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Ensaios-->Memorial do Comunismo: Os anos de chumbo -- 27/07/2007 - 11:59 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Por que 'Anos de Chumbo '

Themístocles de Castro e Silva

Muita gente, especialmente os jovens, já ouviu ou leu a expressão 'anos de chumbo', com a qual as esquerdas procuram identificar o governo dos generais, particularmente o do general Médici, que se viu no dever de desbaratar a guerrilha e o terrorismo.

Ao general Médici, ao contrário, o Brasil deveu o maior programa de distribuição de renda da América Latina, dentro de um fase de desenvolvimento econômico que ficou conhecida como o 'milagre brasileiro'.

Mas por que 'anos de chumbo', se foi um presidente profundamente humano, voltado extraordinariamente para o social? Os trabalhadores rurais (hoje 40 milhões) e o empregado doméstico têm amparo da Previdência Social graças a seu governo. Mas vamos aos 'anos de chumbo'.

Estão lembrados do seqüestro do embaixador dos Estados Unidos, Charles Burke Elbrick? Para libertá-lo, os seqüestradores exigiram, primeiro, a leitura de um manifesto, em todas as emissoras de rádio e televisão, e, depois, um avião para deixar quinze comunistas no exterior (Argélia, Chile e México). Para salvar o embaixador, o governo concordou com as exigências dos marginais. Tudo bem. Eu pediria a atenção dos leitores para a redação do Manifesto dos Terroristas. Seu redator foi o jornalista Franklin Martins, aquele que comenta política no jornal da Globo, que, por ironia do destino, é filho de Mário Martins, jornalista, deputado e senador pela UDN de Carlos Lacerda, e era excelente cidadão, muito bem relacionado com seus colegas do Comitê de Imprensa da Câmara, entre os quais me incluía.

Mais uma vez, peço a atenção para a redação do manifesto. Aliás, para justificar os 'anos de chumbo', basta o primeiro período que é o seguinte:

'Ao povo brasileiro. Grupos revolucionários detiveram, hoje, o Sr Burke Elbrik, embaixador dos Estados Unidos, levando-o para algum ponto do país, onde o mantêm preso. Este ato não é um episódio isolado. Ele se soma aos inúmeros atos revolucionários já levados a efeito: assalto a banco, onde se arrecadam fundos para a revolução, tomando de volta o que os banqueiros tomam do povo e de seus empregados; tomando quartéis e delegacias, onde se conseguem armas e munições para a luta para a derrubada da ditadura; invasão de presídios, quando se libertam revolucionários para devolvê-los á luta do povo; as explosões de prédios que simbolizam a opressão; e o justiçamento de carrascos e torturadores. Na verdade, o rapto do embaixador é apenas um ato de guerra revolucionária que avança cada dia e que este ano ainda iniciará sua etapa de guerrilha rural'.

Que tal? Qual o governo, que, sem chumbo, enfrentaria tal situação? Observem que eles próprios, os criminosos, sem ninguém lhes pedir, confessaram os assaltos a bancos, quartéis, delegacias, explosões de prédio e 'justiçamento'. Já sabem, assim, porque nasceram os 'anos de chumbo'. Qual o governo responsável, diante de tais crimes e tais promessas, todas já postas em prática, não se disporia a agir com mão de ferro? A situação permitia panos mornos? Não, evidentemente. Eram criminosos travestidos de políticos. Estão aí, portanto, as fortes razões dos 'anos de chumbo' que garantiram a paz da família brasileira, dando ao presidente condições de trabalhar e realizar uma obra pela qual recebeu aplausos num Maracanã lotado.

Dos cinco militares da presidência, o general Médici foi o mais sensível aos problemas sociais. Só pela ampliação do FUNRURAL (criado pelo general Costa e Silva), seu nome jamais será esquecido dos brasileiros.


Na íntegra: www.franklinmartins.com.br/

Manifesto do seqüestro do embaixador americano. Rio (1969)

04.09.1969

De pé, a partir da esquerda: Luís Travassos, José Dirceu, José Ibrahim, Onofre Pinto, Ricardo Vilas, Maria Augusta, Ricardo Zarattini e Rolando Frati. Agachados: João Leonardo, Agonalto Pacheco, Vladimir Palmeira, Ivens Marchetti e Flávio Tavares.

No dia 4 de setembro de 1969, militantes de duas organizações que se propunham a derrubar a ditadura através da luta armada, a Ação Libertadora Nacional (ALN) e o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), capturaram o embaixador dos Estados Unidos numa rua do bairro de Botafogo, no Rio, exigindo a libertação de 15 presos políticos e a divulgação do manifesto abaixo como condição para a devolução do diplomata.

Foi a mais espetacular ação da guerrilha urbana, que se iniciara timidamente em 1968 e ganhara enorme impulso depois do AI-5. O governo atendeu às reivindicações dos revolucionários: os presos políticos foram enviados para o México e o manifesto foi publicado nos principais jornais e divulgado em todas as rádios e televisões. Libertado o embaixador, seguiu-se feroz repressão, que levou em novembro do mesmo ano ao assassinato de Carlos Marighella. líder da ALN e principal dirigente da luta armada contra a ditadura.

“Grupos revolucionários detiveram hoje o sr. Charles Burke Elbrick, embaixador dos Estados Unidos, levando-o para algum lugar do país, onde o mantêm preso. Este ato não é um episódio isolado. Ele se soma aos inúmeros atos revolucionários já levados a cabo: assaltos a bancos, nos quais se arrecadam fundos para a revolução, tomando de volta o que os banqueiros tomam do povo e de seus empregados; ocupação de quartéis e delegacias, onde se conseguem armas e munições para a luta pela derrubada da ditadura; invasões de presídios, quando se libertam revolucionários, para devolvê-los à luta do povo; explosões de prédios que simbolizam a opressão; e o justiçamento de carrascos e torturadores.

Na verdade, o rapto do embaixador é apenas mais um ato da guerra revolucionária, que avança a cada dia e que ainda este ano iniciará sua etapa de guerrilha rural.

Com o rapto do embaixador, queremos mostrar que é possível vencer a ditadura e a exploração, se nos armarmos e nos organizarmos. Apareceremos onde o inimigo menos nos espera e desapareceremos em seguida, desgastando a ditadura, levando o terror e o medo para os exploradores, a esperança e a certeza da vitória para o meio dos explorados.

O sr. Burke Elbrick representa em nosso país os interesses do imperialismo, que, aliados aos grandes patrões, aos grandes fazendeiros e aos grandes banqueiros nacionais, mantêm o regime de opressão e exploração.

Os interesses desses consórcios de se enriquecerem cada vez mais criaram e mantêm o arrocho salarial, a estrutura agrária injusta e a repressão institucionalizada. Portanto, o rapto do embaixador é uma advertência clara de que o povo brasileiro não lhes dará descanso e a todo momento fará desabar sobre eles o peso de sua luta. Saibam todos que esta é uma luta sem tréguas, uma luta longa e dura, que não termina com a troca de um ou outro general no poder, mas que só acaba com o fim do regime dos grandes exploradores e com a constituição de um governo que liberte os trabalhadores de todo o país da situação em que se encontram.

Estamos na Semana da Independência. O povo e a ditadura comemoram de maneiras diferentes. A ditadura promove festas, paradas e desfiles, solta fogos de artifício e prega cartazes. Com isso, ela não quer comemorar coisa nenhuma; quer jogar areia nos olhos dos explorados, instalando uma falsa alegria com o objetivo de esconder a vida de miséria, exploração e repressão em que vivemos. Pode-se tapar o sol com a peneira? Pode-se esconder do povo a sua miséria, quando ele a sente na carne?

Na Semana da Independência, há duas comemorações: a da elite e a do povo, a dos que promovem paradas e a dos que raptam o embaixador, símbolo da exploração.

A vida e a morte do sr. embaixador estão nas mãos da ditadura. Se ela atender a duas exigências, o sr. Burke Elbrick será libertado. Caso contrário, seremos obrigados a cumprir a justiça revolucionária. Nossas duas exigências são:

a) A libertação de quinze prisioneiros políticos. São quinze revolucionários entre os milhares que sofrem as torturas nas prisões-quartéis de todo o país, que são espancados, seviciados, e que amargam as humilhações impostas pelos militares. Não estamos exigindo o impossível. Não estamos exigindo a restituição da vida de inúmeros combatentes assassinados nas prisões. Esses não serão libertados, é lógico. Serão vingados, um dia. Exigimos apenas a libertação desses quinze homens, líderes da luta contra a ditadura. Cada um deles vale cem embaixadores, do ponto de vista do povo. Mas um embaixador dos Estados Unidos também vale muito, do ponto de vista da ditadura e da exploração.

b) A publicação e leitura desta mensagem, na íntegra, nos principais jornais, rádios e televisões de todo o país.

Os quinze prisioneiros políticos devem ser conduzidos em avião especial até um país determinado - Argélia, Chile ou México -, onde lhes seja concedido asilo político. Contra eles não devem ser tentadas quaisquer represálias, sob pena de retaliação.

A ditadura tem 48 horas para responder publicamente se aceita ou rejeita nossa proposta. Se a resposta for positiva, divulgaremos a lista dos quinze líderes revolucionários e esperaremos 24 horas por seu transporte para um país seguro. Se a resposta for negativa, ou se não houver resposta nesse prazo, o sr. Burke Elbrick será justiçado. Os quinze companheiros devem ser libertados, estejam ou não condenados: esta é uma “situação excepcional'. Nas 'situações excepcionais', os juristas da ditadura sempre arranjam uma fórmula para resolver as coisas, como se viu recentemente, na subida da junta militar.

As conversações só serão iniciadas a partir de declarações públicas e oficiais da ditadura de que atenderá às exigências.

O método será sempre público por parte das autoridades e sempre imprevisto por nossa parte.

Queremos lembrar que os prazos são improrrogáveis e que não vacilaremos em cumprir nossas promessas.

Finalmente, queremos advertir aqueles que torturam, espancam e matam nossos companheiros: não vamos aceitar a continuação dessa prática odiosa. Estamos dando o último aviso. Quem prosseguir torturando, espancando e matando ponha as barbas de molho. Agora é olho por olho, dente por dente.”

Ação Libertadora Nacional (ALN)
Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8)



Obs.: Hoje, o antigo terrorista Franklin Martins é o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social do governo Lula e futuro chefão da TV do Executivo, já apelidada de 'TV Lula' (F. Maier).

Breve biografia de Franklin Martins:

Nasceu em Vitória no dia 10 de agosto de 1948. Estagiário na “Última Hora”, repórter da agência Interpress, freelancer das revistas “Chuvisco” e “Manchete”.

Em 1967, foi vice-presidente da União Metropolitana dos Estudantes. Ex- presidente do Diretório Central dos Estudantes da UFRJ, ex-preso político, foi da Ação Libertadora Nacional e do Movimento Revolucionário 8 de Outubro. Morou em Cuba, Chile e França.

Passou um período na clandestinidade no Brasil, Anistiado, trabalhou no jornal Hora do Povo, repórter do “Indicador Rural”, O Globo, Jornal do Brasil, SBT, Estado de São Paulo.

Fez mestrado em política social na Inglaterra, foi correspondente do Jornal do Brasil em Londres.

Na TV Globo foi repórter especial, colunista político, editor de política e diretor da sucursal de Brasília. Escreveu nas revistas República e Época. Também comentarista político da TV Globo, da Globonews, CBN. e TV e da Rádio Bandeirantes, ex-colunista no portal iG.

Fonte:

http://www.ternuma.com.br/themistocles075.htm




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