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Ensaios-->LiveEarth versus África -- 10/07/2007 - 15:25 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
LiveEarth versus África

por Kofi Bentil (*) em 10 de julho de 2007

Resumo: Se o aquecimento global é verdadeiro, a África precisa de mais recursos e acesso a tecnologias avançadas para se adaptar, e não de táticas rústicas que definham o crescimento econômico. O que políticos de meia-idade e estrelas do rock farão por nós quando o futuro chegar?

© 2007 MidiaSemMascara.org


Na África, poucas pessoas terão a oportunidade de ver Al Gore, o ex-vice de Bill Clinton, e sua trupe de “rock stars” se exibindo neste fim de semana no festival LiveEarth. Elas não possuem televisão nem eletricidade, e, se possuíssem, ficariam chocadas com a mensagem do LiveEarth. Nossas preocupações, na África, são muito mais sérias do que a alteração do clima. Na verdade, se essas estrelas alcançarem seu objetivo, seus shows terão prejudicado os povos africanos.

O antigo secretário de Estado britânico do meio-ambiente, David Miliband, disse recentemente que o resto do mundo não pode almejar o padrão de vida do seu país, porque “se o mundo tivesse o mesmo padrão de vida que nós temos na Grã-Bretanha, precisaríamos de três planetas para nos sustentar”. Presumivelmente, o Sr. Miliband discordaria de Indira Gandhi, que declarou: “a pior das poluições é a miséria”.

Miliband foi substituído por Hillary Benn que, como Ministra, dirigiu o Departamento para o Desenvolvimento Internacional (DID). Pode-se pensar que o DID teria apoiado o desenvolvimento econômico como um meio de escapar da miséria e da poluição. Mas seu “Guia Básico para um Mundo Melhor” defende um certo “Desenvolvimento por estrume” e declara que “conforme os países pobres se desenvolvem, é essencial que eles não usem os mesmos padrões mal-sucedidos de uso de energia”. Não ao diesel; para a África, o estrume. Enquanto isso, Índia e China voam na dianteira porque são grandes e armados demais para serem parados.

Mesmo que o aquecimento global possa ter um efeito significativo no nosso clima, limitar o uso de combustíveis fósseis na África seria contraprodutivo. Infecções respiratórias são a principal causa de mortalidade infantil no meu continente, geralmente ocasionadas pela inalação da fumaça produzida quando se queima madeira e estrume nas nossas toscas moradias de pau-a-pique. Por que nós queimamos esses combustíveis “renováveis”, mas extremamente sujos? Não é por algum desejo de salvar a Terra. É por que não temos acesso a gás natural ou a eletricidade.

A segunda principal causa de morte infantil não é a malária ou Aids. É a diarréia, ocasionada pela ingestão de água contaminada. Contaminada porque não possuímos meios baratos e eficientes para bombear e limpar a água. A eletricidade necessária para esses processos requer, direta ou indiretamente, o uso de combustíveis fósseis.

Outra causa basilar dos muitos problemas de saúde na África é a desnutrição. Consequência, tanto da agricultura rudimentar, quanto da ineficiente redistribuição de alimentos. Retificar essa situação significa usar combustíveis baratos e relativamente limpos, como gasolina e diesel. E rodovias melhores, que precisam ser construídas com máquinas que queimam... combustíveis fósseis.

Nossos países, que já são pobres e vulneráveis, estão sendo sugados por um movimento gigantesco para salvar a terra – onde a ajuda externa funciona como a cenoura pendurada na frente do burro. Se formos bajulados a usar formas de energias “renováveis” e mais caras, permaneceremos não-competitivos, com taxas de crescimento baixas ou decadentes. Seria uma tragédia porque o crescimento econômico tem-se mostrado a melhor maneira de reduzir a pobreza e melhorar a saúde.

Infelizmente, nossos governos mendigos são suscetíveis a ordens que já vêm prontas, especialmente quando acompanhadas de ajuda externa (com a qual eles enchem os bolsos). Por favor, Europa e América, não os encoragem! Cortem suas emissões se quiserem, mas não nos digam o que fazer. Temos riscos mais urgentes para tratarmos.

O ser humano é um animal adaptável. Sobrevivemos a uma era glacial e a um período muito mais quente do que hoje (por volta de 8 mil anos atrás). Os holandeses livraram sua terra do mar e sobre ela construíram cidades inteiras. Na Arábia Saudita, se bebe água do mar dessalinizada. Os tuaregues se adaptaram ao calor ardente do Saara e os esquimós ao frio congelante do Ártico.

Por que, então, os pessimistas acreditam que não vamos conseguir nos adaptar a mais uma mudança climática? Por que fazem uma tempestade de uma pequena variação ambiental? Talvez eles não gostem da idéia de um desenvolvimento africano. Se o aquecimento global é verdadeiro, a África precisa de mais recursos e acesso a tecnologias avançadas para se adaptar, e não de táticas rústicas que definham o crescimento econômico. O que políticos de meia-idade e estrelas do rock farão por nós quando o futuro chegar?


(*) Kofi Bentil é palestrante na Universidade de Asheshi em Ghana e consultor de negócios premiado pelo Banco Mundial.



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