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Teses_Monologos-->NO BAR SAVOY -- 09/07/2002 - 12:32 (Ricardo Barreto Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
NO BAR SAVOY

1º CHOPP

O destino me chama.
Saio pelas ruas à procura de mim mesmo
Sem me encontrar.

Onde estará Nininha, que nunca mais eu vi?
Nininha, aquela que sempre me compreendeu.
Aquela que nunca me negou
O ombro amigo para chorar.
Nininha, com tanto para dar
E que nunca recebeu nada.
O tempo dilui na lembrança da gente
A imagem das pessoas, deixando apenas
Uma recordação pungente dos bons momentos vividos.

2º CHOPP

Será que Nininha casou ou continua dedicada
Aos órfãos da "Cidade da Criança"?
Será que ela viajou para o Rio de Janeiro?

Eu queria tanto encontrar Nininha novamente,
Ver como ela está.
Como andará seu espírito destemido e altruísta?
Será que continua o mesmo,
Ou modificou-se como o meu,
Tornando-se mesquinho e egoísta?
Onde anda a minha ingenuidade,
A minha crença no mundo e nas pessoas?

3º CHOPP

Meu destino é viver na rua,
Morrer de forma violenta por causa de uma mulher.
Bobagem, meu tempo já passou.
O que eu tinha que fazer já fiz.
O que eu não fiz, azar,
Agora é se fossilizar e pensar nos filhos.
Talvez o mundo acabe amanhã, quem sabe?
Se Nininha estivesse aqui agora
Ela concordaria comigo.

Nininha, onde é que você está?
Eu queria tanto ver você.
Eu queria ser bom, ajudar os outros,
visitar mais meus pais.
Vou pedir a mamãe para levar papai lá para casa.
Amanhã vou buscar papai
Para passar o dia lá em casa.

4º CHOPP

De onde vêm esses garçons, ganham uma miséria
E são vistos como seres tão inferiores,
Como podem se submeter a uma profissão dessas?

Eu quero ser feliz com Gilda, ela é tão boa,
Tem tanto para dar e exige tão pouco.
Se eu não for feliz com Gilda,
Prefiro deixar que ela encontre a felicidade
Com outro, ela merece.
Eu é que não mereço ser feliz.
Iludi, enganei, explorei a boa fé dos outros.
Abandonei meus pais, meus irmãos, meus amigos.

5º CHOPP

Meu pai! Tão velhinho, lá no canto dele,
Resolvendo palavras cruzadas,
Para não incomodar ninguém,
esperando a morte chegar.
Preciso conversar com ele,
Um dia a morte vai chegar de mansinho
E vai levá-lo, e nós vamos nos arrepender
De não ter dado mais atenção a ele.
Eu quero que ele venha passar uma semana comigo.
Eu quero que ele fique no melhor quarto da casa.
Eu gosto dele, ele nunca nos maltratou,
Sempre fez o melhor que pode
Pela mulher e pelos filhos.
Apesar de todas as dificuldades
Nunca nos abandonou.
Eu amo meu pai.

6º CHOPP
Meu deus! O dia estava tão bonito,
Eu devia ter ido à praia.
Quando a noite chegou
Começou a chover e alagou tudo.
Por que esta chuva não vai para o sertão,
Irrigar os campos, fazer a lavoura crescer,
Para os lavradores ficarem felizes?

7° CHOPP

Para mim a palavra "pobre" é um palavrão,
Por que tem que existir pobre no mundo?
Por que uns poucos acumulam tanta riqueza
Que nunca vão conseguir gastar,
Enquanto tantos não têm o suficiente
Nem para comprar comida?
Por que esta idosa tem que ficar acordada
Até altas horas vendendo amendoins,
Enquanto ficamos aqui bebendo
Para suportar nossas frustrações?

8º CHOPP
Escrevi tão pouco, passei a noite inteira
Nesta mesa e não escrevi nada.
Tanta gente bebendo,
Ninguém está pensando em salvar o mundo,
Por que só eu penso nisso?

Recife, 10 de março de 1978.

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