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Ensaios-->Memorial do Comunismo: Política de escritório, versão KGB -- 06/08/2007 - 09:29 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
POLÍTICA DE ESCRITÓRIO, VERSÃO KGB

Jeffrey R. Nyquist - www.misiasemmascara.org

© 2007 MidiaSemMascara.org


O ano é 1999. Você trabalha em um escritório de repartição pública. É o escritório da Federalnaya Sluzhba Bezopasnosti, FSB (i.e., a KGB). Seus colegas de trabalho partilham de uma camaradagem e também de uma história especial. Alguns dos principais chefes da agência estão ligados ao crime organizado, a seqüestros e assassinatos. Os seqüestros são um meio de transferir recursos de ocidentais para financiar terroristas árabes fluentes em russo agindo na Chechênia. Os seqüestros são também usados para manter na linha determinados atores políticos. Os assassinatos têm a ver com a manutenção de estruturas ocultas que se sobrepõem à legislatura russa, ao executivo nacional e às forças armadas. Não há nada de extraordinário nisso, pois conspiração é um negócio que faz parte da tradição da FSB. Remontando a 1917 – quando foi formada –, a organização chamava-se Cheka, derivando seu nome do acrônimo VChK (Comissão Extraordinária para Combater a Contra-Revolução e a Sabotagem). A Cheka foi fundada por Felix Dzerzinsky, logo após o golpe bolchevique de Lênin e Trotsky. Naqueles dias, a repartição tinha duas tarefas: (1) investigar elementos contra-revolucionários, (2) liquidar os contra-revolucionários e sabotadores. Em 1917, essa missão era desempenhada às claras. Em 1999, estava oculta por trás de um governo democrático chefiado por um doente alcoólico chamado Boris Yeltsin.

Em 1998, para garantir a lealdade da FSB, Boris Yeltsin foi aconselhado a nomear um novo diretor. Seu nome era Vladimir Putin, trazido ao Kremlin por meio da misteriosa administração presidencial. Para entender o que aconteceu na Rússia em 1999, precisamos entender a administração presidencial. Alguns dizem que ela é o 'centro de controle' na Rússia, sendo então mais fundamental que o Kremlin e a FSB. Outros dizem que essa administração não é outra coisa senão o velho Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética, operando nas sombras. Depois do seqüestro do candidato presidencial Ivan Rybkin, em 2004, Anna Politkovskaya [1] escreveu em seu A Russian Diary: 'O fato de que Rybkin tenha sido levado para uma casa de hóspedes do governo, o Retiro da Floresta, é indicativo de que a administração presidencial foi co-responsável por seu rapto, juntamente com a FSB'. Ela ressaltou ainda: 'O secretariado do presidente [a administração presidencial] é um aparato que há muito foi descrito como uma subdivisão da FSB. Essas duas repartições são as principais gestoras da Rússia, e não trabalham em mera sintonia, mas funcionam, de fato, como uma entidade única'.

Há algo de muito profundo nessa anomalia organizacional. Se a Rússia tivesse mesmo sido organizada como uma democracia depois do colapso da União Soviética em 1991, então, o que poderíamos deduzir dessa 'entidade única', à espreita nas sombras da política russa, mantendo de pé o presidente Boris Yeltsin ao mesmo tempo em que empurrava o seu próprio candidato – Vladimir Putin – para a direção da FSB, depois para o cargo de primeiro-ministro e, finalmente, para a presidência? Rememorando, podemos ver o que realmente estava em andamento. Em 1998-1999, forças latentes do passado soviético estavam saindo da hibernação. Putin acabaria sendo a personificação dessas forças, na medida em que essas buscavam ressuscitar a própria União Soviética. A razão imediata para a indicação de Putin foi um alegado complô da FSB para assassinar o principal empresário do país, Boris Berezovsky. (O agente da FSB acusado de organizar a 'liquidação' de Berezovsky era Alexander Litvinenko, um homem que ficou ainda mais famoso por ter sido, ele mesmo, assassinado com material radiativo polônio-210, em novembro de 2006).

Um livro importante a respeito de todas essas maquinações foi publicado sob o título Death of a Dissident: The Poisoning of Alexander Litvinenko [Morte de um Dissidente: O Envenenamento de Alexander Litvinenko] [2], de autoria de Alex Goldfarb, com a colaboração de Marina Litvinenko. Um dos trechos mais importantes desse livro, ao menos para os americanos, é aquele onde Akhmed Kayev explica as origens da segunda guerra da Chechênia: 'Nós queríamos construir um estado secular, democrático, muçulmano e pró-ocidental, algo similar à Turquia'. Mas árabes, de língua e passaporte russos, inundaram a Chechênia. 'Todos eram combatentes experimentados', diz Kayev, 'mas não tinham nada a ver com os jihadistas treinados pelos americanos e que combateram os soviéticos no Afeganistão. Eram agora todos árabes que falavam russo, oriundos dos núcleos de treinamento da KGB no Oriente Médio. E nós sabíamos que o dinheiro deles não vinha da Arábia Saudita, mas de Moscou'.

Essa é uma informação importante vinda de um líder checheno exilado. A guerra civil na Chechênia foi uma provocação ensaiada, organizada pela FSB e pela administração presidencial em Moscou. Vladimir Putin, na verdade, foi um dos principais organizadores a lucrar com essa operação. Os terroristas árabes no Daguestão e na Chechênia deram causa a sua nomeação como primeiro-ministro, precipitando, por sua vez, uma guerra que facilitou a sua subseqüente elevação ao cargo de presidente da Rússia. As manobras políticas e as conspirações envolvidas na ascensão de Putin, tal como detalhadas por Goldfarb, são leitura obrigatória. Pela primeira vez, os testemunhos de muitas fontes são reunidos para formar um quadro mais abrangente e coerente da estratégia da FSB (KGB) envolvendo o uso controlado de terrorismo islâmico.


© 2007 Jeffrey R. Nyquist

Publicado por Financialsense.com

[1] Anna Politkovskaya foi assassinada no elevador do prédio onde morava em Moscou, em 2006, pouco tempo após a publicação de seu livro.

[2] O título em português é meramente ilustrativo.

Tradução: MSM.


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