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Artigos-->IDEIAS ATRASADAS -- 16/08/2012 - 20:34 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
quinta-feira, 16 de agosto de 2012

IDEIAS ATRASADAS

Francisco Miguel de Moura*



Literatura, neste artigo, aparece por conta de uma carta de minha amiga Teresinka Pereira, que acabo de receber, onde ela começa dizendo que “a literatura e as artes em geral sempre foram a expressão e o registro dos problemas sociais, da história e da época vivida pelos autores”, acrescentando que a missão de quem escreve se traduz no grande humanismo promotor da paz. Mas a liberdade e a justiça são os institutos que, embora pareçam contraditórios em si, fornecem os instrumentos para a consecução da missão humanística de que fala a escritora Teresinka Pereira. Essas idéias não são ideias atrasadas. Há evidentemente muitas idéias atrasadas no Brasil e no mundo, caducas, não renovadas, como se o evolver da civilização se desse ao acaso ou por intermédio de uma força, ou várias, que descessem do céu e pairassem eternas sobre a terra.



Dentro do tema escolhido, vejamos algumas idéias atrasadas:



I) - Já faz algum tempo que os críticos, inclusive Antônio Cândido, sustentam que a “literatura dos viajantes” não é literatura brasileira. Informação da colônia, interesse dos portugueses, coisa assim e assado. Mas, pergunta-se: Como iríamos conhecer nossa origem, sem esse tipo de literatura – a “Literatura dos Viajantes e dos Catequistas” no século. XVI? A escritora Rejane Machado fez um grande trabalho de pesquisa sobre os padres jesuítas, a partir de Manoel da Nóbrega e José de Anchieta até Vieira, onde mostra que as cartas - falando somente desses escritos – eram verdadeiras peças literárias. E daí defende que, a partir deles, já existia uma literatura brasileira, embora embrionária, não feita por brasileiros, que no caso eram os indígenas, por não serem escritores evidentemente, mas informantes. E as lendas dos índios que foram captadas e registradas? Aliás, o Brasil começou com uma carta, a de Pero Vaz Caminha.



A atividade literária, no mundo, é tão antiga quanto a política. Basta que se abra o livro da sabedoria, a Bíblia, e lá encontraremos a nação dos judeus contra os povos vizinhos, sejam egípcios, sejam babilônios. E daí surgem os escritos: Livro da Sabedoria, Livro dos Salmos, as profecias e os profetas, até chegar à era Cristã, com os Evangelhos. Não sei por que menosprezar-se a literatura, a história, a cultura, as artes. Em buscas na internete, dou de cara com a literatura paraibana, um artigo em que considera que ela teve início com os livros “Diálogo das Grandezas do Brasil”, escrito em 1595, por Ambrósio Fernandes Brandão, e “Sumário das Armadas”, escrito por um jesuíta em fins do século XVI. Essas duas obras retratam, com fidelidade, a fundação da atual cidade de João Pessoa, então Filipéia de Nossa Senhora das Neves.



II) - Outra idéia atrasada é a de José Veríssimo, muitos anos depois, quando escreveu sua “História da Literatura Brasileira”, onde afirma que só era escritor brasileiro aquele que alcançasse fama nacional, o que só seria possível, naquela época, para os que morassem no Rio de Janeiro, a sede do Império. Hoje, temos São Paulo, Minas, Rio Grande do Sul e antes tivemos Pernambuco, estados onde o escritor se faz e se torna nacional. Desde o Regionalismo, especialmente o romance de 30, e até mesmo antes, a afirmação de Veríssimo não faz sentido. Têm surgido, nos lugares onde outrora se chamava Província, escritores como José Américo de Almeida, José Lins do Rego, Gilberto Freire, Raquel de Queiroz, Graciliano Ramos, Jorge Amado, poetas como Manuel Bandeira e Manoel de Barros e tantos outros. Só na Paraíba, Ariano Suassuna e os mais novos Hildeberto Barbosa Filho, Joacil de Brito Pereira, W. J. Solha, o poeta Luiz Fernandes da Silva são nomes nacionais. E até os novíssimos, publicados numa coletânea de 36 participantes chamada “Confesso que Li”, conforme notícia do jornal “O Norte”, de 30.11.2011, assinada pela jornalista Cecília Lima, são capazes de ultrapassar as fronteiras do estado e até se tornarem universalmente conhecidos.



Hoje, o que seria mesmo um autor nacional? Alguém pode responder? Só se for por uma questão de mídia, que não tem valor estético e lingüístico nenhum para medir o que é bom e o que é ruim. Fosse pela mídia, hoje ninguém ganharia de Paulo Coelho. E podemos chamar a literatura desse senhor de brasileira, de universal? Há muitos leitores dele (ou houve, já está caindo), mas nenhuma tese de doutorado, nenhum trabalho crítico de peso, nada que revele qualidades de bom escritor.



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*Francisco Miguel de Moura – Escritor, membro da Academia Piauiense de Letras, mora em Teresina, Piauí, Brasil
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