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Ensaios-->Memorial do Comunismo: A Guerra dos Seis Dias soviéticos -- 25/07/2007 - 10:26 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A Guerra dos Seis Dias dos soviéticos

por Daniel Pipes (*) em 19 de junho de 2007

Resumo: Um dos grandes enigmas do Oriente Médio moderno é o real motivo da Guerra dos Seis Dias, ocorrida há quarenta anos.

© 2007 MidiaSemMascara.org


Um dos grandes enigmas do Oriente Médio moderno é o real motivo da Guerra dos Seis Dias, ocorrida há quarenta anos. Nem Israel, nem seus vizinhos árabes desejavam ou esperavam um confronto militar naquele junho de 1967; o consenso entre historiadores é de que o embate indesejado resultou de uma sucessão de acidentes.


Livro de Isabella Ginor e Gideon Remez.

Surge então a equipe formada pelo casal Isabella Ginor e Gideon Remez para contestar a teoria dos acidentes em cadeia e oferecer uma explicação plausível para as causas da guerra. Tal como sugere o título de seu livro Foxbats over Dimona: The Soviets Nuclear Gamble in the Six-Day War (Yale University Press) [Foxbats sobre Dimona: A Arriscada Jogada Soviética na Guerra dos Seis Dias] [1], os autores argumentam que essa guerra se originou de um plano do Politburo soviético para eliminar a instalação nuclear israelense em Dimona e, com isso, também a aspiração de Israel em desenvolver armas nucleares.

O texto parece ser a solução para o mistério, coletando informações de grande número de fontes e guiando o leitor passo a passo através da argumentação, construindo assim um conjunto sólido e intuitivamente atraente e que deve ser levado a sério. De forma resumida, a história é a seguinte:

Moshe Sneh, um líder comunista israelense (e pai de Ephraim Sneh, atual vice-ministro da defesa), relatou ao embaixador soviético, em dezembro de 1965, que um conselheiro do primeiro-ministro havia informado a ele da “intenção de Israel em produzir a sua própria bomba atômica”. Leonid Brezhnev e seus colegas levaram essa informação mortalmente a sério e decidiram – tal como Israel o faria quanto ao Iraque em 1981 e talvez esteja fazendo quanto ao Irã em 2007 – abortar esse processo por meio de ataques aéreos.


Caça-bombardeiro soviético MiG-25.
Todavia, em vez de fazer isso diretamente, os dirigentes em Moscou arquitetaram um plano complexo para ludibriar Israel e levá-lo a iniciar um conflito que resultaria num ataque soviético sobre Dimona. Em termos militares, o Kremlin preparou-se da seguinte maneira: cercou Israel com uma frota munida de armas nucleares, disposta no mar Mediterrâneo e no Vermelho; pré-posicionou material bélico e suprimentos em terra e treinou tropas nas proximidades, na expectativa de usá-las. Mas talvez a informação mais surpreendente em Foxbats over Dimona diga respeito aos detalhados planos de ataque das tropas soviéticas ao território israelense, especificamente aqueles sobre o bombardeio de refinarias e reservatórios de petróleo e o estabelecimento de ligação com árabes israelenses. Não menos surpreendente é descobrir que aviões soviéticos de reconhecimento estratégico MIG-25R [2] (os “Foxbats” do título) sobrevoaram o reator de Dimona em maio de 1967.

Em termos políticos, o plano soviético consistia na produção de relatórios de inteligência falsos acerca das ameaças israelenses à Síria, de modo a instigar as forças armadas egípcias, sírias e jordanianas a ficar em pé de guerra. Seguindo as instruções de seus controladores soviéticos, o presidente egípcio Gamal Abdel Nasser deslocou suas tropas – dispondo-as na direção de Israel –, ordenou a retirada das forças da ONU [3] da zona desmilitarizada e bloqueou uma rota marítima vital para Israel – três passos que, em conjunto, compeliram os israelenses a colocar suas forças de defesa em estado de alerta total. Incapazes de manter essa postura por muito tempo, os israelenses atacaram primeiro, parecendo, deste modo, ter caído na armadilha soviética.

Mas as Forças de Defesa de Israel fizeram algo espantoso. Em vez de lutar por um empate, tal como esperavam os soviéticos, elas rapidamente obtiveram aquilo que uma vez chamei de “a mais esmagadora vitória já registrada nos anais de guerra”. Usando meios puramente convencionais, elas derrotaram três exércitos árabes em seis dias e, desta forma, abortaram a planejada invasão soviética, que teve de ser abandonada a toda pressa.

Esse fiasco fez com que o esmerado plano soviético parecesse inepto, e é compreensível que Moscou tenha decidido ocultar o seu próprio papel na elaboração da guerra (tendo sido esta a sua segunda grande débâcle estratégica da década – a primeira foi a fracassada tentativa de posicionar mísseis em Cuba). O despistamento foi tão bem feito que a responsabilidade de Moscou pela Guerra dos Seis Dias desapareceu das histórias do conflito. Assim, um conhecido especialista no assunto, Michael Oren, recebeu com frieza a tese de Ginor-Remez, dizendo que não tinha encontrado “qualquer prova documental que a corroborasse”.

Se Foxbats over Dimona não é a palavra definitiva sobre o tema, oferece uma interpretação viável e instigante o suficiente para que outros a pensem cuidadosamente, com não poucas implicações. O conflito árabe-israelense de hoje, com seu foco nos territórios conquistados em 1967 e acompanhado de virulento anti-semitismo, em grande medida resulta das decisões tomadas pelo Kremlin quatro décadas atrás. E todo esse esforço por nada, uma vez que a posse de armas nucleares por Israel teve impacto limitado sobre a União Soviética antes que esta se dissolvesse em 1991. Além disso, como observam os autores: 'A nostalgia do século XXI pela pretensa estabilidade da Guerra Fria é basicamente ilusória'.

Por fim, quarenta anos depois, que rumo as coisas teriam tomado caso a Guerra dos Seis Dias dos Soviéticos não tivesse ocorrido? Por mais que sejam ruins as condições atuais, provavelmente seriam ainda piores sem aquela formidável vitória israelense.


Publicado pelo New York Sun. Também disponível em danielpipes.org

[1] O título em português é meramente ilustrativo. Ainda não há edição brasileira do livro.

[2] O MIG-25R (Foxbat, na designação da ASCC- Air Standards Coordinating Committee e da OTAN), era a versão de reconhecimento do caça interceptador russo MIG-25 (Mikoyan Gurevich). Nessa versão, dispunha de câmeras fotográficas de alta resolução ou de radares de varredura lateral (SLAR). Oficialmente, os vôos dos MIG-25 e MIG-25R começaram somente em 1970 e em 1971, respectivamente. Foxbats over Dimona parece desmentir essas datas.

[3] As U.N.E.F., Forças de Emergência das Nações Unidas, estavam posicionadas na Faixa de Gaza, em Sharm el-Sheikh e na fronteira do Sinai desde dezembro de 1956. Sem consultar Israel ou as grandes potências, o então secretário-geral da ONU, U Thant, prontamente considerou justas as demandas de Nasser, autorizando a retirada.

Tradução: MÍDIA SEM MÁSCARA


(*) Daniel Pipes é um dos maiores especialistas em Oriente Médio, Islã e terrorismo islamista da atualidade. Historiador (Harvard), arabista, ex-professor (universidades de Chicago e Harvard; U.S. Naval War College), Pipes mantém seu próprio site e dirige o Middle East Forum, que concebeu junto com Al Wood e Amy Shargel — enquanto conversavam à mesa da cozinha de sua casa, na Filadélfia — e que hoje, dez anos mais tarde, tem escritórios em Boston, Cleveland e Nova York. Depois do MEF, vieram o Middle East Quartely, o Middle East Intelligence Bulletin e o Campus Watch, dos quais ele participa ativamente. Juntos, esses websites recebem mais de 300 mil visitantes por mês. Por fazer a distinção sistemática entre muçulmanos não-islamistas e extremistas islâmicos, Daniel Pipes tem sido alvo de ataques contundentes. A polêmica gerada por sua nomeação, em 2003, para o Institute of Peace pelo presidente George Bush apenas confirmou o quanto as idéias de Pipes incomodam as organizações islamistas e outros interessados em misturar muçulmanos e terrorismo. Daniel Pipes é autor de 12 livros, entre eles, Militant Islam Reaches America, Conspiracy, The Hidden Hand e Miniatures, coletânea lançada em 2003.


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