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Ensaios-->A origem da expressão "Lenda Negra" -- 14/06/2007 - 12:20 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Conheça, no texto abaixo, a origem da expressão 'Lenda Negra' (F.Maier).


A “Lenda Negra”

http://www.jornalinfinito.com.br/series.asp?cod=76

Quantos foram mortos ou torturados?

No perverso marketing da Inquisição este número foi aumentado para aterrorizar os dissidentes criando-se com este procedimento o que se chamou de “A Lenda Negra” da Inquisição: uma história um tanto exagerada. Estima-se que, pelo menos, no século 17, 5 ou 6% das centenas de mortes e torturas que foram divulgadas e cujo número chegou até nós, foi exagerado.” Houve um certo exagero neste montante”, dizem os historiadores modernos. ...

AS SEMENTES DA INQUISIÇÃO

A ameaça da Inquisição não foi extirpada da mente dos seres humanos. Todas as vezes as quais se levanta o PODER, seja ele de crenças, político, racial, forma de pensar ou de conduta , etc., que tenta impor-se como autoridade no “motus vivendi” de um povo, organizando-se e ditando normas, tentando banir ou desmascarar os seus opositores, reinventamos a “Sagrada” Inquisição! O Taleban, agora, não jurou a sua “guerra santa” para impor ao Ocidente as suas crenças?

O hábito maléfico da intransigência indica o renascimento do MONSTRO da Inquisição. Há que se tomar cuidado, temos modelos expostos nas guerras religiosas da Irlanda, nas atividades anti - americanas em certa época da história moderna dos Estados Unidos (anos 50) e na advertência contida no livro de George Orwell – 1984.


**********


Lenda negra contra Pio XII, segundo cardeal Bertone (I)

Intervenção do secretário de Estado

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 6 de junho de 2007 (ZENIT.org) .- Publicamos as palavras que o cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado, pronunciou ao apresentar na tarde desta terça-feira o livro do jornalista italiano Andrea Tornielli, «Pio XII, Eugenio Pacelli -- Um homem no trono de Pedro» («Pio XII, Eugenio Pacelli. Um uomo sul trono di Pietro»). Apresentamos a primeira parte da intervenção.


www.zenit.org


1. Uma «lenda negra»

A figura de Eugenio Pacelli, Papa Pio XII, se encontra já há décadas no centro de agudas polêmicas. O pontífice romano que guiou a Igreja nos terríveis anos da segunda guerra mundial e depois na guerra fria é vítima de um lenda negra que acabou por afirmar-se até o ponto de que é difícil inclusive de esboçar, ainda que os documentos e testemunhos tenham provado sua total inconsistência.

Um dos desagradáveis efeitos «secundários», por chamá-los de algum modo, dessa lenda negra, que apresenta falsamente o Papa Pacelli como indulgente com o nazismo e insensível ante a sorte das vítimas da perseguição, consiste em ter feito esquecer totalmente o extraordinário magistério desse Papa, que foi o precursor do Concílio Vaticano II. Como aconteceu com as figuras de outros dois Papas com o mesmo nome -- o beato Pio IX, do qual só se fala em relação a temas ligados à políticas do Ressurgimento italiano; e São Pio X, recordado com freqüência unicamente por sua valente batalha contra o modernismo --, também se corre o risco de reduzir todo o pontificado de Pacelli à questão dos supostos «silêncios».


2. A atividade pastoral de Pio XII

Estou aqui, portanto, nesta tarde, para oferecer um breve testemunho de um homem de Igreja que, por sua santidade pessoal, resplandece como um luminoso testemunho do sacerdócio católico e do supremo pontificado. Certamente, já havia lido muitos ensaios interessantes sobre a figura e a obra do Papa Pio XII, das sumamente conhecidas «Actes et Documents du Saint Siège», às biografias de Nazareno Padellaro, da Irmã Margherita Marchione, do Pe. Pierre Blet, entre as primeiras que me vêm à mente. Isso sem falar dos «Discursos de guerra» do Papa Pacelli, se o desejam, estão disponíveis em formato eletrônico, e que me resultam totalmente interessantes também hoje por doutrina, por inspiração pastoral, por finura de linguagem literária, por força humana e civil.

Em definitivo, já sabia bastante sobre o «Pastor Angelicus et Defensor Civitatis». Contudo, deve-se dar graças ao senhor Andrea Tornielli, pois nesta volumosa e documentada biografia, recorrendo a muitos escritos inéditos, ele nos restitui a grandeza da figura de Pio XII, nos permite aprofundar em sua humanidade, nos faz redescobrir seu magistério. Ele nos recorda, por exemplo, sua encíclica sobre a liturgia, sobre a reforma dos ritos da Semana Santa, o grande trabalho preparatório que desembocaria na reforma litúrgica conciliar.

Pio XII abre o caminho à aplicação do método histórico-crítico à Sagrada Escritura, e na encíclica «Divino afflante Spiritu» estabelece as normas doutrinais para o estudo da Sagrada Escritura, sublinhando sua importância e papel para a vida cristã. Na Encíclica «Humani generis» leva em consideração, ainda que com cautela, a teoria da evolução. Pio XII imprime também um notável impulso à atividade missionária com as encíclicas «Evangelii Praecones» (1951) e «Fidei donum» (1957), da qual se celebra o qüinquagésimo ano, sublinhando o dever da Igreja de anunciar o Evangelho aos povos, como fará depois o Concílio Vaticano II. O Papa se nega a fazer coincidir o cristianismo com a cultura ocidental, assim como com um determinado sistema político.

Pio XII continua sendo, ainda hoje, o Papa que deu mais espaço às mulheres em suas canonizações e beatificações: 54,4% nas canonizações, e 62,5%%. De fato, em várias ocasiões, esse pontífice havia falado dos direitos femininos, afirmando, por exemplo, na rádio-mensagem ao Congresso CIF de Loreto de outubro de 1957, que a mulher está chamada a desempenhar «uma ação decisiva» também no campo político e jurídico.


3. Acusações injustificadas

Estes não são mais do que exemplos que mostram o que resta ainda por descobrir, e mais ainda, por redescobrir, do magistério do servo de Deus Eugenio Pacelli. Impressionaram-me, também, muitos detalhes do livro de Tornielli dos que emerge tanto a lucidez e sabedoria do futuro pontífice, nos anos que foi núncio apostólico em Munique e em Berlim, como muitos traços de sua humanidade. Graças à correspondência inédita com o irmão Francesco, podemos conhecer alguns juízos firmes sobre o nascente movimento nacionalista, assim como o grave drama interior vivido pelo pontífice durante o tempo da guerra por ocasião da atitude que era preciso adotar ante a perseguição nazista.

Pio XII falou disso em várias ocasiões em sua rádio-mensagem e, portanto, está totalmente fora de cogitação acusá-lo de «silêncios», assumindo contudo um tom prudente. Falando dos silêncios, quero citar um artigo bem documentado do professor Gian Maria Vian publicado no ano 2004, na revista «Archivum historiae pontificiae», que tem como título «O silêncio de Pio XII: às origens da lenda negra» («Il Silenzio di Pio XII: alle origini della leggenda nera»). Entre outras coisas, diz que o primeiro que questionou os «silêncios de Pio XII» foi Emmanuel Mounier, em 1939, poucas semanas depois de sua eleição como sumo pontífice e por ocasião da agressão italiana na Albânia. Sobre estas questões se desencadeará a seguir uma dura polêmica, inclusive de origem soviética e comunista que, como veremos, seria retomada por expoentes da Igreja Ortodoxa russa. Rolf Hocchuth, autor de «O Vigário», a obra teatral que contribuiu a desatar a lenda «negra» contra Pio XII, em dias passados definiu o Papa Pacelli em uma entrevista como «covarde demoníaco», enquanto há historiadores que promovem o pensamento único contra Pio XII e chegam a insultar de «extremista pacelliano» quem não pensa como eles e se atreve a manifestar um ponto de vista diferente sobre estas questões. Portanto, não é possível deixar de denunciar este estrago do senso comum e da razão perpetrado com freqüência desde as páginas dos jornais.

[Tradução realizada por Zenit]


*


Lenda negra contra Pio XII, segundo cardeal Bertone (II)

Intervenção do secretário de Estado

CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 7 de junho de 2007 (ZENIT.org) .- Publicamos a segunda parte da intervenção do cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado, ao apresentar na tarde desta terça-feira o livro do jornalista italiano Andréa Tornielli «Pio XII, Eugenio Pacelli – Um homem no trono de Pedro» («Pio XII, Eugenio Pacelli. Un uomo sul trono di Pietro»). A primeira parte foi publicada no serviço de Zenit de 6 de junho de 2007.


4. Uma data histórica muito precisa

Parece-me útil sublinhar como o livro de Tornielli volta a trazer à luz volumes já conhecidos pelos historiadores sérios. É um dos méritos que considero fundamentais da obra da qual hoje estamos falando, levando em conta os tristíssimos tempos nos quais viveu o Papa Pacelli, cuja voz na confusão do segundo conflito mundial e da sucessiva contraposição de blocos não gozava de favor entre os poderes «de fato».

Quantas vezes «faltava eletricidade» à «Rádio Vaticano» para que fizesse escutar a palavra do pontífice; quantas vezes «faltava papel» para reproduzir seus pensamentos e ensinamentos incômodos; quantas vezes algum acidente provocava a «perda» dos exemplares de «L’Osservatore Romano» que referiam intervenções, esclarecimentos, atualizações, notas políticas... Hoje, contudo, graças aos modernos meios, essas fontes são amplamente reproduzidas e disponíveis.

Torielli as buscou e as encontrou; testemunha isso o grande volume de notas que acompanha a publicação. Quero, nesse sentido, chamar a atenção sobre uma data importante. A figura e a obra de Pio XII, elogiada e reconhecida antes, durante e imediatamente depois da segunda guerra mundial, começa a ser analisada desde outro ponto de vista em um período histórico muito preciso, que vai de agosto de 1946 a outubro de 1948.

Era compreensível o desejo do martirizado povo de Israel de ter uma terra própria, um porto seguro próprio, depois das «perseguições de um anti-semitismo fanático, desencadeadas contra o povo judeu» (alocução de 3 de agosto de 1946), mas eram também compreensíveis os direitos daqueles que já viviam na Palestina e que por sua vez mereciam respeito, atenção, justiça e proteção. Os jornais da época referem amplamente o nível de tensão que nessa região se estava manifestando, mas, dado que não quiseram valorizar os raciocínios e propostas de Pio XII, começaram a tomar posição, uns de uma parte e outros de outra, ideologizando assim uma reflexão que se desenvolvia de maneira articulada e que prestava atenção aos critérios de justiça, eqüidade, respeito e legalidade.

Pio XII não foi só o Papa da segunda guerra mundial, mas um pastor que, de 2 de março de 1939 a 9 de outubro de 1958, teve de enfrentar um mundo de paixões violentas e irracionais. Desde então, começou a tomar corpo uma incompreensível acusação contra o Papa por não ter intervindo como devia a favor dos judeus perseguidos.

Neste sentido, parece-me importante reconhecer que de qualquer forma, quem não tem fins ideológicos e ama a verdade está bem disposto a compreender mais a fundo, com plena sinceridade, um papado longo, fecundo, e desde meu ponto de vista, heróico. É um exemplo a recente mudança de atitude, no grande santuário da memória, o Yad Vashem em Jerusalém, para reconsiderar a figura e a obra do Papa Pacelli não desde um ponto de vista polêmico, mas desde uma perspectiva objetivamente histórica. É de desejar profundamente que esta boa vontade manifestada publicamente possa ter um seguimento adequado.


5. O dever da caridade para com todos

Em 2 de junho de 1943, por ocasião da festa de Santo Eugênio, Pio XII expõe publicamente as razões de sua atitude. Antes de tudo, o Papa Pacelli fala novamente dos judeus: «Não esquecem os que regem os povos que quem tem a espada -- usando a linguagem da Sagrada Escritura -- não pode dispor da vida e da morte dos homens dos quais, segundo a lei de Deus, procede toda potestade».

«Nem espereis, segue dizendo Pio XII, que exponhamos aqui tudo o que tentamos fazer para mitigar seus sofrimentos, melhorar suas condições morais e jurídicas, tutelar seus imprescindíveis direitos religiosos, aliviar suas tristezas e necessidades. Toda palavra que dirigimos com este objetivo às autoridades competentes e toda menção pública deveriam ser ponderadas e medidas pelo interesse dos mesmos que sofriam, para não tornar, sem querer, mais grave e insuportável sua situação. Infelizmente, as melhorias visivelmente alcançadas não correspondem à solicitude materna da Igreja a favor destes grupos particulares, submetidos às mais acerbas desventuras... E o Vigário, apesar de pedir só compaixão e respeitar as mais elementares normas do direito e da humanidade, encontrou-se, em ocasiões, ante portas que nenhuma chave era capaz de abrir.»

Encontramos aqui exposta, já a meados do ano 1943, a razão da prudência com a qual Pacelli se move no âmbito das denúncias públicas: «Pelo interesse dos mesmos que sofrem, para não tornar mais grave sua situação». Palavras cujo eco parece ser ouvido no breve discurso pronunciado por Paulo VI em 12 de setembro de 1964, nas Catacumbas de Santa Domitila. Nessa ocasião, o Papa Montini disse: «A Santa Sé se abstém de levantar com mais freqüência e veemência a voz legítima do protesto e da condenação, não porque ignore a realidade ou a desatenda, mas por um pensamento reflexo de cristã paciência e para não provocar males piores.

Paulo VI, a meados dos anos sessenta, referia-se aos países que estavam do outro lado da cortina de ferro, governados pelo comunismo totalitário. Ele, que havia sido um próximo colaborador do cardeal Pacelli e depois do Papa Pio XII, aduz, portanto, aos mesmos motivos.

Os papas não falam pensando em pré-confeccionar uma imagem favorável para a posteridade; sabem que de cada uma de suas palavras pode depender a sorte de milhões de cristãos, levam no coração a sorte dos homens e mulheres de carne e osso, e não o aplauso dos historiadores.

De fato, Robert Kempner, magistrado judeu e fiscal no processo de Nuremberg, escreveu em janeiro de 1964, depois da apresentação de «O Vigário» de Hocchuth: «Qualquer tomada de posição propagandista da Igreja contra o governo de Hitler não só teria sido um suicídio premeditado... mas também teria acelerado o assassinato de um número muito maior de judeus e sacerdotes».

[Tradução realizada por Zenit]


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Lenda negra contra Pio XII, segundo cardeal Bertone (III)

Intervenção do secretário de Estado

CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 8 de junho de 2007 (ZENIT.org) .- Publicamos a terceira parte da intervenção do cardeal Tarcísio Bertone, secretário de Estado, ao apresentar em 5 de junho o livro do jornalista italiano Andrea Tornielli, «Pio XII, Eugenio Pacelli -- um homem no trono de Pedro» («Pio XII, Eugenio Pacelli. Un uomo sul trono di Pietro»). A primeira parte foi publicada no serviço de Zenit de 6 de junho de 2007 e a segunda no dia 7 de junho.


6. «Não lamentação, mas ação é o preceito do agora»

Dito isso, depois de ter visto os onze volumes (em doze tomos) das «Actes et Documents du Saint Siège» sobre a segunda guerra mundial; depois de ter lido dezenas de dossiês com centenas de documentos sobre os pensamentos e os atos da Santa Sé durante o segundo conflito mundial; experimentadas as violentas polêmicas partidistas (inumeráveis volumes, cheios de ideologia violenta e falsa), parece-me que a obra das «Actes», impressa por ordem de Paulo VI (substituto da Secretaria de Estado nos anos terríveis de 1939 a 1945), poderia ser utilmente completada pelos documentos do arquivo dos «Estados eclesiásticos», que compreendem documentos sobre a obrigação da Santa Sé e da Igreja Católica de assumir o dever da caridade para com todos.

É um setor de arquivo que não se explorou suficientemente, dado que se trata de milhares de casos pessoais. A cada um deles, o menor Estado do mundo, neutro em sentido absoluto, escutou individualmente, atendendo a cada voz que pedia ajuda ou audiência. Trata-se de uma documentação imensa, infelizmente ainda não disponível, porque não está ordenada. Oxalá fosse possível, com a ajuda de alguma fundação benemérita «ad hoc», catalogar em breve estes documentos custodiados nos arquivos da Santa Sé! Era clara a diretiva dada através da rádio, da imprensa, da diplomacia, pelo Papa Pio XII em 1942. Disse a todos naquele trágico ano de 1942: «Não lamentação, mas ação é o preceito do agora». A sabedoria dessa afirmação fica testemunhada por uma enorme quantidade de documentos: notas diplomáticas, consistórios urgentes, assinalações específicas (por exemplo, o cardeal Bertram, cardeal Innitzer, cardeal, Schuster, etc.) nas quais pedia fazer o possível para salvar as pessoas, mantendo a neutralidade da Sé Apostólica.

Esta situação de neutralidade permitia ao Papa salvar não só europeus, mas também prisioneiros que não pertenciam ao Eixo. Pensemos na tristíssima situação da Polônia ou nas intervenções humanitárias no Sudeste asiático. Pio XII nunca escreveu circulares. Disse com a voz o que precisava ser feito. E bispos, sacerdotes, religiosos e leigos compreenderam muito bem a mente do Papa e o que havia de ser feito urgentemente. Como testemunho, há inumeráveis documentos de audiência do cardeal Maglione e Tardini, com os relativos comentários. Também estavam os protestos ou os «nãos» ante os pedidos humanitário da Santa Sé.


7. Denunciar ou atuar?

Permitam-me contar-lhes um pequeno episódio, ocorrido precisamente no Vaticano em outubro de 1943. Naquela época, além da Gendarmeria (aproximadamente 150 pessoas) e da Guarda Suíça (cerca de 110 pessoas), havia uma Guarda Palatina. Nessa data, para proteger o Vaticano (não mais de 300 pessoas) e os edifícios extra-territoriais [edifícios do Vaticano em território italiano, ndr.] havia 575 membros da Guarda Palatina. Pois bem, a Secretaria de Estado pediu à potência que ocupava a Itália a possibilidade de contratar outras 4.425 pessoas para que pudessem passar a fazer parte da Guarda palatina. O gueto judeu estava a dois passos.

Os redatores dos «Actes et Documents» não podiam imprimir todos os milhares de casos pessoais. O Papa, nessa época, tinha outras prioridades: não podia dar a conhecer seus desejos, mas queria atuar, dentro dos limites que lhe impunham as circunstâncias, segundo um programa claro. Às pessoas honestas, contudo, surgem perguntas legítimas: quando Pio XII encontrou Mussolini? Como cardeal secretário de Estado, em 1932, mas como Papa, nunca! Se isso nunca aconteceu, poderia significar que se os dois Estados não queriam falar com o Papa, o pontífice, o que devia fazer? Fazer declarações de denúncia ou atuar?

Pio XII preferiu a segunda opção, testemunhada por muitos israelenses de toda a Europa. Talvez seria necessário entregar cópias destas abundantes adesões judaicas de agradecimento e de estima pelo ministério humano e espiritual desse grande Papa.

O livro que hoje podemos ler acrescenta novos elementos não só à figura de um grande pontífice, mas também a toda a obra silenciosa, ainda que eficaz, da Igreja através da existência (a de Eugenio Pacelli) de um pastor que passou através das tormentas dos dois conflitos mundiais (foi núncio na Baviera desde 1917) e a trágica edificação da cortina de ferro dentro da qual morreram milhões de filhos de Deus. Herdeira da Igreja dos apóstolos, a Igreja de Pio XII continuou oferecendo não só uma palavra profética, mas sobretudo uma ação profética diária.


8. Nota conclusiva

Quero agradecer a Andrea Tornelli por esta obra, que ajuda a compreender melhor a luminosa ação apostólica e a figura do servo de Deus Pio XII. É um serviço útil à Igreja, um serviço útil à verdade. É justo discutir, aprofundar, debater, confrontar-se. Mas é preciso evitar o erro mais grave para um historiador, o anacronismo, julgando a realidade de então com os olhos e a mentalidade de hoje.

Assim como é profundamente injusto julgar a obra de Pio XII durante a guerra com o véu do preconceito, esquecendo não só o contexto histórico, mas também a enorme obra de caridade que o Papa promoveu, abrindo as portas dos seminários e dos institutos religiosos, acolhendo refugiados e perseguidos, ajudando todos.





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