do
regime de Fidel Castro.


Obs.: Este é o governo capacho de Lula da Silva, o capitão do mato a serviço da ditadura cubana, que prontamente devolveu os escravos boxeadores ao Abutre do Caribe. Que mais se pode esperar desta moribunda República? (F. Maier)







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