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Contos-->O DÍZIMO -- 13/12/2002 - 08:25 ( Alberto Amoêdo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quarta feira de um início de noite meio que chuvoso. As luzes do canto da Av. Eliezer Levy com a Cora de Carvalho estava queimada e os fios num vendaval com a mangueira, parecia um concerto naquele escuro anil. No meio do farfalhar do vento no silêncio que se extasia, um grito lá no fundo do quintal.
- D. Graça! Intermitentemente... D.Graça u.u.u
- Oi !
E foi de encontro a voz que se firmava que D.Graça correu e atendeu carinhosamente D.Telma.
D. Graça, mulher de pele morena, cabelos curtos, olhos mansos, dona de uma voz tão maviosa que acalma até as tempestades. Chegou e disse :
- Pois não!
- D. Telma não se aperreou e foi logo dizendo:
- Oh ! D.Graça, desculpe se lhe deixei aflita, mas não se preocupe, é apenas um convite. Você não gostaria de me acompanhar no culto de minha igreja? Hoje será muito bem, aliais semana passada fui com você aquela comemoração, lembra ?!
D. Graça recostou a cabeça na janela, pensou como se fosse obrigação. Acabou aceitando. Porque o povo ainda não sabe se impor, aceita calado qualquer posição. Na verdade o que sabe fazer bem, e sabemos que a vida toda foi treinado prá isso, é dizer sim a tudo que não entende, a tudo que parece complexo.
Vinte minutos depois ambas estavam sob um guarda chuva, daqueles coloridos e com “camisinha”, ou seja, tipo importado, bem grande, cada filete de nailon, uma cor, seu cabo de madeira enfeitado, como se fosse uma flor bem espalhafatosa, do tipo de D.Telma, que era bem alegre e usava aquelas maquiagens pesadas no rosto, combinando com suas unhas bizarras e roupas extravagantes.
Enfrentando aquela noite de chuva dos aflitos as duas seguiram, pé ante pé a pesada ladeira da Av. Cora de Carvalho que dava em frente à igreja do 14 º Dia. Literalmente lotada.Táxi por tudo que era lado e gente descendo do ônibus, em meio a uma grande confusão de chuva, de água empoçada, pés de sola e pés de piedade.Muito falatório, gente humilde as pampas, camisas e vestidos esgalçados, famílias inteiras, mais ou menos, em média quatro filhos, aquela gritaria e o pastor Sr. José Maria, todo engravatado, perfume Frânces, chegava sob a proteção do seu Scort 16 válvulas/2000. E entrava pelos fundos deixando seu carro na garragem, sem molhar se quer os pés.
A igreja, em alto estilo, portas e janelas sob medida de vidro, ar condicionado, toda em alvenaria, piso de lajota inca e forro em pvc. Coincidência ou não do destino, a duas ruas de uma das mais belas igrejas dos católicos. Como beleza não se descreve prefiro que fique na imaginação angelical de cada discípulo e no contraste de vida que é a propria vida reforçada pela educação desse País. No decorrer do tempo que ia passando e no tempo que me dispus em relatar os fatos, os fieis começaram a entrar na igreja recebendo o boa noite do pastor, que aproveitava o ensejo de tantos assentados e outros já encostados na parede, pois a igreja começava a ficar pequena. E disse: Meus irmãos estamos aqui reunidos em nome de Jesus!
A assembléia silenciou por instante...D. Graça meio perdida, olhava para o lado e lá estava D.Telma concentrada, bem como a maioria dos irmãos. Sem saber o que fazer baixou a cabeça e pensou no que estava fazendo ali. Mas já era tarde, tinha que aguentar de uma hora e meia até três horas de culto.Ficou, sempre distraindo-se com as sessões de louvor que iam desde levantar os braços ao choro, qual representava a fala com o Espirito Santo. Mas choro mesmo foi quando o pastor Jarbas entrou e disse:
- Caríssimos irmãos, todos nós sabemos, que o dízimo é a nossa obra para a casa de Deus, e que a nossa igreja não tem renda, portanto vamos comtribuir com os nossos trinta por cento, que é um legado desde que Jesus estava entre nós. É lógico, que quem puder dar mais que dê e quem não tem , se tiver jóias, aneis, relogio, essas coisas do mundo e quise dar para Jesus, por favor colaborem. O irmão Alberto vai passar com a sacola, por favor, em nome de Deus, eu fico-lhes agradecido com a colaboração!
De repente aquele alvorroço e mais quem queria dar oferta...pessoas humildes, sem condições, mas queriam comtribuir. D. Graça sem graça, só observou a amiga que puxou Cinquenta Reais e depositou na sacola, pois não tinha o que douar, mesmo porque, apesar de não questionar as coisas, não tinha dinheiro suficiente para bancar aquele momento. Mas ficou em estado de choque, ao ver tanta gente dispodo-se a colaborar com tanta veemência, mesmo sendo miserável.
Quando as portas do templos se fecharam tinha gente que nem sabia se voltava prá casa pois não tinha dinheiro, bem como, que tinham pessoas que não tinham o que comer ou casa prá se abrigar da chuva que ainda caia.
D. Graça e D.Telma voltaram prá suas casas e só D. Graça refletia nos absurdos que muitas das vezes investimos sem ao menos nos darmos conta de questionar o que realmente fazemos.

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